POR UMA POLÍTICA DE PODER PARA PATOS DE MINAS E REGIÃO − 6

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TEXTO: OSWALDO AMORIM (1985)

O estabelecimento de uma Política de Poder para Patos e a Região exige mais do que a eleição de representantes nossos à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados: é imprescindível, também, a colocação de elementos nossos em postos de relevo na Administração Estadual e, eventualmente, também no Governo Federal.

Basta verificar que temos esses representantes e apesar disso, continuamos fracos politicamente.

Mas é fora de dúvida que o primeiro ponto, a base de tudo, é justamente a eleição de representantes genuinamente nossos à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados. A eles cabe o papel principal na tarefa de articular e executar aquele trabalho, cuja dimensão será tanto maior quanto maior for o apoio regional conseguido.

Olhando-se para trás, a impressão que se tem é que os altos postos na Administração Estadual estão vedados para nós, pois enquanto vários outros municípios de menor expressão sócio-econômica conseguem ocupá-los, através de filhos seus, nós estamos sempre longe. Falo do primeiro Escalão do Governo, dos postos de Secretário do Estado, que só ocupamos fugazmente no Governo de Transição de Alcides Lins, na metade da década de 40, através de nosso eminente conterrâneo João Eunápio Borges, luminar do Direito, que, durante algum tempo, foi Secretário do Interior e Justiça − conforme lembrou-me o atento conterrâneo José Anicésio Vieira (pai do Dr. Antônio Vieira Caixeta), obrigando-me a ratificar minha convicção de que nunca ocupamos este posto. Mas, notem, a ocupação deu-se por pouco tempo e num governo de transição, que antecedeu o Governo Milton Campos, o primeiro a ser eleito regularmente pelo voto direto, após o fim da ditadura, em 1945.

Dizia que a impressão que se tem, olhando-se para trás, é que os altos postos do Governo Estadual estão vedados para nós, de tal forma nos distanciamos deles. Mas claro que não é assim: em Patos e na região temos gente bastante qualificada para ocupá-los. O que nos falta é um trabalho bem coordenado para esse objetivo. O que nos falta, enfim, é o estabelecimento de uma política de poder, traduzida na efetiva ocupação de cargos governamentais capazes de render benefícios para Patos e a região.

Para quebrar nossa histórica fraqueza politica é necessário um grande esforço. Nesse sentido é alentador saber que possuímos um grande potencial a explorar. Nas últimas eleições, por exemplo, ficou provado que podemos eleger deputados simultaneamente para a área estadual e federal, quebrando o pessimismo de tantos e um complexo que tanto nos apequenava. Se acaso os nomes não correspondem à expectativa, isso, em absoluto não invalida esta conquista. O importante é saber que podemos e devemos eleger representantes nossos: os nomes podem ser trocados ou confirmados a cada eleição, em função do desempenho de cada um.

A tarefa em prol de nossa valorização politica, entretanto, não termina aí: cumpre levá-la adiante, através da execução da politica de poder pela qual me bato, consubstanciada na ocupação de cargos expressivos no Governo Estadual, e − como tenho ressaltado − se possível também no Governo Federal. Principalmente o primeiro, o mais sensível à nossa influência.

Para esse fim, temos que arejar e elevar o nível de nossa politica, que infelizmente está caindo, ao invés de subir. Assim, em vez da mesquinha perseguição politica aos adversários, observada de algum tempo para cá, devemos por em prática uma generosa politica a serviço do progresso de Patos e da região e do bem-estar da comunidade.

Dentro desse objetivo geral, que tantos e tão grandes benefícios podem render a todos, insere-se a Politica de Poder para Patos e a região.

PS − Meus melhores agradecimentos ao Dr. Sandoval José da Silveira, pelo magnífico apoio a esta campanha, dentro de sua conceituada coluna sobre medicina, de cujo texto permito-me transcrever um trecho: “é uma idéia e um movimento que nos parecem excelentes. Sobretudo em termos de quantidade, Patos de Minas não conta com representação condizente, seja nas secretarias estaduais, nos ministérios, nas autarquias e nas empresas públicas, como merece. Talvez assim seja porque não pede, não pressiona. A tônica é a omissão de todos os interessados. Daí porque nos parece merecer séria reflexão e repercussão a proposta desse experiente jornalista patense. É realmente imprescindível que se mobilizem e se congreguem na defesa dessa causa, o prefeito, os vereadores, os diretórios municipais de todos os partidos, a Associação Comercial, Conselho da Comunidade e demais lideranças, a exemplo da operação 3M, operação DDD, plano diretor, a campanha por deputados nossos, que resultaram vitoriosos”.

Que se manifestem também outros colegas, associações e entidades de classe, políticos e líderes de qualquer área.

* Fonte: Texto publicado com o título “Por uma Política de Poder para Patos e a Região (V)” na coluna Política do n.º 117 de 15 de junho de 1985 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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