NOÉ CARLOS BORGES NOGUEIRA DE LELES: 27.º PRESIDENTE DA RECREATIVA

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Noé e seu inusitado chapéu estilo panamá, aba pequena com dobra na testa, óculos de aro preto retangular, é uma pessoa que marca presença onde quer que esteja. Bem falante, conhece todo mundo, é amigo de tantas e quantas pessoas que se possa imaginar. Sabe aquele camarada que se acerca e se enturma de forma amigável, nos bailes, nos bares, nos eventos e mesmo na rua, por dentro do assunto do momento, opinião formada e sempre com uma tirada para entrosar a moçada? Esse é o Noé. Nem mais nem menos. Uma figura ímpar de nossa sociedade. Alguns simpatizam com essa forma de ser, outros não. É assim que Noé tem pessoas que estão do seu lado. Outras, nem tanto.

Formado em Biologia pela FAFIPA, hoje UNIPAM, Noé tem ainda duas Pós Graduações. Uma em Biologia Geral e outra em Administração Empresarial. Bem que gostaria de ter sido professor e procurou ter formação para isso. Mas perguntado sobre o assunto, afirma que os valores financeiros praticados na profissão não são muito atraentes. Pode ser que aconteça algo, estimulado pelo governo, para aumentar a atratividade para essa tarefa. Daí então vai pensar no assunto. Por enquanto fica como está.

Noé diz que vive da renda de imóveis que construiu para alugar e leva uma vida tranquila e bem resolvida. Gosta de motocicletas e de música, que vem de sua família, em especial seu pai, Noé de Leles Ferreira Júnior e neto de Noé de Leles Ferreira.

Patense da gema, Noé nasceu em 29 de maio de 1958, sendo Dona Terezinha Borges Nogueira Ferreira sua mãe. Portanto ele tem no nome Borges Nogueira por parte de mãe e Leles por parte de pai. Inclusive sua cota na Sociedade Recreativa Patense é a de número 54, herança recebida da mãe e da família dela que vem de longe, da época dos fundadores.

Ele mesmo frequenta a Recreativa desde criança, quando sua mãe o fantasiava de pirata para as matinês de carnaval no salão do clube. Era o carnaval das crianças, na década de 1960. Seu pai era percursionista da Banda do Zico Campos que tocava nos bailes do clube.

Fez o pré-primário no Jardim da Infância da Dona Alda, o primário no Grupo Escolar Marcolino de Barros e o curso ginasial no Colégio Marista. Noé é bastante ligado à igreja e tem sempre seu terço à mão onde quer que esteja.

Noé foi presidente da Recreativa por quatro anos consecutivos, de 1995 a 1998, sendo dois mandatos de dois anos cada. Sua primeira eleição se deu no dia 20 de novembro de 1994 e a diretoria eleita teve a seguinte formação:

Presidente: Noé Carlos Borges Nogueira Leles; Vice-presidente: Messias Alves de Paula; Primeiro Secretário: José Bonfim dos Santos; Segundo Secretário: Antônio Eustáquio Nascentes; Primeiro Tesoureiro: César José de Moura; Segundo Tesoureiro: Ricardo Eunápio Borges; Conselho Fiscal: Carlos Nogueira Júnior (1.º Conselheiro), José Borges de Andrade (2.º Conselheiro), Antônio Felisberto Borges (3.º Conselheiro), João Vieira Caixeta (4.º Conselheiro), Expedito José da Silva (5.º Conselheiro); Suplentes: Afrânio Caixeta de Castro, Alaor Porfirio Nogueira Lande, Apolinário Mendes de Andrade, Augusto Olímpio de Queiroz, Urbano Augusto de Queiroz.

Foi uma chapa única apresentada pela diretoria, cujo presidente era o Sr. Leleto, tio de Noé. A outra chapa que tentou se candidatar foi indeferida no dia 15 de novembro, encabeçada por João Bernardino Vaz da Rocha. O então presidente apresentou parecer do advogado do clube, Dr. Antônio Libanio da Rocha sobre a irregularidade da inscrição da chapa concorrente. Até mesmo uma ação cautelar foi ajuizada contra a SRP por conta destas desavenças, nesta eleição. O fato é que Noé acabou sendo eleito pelo esforço do tio Sr. Leleto, vencendo todas as medidas contrárias.

Seu período ficou, dentre outros aspectos, marcado também pelo fim do jogo. Ele diz que a Diretoria recebia muitas reclamações das pessoas que alugavam o salão para suas festas. É que para ter acesso à sala de jogos a pessoa tinha que atravessar todo o salão, isto é, a festa acontecendo, o que atrapalhava o andamento e ficava uma situação desconfortável. Imagina no meio de uma festa particular entre familiares e amigos, de repente irrompe alguém vestido de qualquer jeito e passa por entre as mesas. Claro que era uma intromissão desnecessária. Dessa forma, Noé e sua Diretoria encerraram, portanto, a atividade do jogo dentro das dependências da Recreativa, virando assim mais uma página da história do clube.

Outro fato que destaca sua atuação, porém na gestão do Sr. Leleco, foi a condução do processo de retirada do inquilino dos imóveis situados na esquina da Rua Major Gote com a Rua Tenente Bino. Haviam se esgotadas todas as formas possíveis para remoção dos ocupantes do imóvel e a Sociedade Recreativa Patense estava tendo prejuízos com os aluguéis.

Havia débitos que deveriam ser quitados, junto aos órgãos públicos e pendências financeiras. Nesse período, a COPASA, que havia desanexado uma pequena parte do terreno da Recreativa, próximo a Casa das Meninas para uso próprio, pagou uma indenização. Os valores foram utilizados para quitação dos encargos que estavam atrasados. Assim foi resolvida a questão de caixa. E ainda foi suficiente para fazer umas reformas na sede da Recreativa, afirma Noé.

De uma coisa pode-se ter certeza. Noé apresentou as características e as habilidades certas para a solução de alguns impasses mais difíceis pelos quais passava a Sociedade Recreativa Patense. Ele deu o seu jeito. Equacionou situações polêmicas. Muito embora, possa ser também considerado polêmico, Noé foi a pessoa certa para a solução de barreiras antes consideradas intransponíveis. Passou um rolo compressor por cima delas.

Seus métodos, que nem sempre foram aprovados pelos associados, acabaram dando algum resultado e hoje, sua gestão é lembrada de forma contraditória. Existem pessoas que concordam com suas atitudes, como presidente. Outras não. As que aprovam sua gestão afirmam que suas intervenções permitiram recuperar parte do patrimônio que parecia perdido. As pessoas que o desaprovam afirmam que suas atitudes não foram compatíveis com o cargo que ocupava. Há documentos de defesa de ambas as posições. Somente a história poderá resolver esse impasse.

* Fonte e foto: Livro Recreativa: Uma Jovem Acima de 80 Anos (2018), de Dennis Lima.

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