O tempo é inexorável para os humanos, para os animais, para os vegetais, para os microrganismos, para os insetos, para os vermes, enfim, para todo e qualquer tipo de vida. Até aquilo que não tem vida, como por exemplo as rochas, cedem às intempéries da natureza e se reduzem a pó. E também, o tempo é inexorável para nós, imóveis. Tudo que nasce, cresce e envelhece organicamente ou não, inexoravelmente no seu tempo vai morrer. Fórmula infalível, imutável. Ora, até o nosso Sol um dia vai morrer, não é? Deixando todas as formas de vidas orgânicas e não orgânicas de lado, falo apenas de mim, apreciando essas palmeiras das quais não tenho a mínima ideia de suas idades. É até estranho que, numa casa simples como eu, meus ocupantes tiveram a preocupação de plantá-las. Na realidade, foram quatro, essas duas grandonas, uma ao lado que sei lá o que aconteceu ela minguou e uma mais nova no meu quintal. E eu aqui¹, na minha humildade, vendo toda essa região que um dia já foi barra pesada. Dá para notar que ainda existem muitas árvores ao meu redor. Infelizmente, árvore não é apreciada pelo progresso, esse progresso que desmata vorazmente para a construção de edifícios. Antigamente, por causa das árvores, o clima era agradável. Com o desaparecimento das árvores para o surgimento dos edifícios, foi-se o clima agradável. Eu ainda me encontro numa situação de frescor. Mas até quando? Como eu já disse que o tempo é inexorável pra tudo nesse mundo, tenho certeza absoluta que vai chegar a minha vez de ser despedida desse meu cantinho. Sim, vou ser transformada num monte de escombros para o progresso assumir o seu lugar. Nessa altura do campeonato, já estou firme e forte fazendo parte da História de Patos de Minas. E deixarei saudade!
* 1: O imóvel localiza-se na Rua Barão do Rio Branco, entre suas colegas José de Santana e Olegário Maciel.
* Texto e foto (21/04/2024): Eitel Teixeira Dannemann.