Tudo tem uma justificativa nesse mundo, desde que, do pó da terra, surgiu um ser humano, e que depois, desse primeiro ser humano, surgiu outro ser humano. Óbvio que isso tem uma justificativa, mas minhas estruturas não estão em condições de estabelecer nenhum parecer a respeito. Afinal, isso é com os humanos e eles que se entendam entre si. No meu caso, um simples imóvel daqueles tempos em que não existiam grades nas minhas entradas. Já faz algum tempo, tempinho até razoável de grande, que rechearam as minhas entradas de grades. Nesse caso, compreendo a justificativa de meus atuais proprietários: segurança! Fortalecendo minha condição de ter surgida num tempo em que gatunos rareavam por aqui¹ ou em qualquer parte da Cidade, há muitos anos justifica-se o gradeamento ostensivo das casas, pois o que tem de gatuno zanzando por aí não se dá para contar com precisão. Coisas dos tempos modernos, pois a gatunagem é geometricamente proporcional ao crescimento urbano. Se meus proprietários se sentem mais seguros assim, que seja, pois meu problema de segurança é outro, completamente diferente. Como assim? Basta perceber atrás de mim os dois monstrengos para se compreender o que me preocupa. Sei lá quanto tempo eles, os meus proprietários, vão resistir ao progresso. Vai ser difícil, pois o futuro está naqueles monstrengos, que vão nos devorar impiedosamente. Fazendo uma comparação a respeito dos humanos, que do pó vieram e ao pó voltarão, eu também surgi do pó e ao pó voltarei, inexoravelmente. Encerrando essa ladainha, só tenho a certeza de que faço parte da História de Patos de Minas e que, na minha definitiva partida para o além das casas, deixarei saudade!
* 1: O imóvel localiza-se na Rua José Rangel, que fica entre a Avenida Paranaíba e Rua Prefeito Camundinho.
* Texto e foto (18/01/2025): Eitel Teixeira Dannemann.