DEIXAREI SAUDADE – 274

Postado por e arquivado em 2024, DÉCADA DE 2020, FOTOS.

Estou desconfiada de um sujeito que, vira e mexe, zanza por essa minha rua¹, ora no meu passeio, ora do outro lado. De princípio, não dei muita atenção. Mas hoje, o tal sujeito parou em frente a mim, ficou me olhando e, de repente, sacou de uma câmera fotográfica e me clicou. Ora bolas, será por que ele me fotografou? Ele tá pensando em que com a foto da minha existência? Uns dois caras que estavam aí ao lado no buteco prestaram atenção no ato do sujeito e ficou por isso mesmo, eles continuaram o papo e nem notaram quando o clicador se foi rua abaixo. Fiquei imaginando com minhas paredes o que ele viu de importante em mim para me fotografar. Eu sou apenas uma casa simples, antiga, mas honrada, que sempre tive prazer em aconchegar as almas que me construíram e depois os seus descendentes e depois outros mais. Será que, realmente, tenho alguma importância para ser fotografada? Êpa, lá vem o tal sujeito fotografante caminhando em minha direção. Pois eis que ele parou na minha frente, e, como se tivesse captado meus pensamentos, olhou-me seriamente e disse: – Você, casa, independentemente de ser simples ou não, independentemente de seus construtores serem ou não notórios na Cidade, você faz parte da História de Patos de Minas. Dito isso o sujeito se mandou com um sorriso acalentador, tão acalentador que todas as minhas estruturas chegaram à conclusão de que, no dia em que eu não mais existir, deixarei saudade!

* 1: O imóvel localiza-se na Rua Duque de Caxias entre suas colegas Ouro Preto e Patrocínio, no Bairro Várzea.

* Texto e foto (10/02/2024): Eitel Teixeira Dannemann.

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