POR UMA POLÍTICA DE PODER PARA PATOS DE MINAS E REGIÃO – 12

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TEXTO: OSWALDO AMORIM (1985)

Só bons e legítimos representantes nossos aos parlamentos estadual e federal podem assegurar o sucesso da política de poder que preconizo, cuja articulação e desenvolvimento depende basicamente deles.

Se esses representantes falharem em seu papel normal de canalizadores de benefícios diretos para o município e a região, fracassarão ainda mais na tarefa de colocar gente nossa em postos administrativos do Estado e da União, com vistas à multiplicação daqueles benefícios. Mesmo porque, como tenho alertado, quando surge a oportunidade para essas nomeações, preferem indicar pessoas de outras regiões, para não estimular lideranças emergentes, dentre as quais poderá sair um futuro concorrente, em seu próprio terreiro. Ao agir assim, eles afastam este risco e, ao mesmo tempo, angariam novos apoios eleitorais para os próprios nomes.

Eis porque, como disse no último artigo da série, a chave de tudo com vistas ao êxito da política de poder em causa, está na eleição de bons e genuínos representantes nossos à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados. Sem essa base, será impossível edificá-la.

Mas como assegurar uma escolha correta? Creio que a melhor maneira é a realização de uma eleição prévia. Notem, estou falando de uma eleição para valer, com presidentes de mesa, mesários, fiscais, urnas, cédula, cabines indevassáveis, etc.

Se todo o eleitorado não puder ser consultado, por problemas de custo e dificuldades para se recrutar todo esse exército de colaboradores, poder-se-ia fazer uma eleição mais resumida, na qual entrariam determinado número de urnas na cidade (incluindo o centro e a periferia) e dos distritos, todas escolhidas através de sorteio. Tudo obedecendo aos ritos de uma eleição de verdade, para garantir o sigilo do voto e a liberdade de escolha do eleitor.

Esta eleição prévia, entretanto, teria de ter a adesão dos partidos pelo menos os principais, a fim de que os resultados fossem respeitados por eles, no caso, cada partido se obrigaria a apoiar o candidato pertencente aos seus quadros, mais votado no pleito.

Como a preferência do eleitorado é mutável – e o mocinho de hoje pode virar o vilão de amanhã – não deveria existir candidaturas com direito adquirido. O ideal é que cada eleição represente uma nova história. Neste caso, uma eleição prévia seria um roteiro seguro para a escolha dos candidatos verdadeiramente ungidos pela preferência popular. Evidentemente, esta iniciativa não se conflita com a realização de pesquisa de opinião pública, inteiramente válidas, como a que a Debulha começa agora. A meu ver, elas até ajudam a motivar o eleitorado, com vistas à prévia. E se esta não se consumar, sempre servirão como indicativos de vontade popular.

* Fonte: Texto publicado na coluna Política com o título “Por Uma Política de Poder Para Patos e a Região (XI)” na edição n.º 124 de 30 de setembro de 1985 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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