POR UMA POLÍTICA DE PODER PARA PATOS DE MINAS E REGIÃO – 13

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TEXTO: OSWALDO AMORIM (1985)

Como tenho pregado, não se pode desenvolver uma política de poder, com vistas a conquistar a maior soma possível de benefícios do Governo, para o Munícipio e a Região, sem a ajuda de bons e genuínos representantes nossos à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados – capazes de colocar o interesse da comunidade acima de seus próprios interesses pessoais.

O desenvolvimento dessa política de poder exige certa dose de grandeza e desprendimento, pois implica em prestigiar pessoas que, eventualmente, poderão postular suas candidaturas a Deputado Estadual e Federal.

Quem exerce bem uma importante função pública capitaliza prestígio político. E quando isso acontece, é natural que sonhe com um cargo eletivo. Portanto, quando o Deputado ajuda a colocar pessoas de sua própria região em importantes funções públicas, arrisca-se, em princípio, a estar dando força a possíveis concorrentes, no futuro.

Eis um risco que é necessário correr, em proveito do Município e da Região, que seriam altamente beneficiados pela colocação de gente nossa em postos administrativos estaduais e (se possível) federais, capazes de multiplicar as obras e recursos, normalmente conseguidos pelos Deputados.

O objetivo, portanto, é potencializar a nossa força política, com vistas a carrear o máximo de benefícios possíveis, em termos de obras e recursos, para o maior desenvolvimento do Município e da Região e o bem-estar de seu povo.

Para dar uma idéia das possibilidades que essa fórmula nos abre, basta lembrar que um Secretário da Agricultura nosso (o Zé Ribeiro, por exemplo) poderia carrear mais ajuda para Patos e Região do que qualquer Deputado.

Para situar as dificuldades com vistas à realização dessa política de poder, prossigo o raciocínio. Se um Secretário de Estado pode fazer mais para sua região do que o Deputado local, é lógico que também poderá capitalizar maior prestígio político. Em consequência, não é qualquer Deputado que se disporia a, elevar alguém, dentro de sua base eleitoral, a tão alto posto, sabendo de antemão de tudo isso.

Em nome dos mais altos interesses de Patos e da Região, porém este é um risco que se tem de enfrentar.

A colocação leva ao ponto de partida: a necessidade de se contar com bons e legítimos representantes nossos aos Parlamentos Estadual e Federal, para a execução dessa política de poder. Mas como fazer uma escolha certa? Creio que o melhor caminho é a realização de uma eleição prévia para a escolha dos candidatos, conforme defendi no último artigo. Uma eleição, com todas as formalidades de estilo, para garantir o sigilo e a liberdade do voto, e na qual os partidos políticos comprometem-se a respeitar os resultados das urnas, apoiando os nomes mais votados, pertencentes a seus quadros. Pelo menos os principais.

Quanto aos outros, para evitar uma inconveniente dispersão de votos, o ideal seria que se unissem em torno de nomes dos partidos maiores ou de nomes, com chances de se eleger. Todos nossos evidentemente.

Levando conta que os ventos da preferência popular não sopram sempre na mesma direção – o festejado de hoje pode ser o esquecido de amanhã e vice-versa –, o melhor é que não houvesse candidaturas com direito adquirido. O candidato de cada partido seria sempre o que reunisse maior apoio popular, a ser aferido por uma eleição prévia – processo infalível para a escolha dos candidatos verdadeiramente ungidos pela preferência popular.

Se for muito difícil consultar todo o eleitorado, por razões de custo e trabalho, pode-se proceder a uma eleição resumida, com a inclusão – por sorteio – de determinado número de urnas da Cidade e dos Distritos. Esse processo também é válido, considerando-se que o pleito, será para a escolha dos candidatos e não para a sua eleição.

Sobretudo quando se leva em conta que uma amostragem dessa natureza, apurada com o rigor de uma eleição de verdade, sempre revelará um alto grau de aproximação com os resultados gerais. Afinal, não é necessário retirar todo o sangue de uma pessoa para se saber qual é o seu tipo.

* Fonte: Texto publicado na coluna Política com o título “Por Uma Política de Poder Para Patos e a Região (XII)” na edição n.º 125 de 15 de outubro de 1985 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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