VIRGÍLIO FERREIRA BORGES: 29.º PRESIDENTE DA RECREATIVA

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Dinâmico, jovem, inteligente, raciocínio rápido e de um vasto conhecimento, Dr. Virgílio Ferreira Borges, advogado, é uma pessoa que tem ideias estruturadas e com fundamentação na sua vivência com a política, com as leis e com o mercado de negócios. Sua fala é enriquecedora e direta sobre o cerne das questões. Visionário, foi Presidente de 2009 a 2012, período que foi realizada a reforma do prédio e a modernização das instalações do clube.

Adepto do envolvimento maior de gente jovem no quadro de associados e dirigentes da SRP, esforçou-se para ampliar a base de sustentação para o futuro, juntamente com empresariado empreendedor com o intuito de fomentar a gama de possibilidades e o crescimento do Clube. No seu entender, o que se faz hoje é brilhante e, para ter continuidade é necessária a inclusão de outras pessoas que venham a agregar mais valor ainda, ao ponto que a Recreativa já alcançou.

Nascido em Patos de Minas, em 04/11/1978, filho de José Antônio de Queiroz Borges e Aurora Gomes Ferreira Borges, descende da primeira família dos Borges que chegou à cidade, bisneto do patriarca Virgílio Caixeta de Queiroz e da mesma linhagem de Olímpio Borges, que deu nome ao antigo Fórum.

Dr. Virgílio conhece as histórias da Recreativa desde criança, escutando os avós e os pais. Nessa convivência aprendeu como foi o trabalho do clube, como foi o seu desenvolvimento, a importância da Recreativa na sociedade patense, palco de várias decisões e debates políticos e sociais ali realizados e de grande significado histórico. Para ele a SRP era o local de encontro para articulação política e de entretenimento social, principalmente pelo aspecto familiar de seu quadro de associados.

Sua aproximação com a direção do clube se deu por incentivo de suas tias, que lhe concederam uma cota num período em que a Recreativa estava com as atividades muito reduzidas. Na época o presidente era o Wolmar Caixeta de Castro de quem foi se aproximando como amigo e se inteirando da administração do clube. Existia a necessidade de reformulação do estatuto e como advogado, Dr. Virgílio foi acionado pelo presidente, para a revisão e adequação ao novo Código Civil e para atender aos anseios de mudanças buscadas pelos diretores e associados. Nesse sentido, prestou serviço específico para cumprir esta tarefa. Três ou quatro estatutos haviam sido feitos anteriormente e Dr. Virgílio elaborou o mais recente que está em vigor até a presente data.

Ainda em 2008 uma assembleia ocorreu, em que os destinos da Recreativa estavam para ser definidos, inclusive tratando sobre sua dissolução, dentro dos artigos do novo estatuto. O clube tinha problemas estruturais, estava muito parado e que havia até uma preocupação entre alguns associados, que o modelo era obsoleto e incompatível com a época. Havia impedimento do corpo de bombeiros para abertura para eventos, devido às condições precárias em que a construção se encontrava. Existia um sentimento geral de que a Recreativa tinha perdido o sentido de ser e que deveria ser liquidada.

Ao prestar os serviços para os herdeiros do Dr. José Olympio Borges, que foi o maior investidor individual na construção da Recreativa, Dr. Virgílio propôs receber seus honorários em cotas, numa época em que os valores tinham pouca relevância ou ainda não eram claramente definidos. O valor era sentimental e de significado familiar. Já nessa reunião, de posse do maior número de cotas, Dr. Virgílio dá seu voto de minerva sobre uma decisão crucial para os destinos da Recreativa. Havia um empate entre os presentes sobre a continuidade ou não do clube. Parte dos associados considerava que o clube tinha já um patrimônio considerável e deveria ser vendido. No entanto, ao apurar os resultados, a parte de cada um seria muito pequena, pulverizando assim o possível patrimônio, de acordo com os quinhões de cada associado. O ponto de maior discordância era a forma de votação, individual ou por número de cotas. Nesse sentido, mesmo sendo contra seu interesse, Dr. Virgílio votou decidindo o impasse e acabou prevalecendo no estatuto o voto individual.

Dr. Virgílio considera a gestão de Wolmar muito importante, no sentido de que conseguiu preservar o patrimônio, mesmo as pessoas estando distantes do clube, inclusive por ter disciplinado algumas situações, num período em que o modelo de sociedade da Recreativa não se encaixava mais para aquela época. A mudança do estatuto foi crucial para solucionar a questão de continuidade e não liquidação da SRP. Na gestão de Wolmar, por dez anos, encontrou soluções interessantes para o clube, como o caso do Banco Itaú.

Na eleição realizada em 16/11/2008, a chapa Renovação foi a vencedora, assim constituída: Presidente: Virgílio Ferreira Borges; Vice-Presidente: José Paschoal Borges de Andrade; 1.º Tesoureiro: Nélson José Alves de Queiroz; 2.º Tesoureiro: Olímpio de Melo Rocha; 1.º Secretário: Caio César Borges Franco; 2.º Secretário: José Eduardo Borges Malheiro; Conselho Consultivo: Olympio Borges de Queiroz (1.º Conselheiro), Wilson Caixeta de Castro (2.º Conselheiro), Ana Amélia de Queiroz Corrêa (3.º Conselheiro), Helena Pereira de Melo (4.º Conselheiro), Jacy Caetano de Vasconcelos (5.º Conselheiro); Conselho Fiscal: Luciana Esteves da Fonseca (1.º Conselheiro), Giovani de Deus Borges (2.º Conselheiro), Eurípedes Gonçalves Martins (3.º Conselheiro), Antônio Bruno (4.º Conselheiro), Carlos Henrique Brandão Borges (5.º Conselheiro), Antônio de Oliveira Dias (6.º Conselheiro).

A reeleição se deu em 17/04/2011, para o período de 2011/2013, pela chapa integração, com a mesma Diretoria Executiva, sendo os seguintes Conselheiros Consultivos: Helena Pereira de Melo (1.º), Olympio Borges de Queiroz (2.º), Wilson Caixeta de Castro (3.º), Ana Amélia de Queiroz Corrêa (4.º), Jacy Caetano de Vasconcelos (5.º), José Antônio de Queiroz Borges (6.º). E o seguinte Conselho Fiscal: Luciana Esteves da Fonseca (1.º), Cássia de Deus Borges (2.º), Antônio de Oliveira Dias (3.º), Frederico Fonseca Moreira (4.º), Eurípedes Gonçalves Martins (5.º), Carlos Henrique Brandão Borges (6.º).

Com relação às condições precárias do prédio, o telhado necessitava de uma reforma imediata, pois onde a madeira que tinha contato com a alvenaria estava degenerada e corria-se o risco de vir abaixo o telhado inteiro. Ao iniciar o trabalho é que se pôde constatar o estado avançado de degradação da madeira nas tesouras, o que estava agravando o problema de forma a não mais ser adiado. Inicialmente um engenheiro foi chamado para fazer a avaliação. Ele identificou muitos pontos de problemas na estrutura, não em razão da construção do passado, mas sim pela ação do tempo sobre a edificação. O trabalho foi então iniciado em função do telhado. O piso também já não tinha mais condições de uso, pois era taco de madeira e precisava ser substituído. A parte elétrica e hidráulica da mesma forma estavam numa situação limite, canos de ferro, enferrujados.

A reforma foi total, aproveitando somente a estrutura básica. A mudança da entrada para a Rua General Osório se deu em função do limite da entrada pela Rua Major Gote, que era acanhada e não havia possibilidade de ser aumentada e também para atender as condições impostas pelo Corpo de Bombeiros. Até então a Sociedade Recreativa Patense não possuía a autorização do Corpo de Bombeiros para funcionamento. Não era apenas uma exigência legal. Era uma situação de risco iminente. Nesse sentido, a preocupação principal foi com a segurança, além da estética. Um dos pensamentos centrais era a preservação da identidade do clube, que era referência histórica da sociedade de Patos de Minas e para resgatar a presença dos associados a seu clube. A ideia era reverter o conceito que havia na cidade de que a Recreativa era um clube morto, decadente e mal frequentado.

Dr. Virgílio tem plena consciência da importância da estrutura física para promover o orgulho dos associados com a Recreativa, para que pudessem voltar a frequentar seu salão e recuperasse sua identidade histórica. Ele afirma que o objetivo principal da reforma foi o de resgatar as pessoas de volta a seu clube de referência, ligado às famílias e à história da cidade. Ao comparar a situação atual da Recreativa hoje com os demais clubes, Dr. Virgílio acredita que o sucesso alcançado hoje se deve às pessoas, principalmente aos fundadores que foram visionários no sentido de dar valor às famílias, emprestando ao clube um formato de elo de convivência e para o desenvolvimento, num trabalho do sentido de vanguarda social. Com o passar do tempo, essas percepções dos fundadores foram sendo transmitidas para várias pessoas, no caso, seus descendentes. Esse perfil se manteve ao longo das décadas até mesmo em honra desses fundadores.

Segundo sua ótica, a Recreativa precisa manter sua prática de estar na vanguarda dos acontecimentos, sempre à frente de seu tempo, como foi durante toda sua história, desde a fundação. O exemplo vindo de pessoas de grande capacidade financeira, intelectual, social, cultural é que deve inspirar a nova geração. Mas como vistas à inovação. Ele participou e participa de várias atividades profissionais, sociais, políticas e acredita que a discrição é a melhor forma de agir, defendendo a alternância das lideranças para remodelação e projeção rumo ao futuro. Observa que os valores são permanentes, mas a busca do novo é o que faz a vanguarda e projeta o futuro. Dessa forma, por exemplo, foi a ideia de construir o bar para realização de encontros de happy hour, no intuito de atrair empresários e profissionais liberais e estabelecer um ponto de referência para reuniões sociais, além das atividades já desenvolvidas pelo clube.

Assim tem consciência que a sucessão é muito importante para dar espaço aos novos nomes, com ideias e disposição a avançar. Dando como referência qualquer instituição de uma forma geral, ele diz que chega a ser um desrespeito às mesmas, a manutenção do antigo, do obsoleto. É preciso atualizar em benefícios das próprias organizações. Oxigenar as estruturas. Não só a sucessão é importante. É preciso que haja o afastamento dos que já realizaram para não sufocar as iniciativas, removendo a presença diretiva e abrindo as portas para as novas gerações.

Ele afirma que além de ter um prédio novo, uma estrutura moderna é necessária a participação das gerações mais atuais, até mesmo na direção da organização. Esse princípio é um conceito seu que acredita deveria ser aplicado a qualquer instituição para garantir a sua continuidade. É ordem natural das coisas. Assim os problemas do passado não se repetem. Hoje o momento é outro, como também é outra tecnologia, e exigem outras soluções. O caminho da continuidade é a mudança com o objetivo de dar espaço para que empresários e profissionais das novas gerações assumam o comando e façam as transformações, trazendo a administração para a atualidade e projetando-a para o que vem pela frente.

Dr. Virgílio tem consciência plena de sua parte na história do clube. Sabe que sua contribuição está completa, participa de eventos sociais e está presente nos momentos mais decisivos, hoje como associado. No entanto, acha que seu tempo já passou e não lhe cabe mais uma posição na direção do clube, segundo seu ponto de vista. Ele considera que já fez o seu trabalho e cede seu espaço para que outros possam assumir. Durante sua gestão, muitos obstáculos foram removidos e as portas para o futuro foram abertas.

* Fonte e foto: Livro Recreativa: Uma Jovem Acima de 80 Anos (2018), de Dennis Lima.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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