Todo ano ele faz tudo sempre igual, prolifera na casa que tem quintal. A cada ano ele vem reforçado, em qualquer lote não murado. Todo ano ele se enche de louvores, sob os auspícios dos gestores. Sim, estou falando do Aedes Aegypti, pois, como todo ano, o bicho vai pegar. Como no momento estou desocupada, é quase certo que tem algum utensílio com água no meu quintal. E os lotes não murados? Isso está sob os auspícios do poder público¹. Gostou da minha cor? Pouco me importa se gostou ou não, pois eu própria não estou nem aí. Estou aí sim com essa zoeira de motos e carros com som. Pelamordedeus, os vidros das minhas janelas chegam a tremer, quase quebrar. Vale a pena viver em meio a tanto barulho? Se vale pra você, pra mim não. É por isso que nem me importo com o que está acontecendo por aqui²: as casas sendo substituídas por edifícios. Reparou aí ao lado e atrás de mim? Os moradores do de trás estão fulos da vida há muito tempo com tanto barulho, e os que vão morar no outro, tadinho deles. Foi-se o tempo do sossego e da tranquilidade, quando as pessoas ficavam até altas horas da noite papeando nos passeios. Hoje, além da bandidagem, as pessoas ficam enfurnadas nos lares e com janelas fechadas para amenizar a zoeira. Então, não há prazer algum em viver no meio de tanto barulho e falta de segurança. Confesso, sinceramente, que desejo, e desejo mesmo, ser derrubada e só assim ficarei livre dessas insanidades. E fazendo parte da História de Patos de Minas. E, evidente, deixarei saudade!
* 1: Leia “Dengue, Chikungunya e Zika: O Outro Lado da Moeda”.
* 2: O imóvel localiza-se na Avenida Paranaíba entre as Ruas Barão do Rio Branco e Dona Luiza.
* Texto e foto (02/12/2023): Eitel Teixeira Dannemann.