Nascido em 19 de março de 1940, inteligente e muito culto, Paschoal foi presidente por dois anos consecutivos, 1976 e 1977, mas fazia parte da história do clube por muitos anos anteriormente. Ele não se lembra apenas de um dos presidentes: Moacir de Almeida Machado. Conheceu todos os demais e de muitos deles tem uma relação de parentesco. Ocupou vários cargos, desde secretário, conselheiro, vice-presidente e presidente. Foi vice de Wolmar Caixeta de Castro durante todo o período de 10 anos de gestão e também do Dr. Virgílio.
Dono de uma voz inconfundível, Paschoal foi, junto com José Afonso, o primeiro patense a transmitir a Voz do Brasil para o mundo. Foi narrador esportivo e locutor da Rádio Clube de Patos por anos a fio. Narrou partidas memoráveis, muitas vezes em cidades distantes de Patos de Minas. Perdeu a conta de quantos clássicos Cruzeiro x Atlético, Mamoré e URT e outros em sua vida.
Também foi importante político, elegendo-se vereador por duas legislaturas, além de ocupar cargos importantes da Prefeitura de Patos de Minas. Foi Diretor de Administração de Pedro Pereira dos Santos, Secretário de Educação do Dr. Dácio Pereira da Fonseca e líder do governo na Câmara no mandato do Dr. Waldemar da Rocha Filho. Na Câmara foi revisor e redator de textos, projetos de lei, indicações e outros trabalhos legislativos.
Filho de Vicente Borges de Andrade e de Anna de Mello Borges, pertence à linhagem da primeira família Borges a vir para a então Santo Antônio dos Patos, na segunda metade do século 19, cujo patriarca foi José Antônio Borges e que formou várias gerações de nomes importantes da nossa História, sendo ele mesmo uma das figuras mais ilustres de Patos de Minas.
Professor de inglês, francês, português, teoria musical e de educação física, lecionou em várias escolas patenses. Já tocou piano e até formou um conjunto musical com o incentivo de seu tio Joãozinho Andrade. Joãozinho é quem mandava no clube, afirma Paschoal. Estudou no Colégio Marista de Patos de Minas, no Juvenato Marista de Mendes no Rio de Janeiro e formou-se em Letras pelo UNIPAM − Centro Universitário de Patos de Minas.
Reconhece a presença da Igreja Católica na história da Recreativa e ele mesmo foi um frequentador assíduo das missas e profundamente conhecedor da natureza familiar dos associados. Impressionante como ele faz a ligação rápida dos nomes, os parentescos e a importância de cada um no sequenciamento da história. São tios, primos de primeiro, segundo e terceiro graus, irmãos, cunhados, sogros e genros.
Em muitas ocasiões se refere à Sociedade Recreativa Patense como o clube dos Borges, sendo ele um dos mais famosos. Mas tem a consciência da participação das demais famílias: Caixetas, Melos, Queiroz, Rocha, Malheiros, Pereiras e Fonsecas. Todos muito próximos, numa comunidade que antigamente ainda muito pequena e onde as pessoas coexistiam como uma grande família. Daí a natureza familiar do clube.
Paschoal credita muito do sucesso da gestão da Recreativa ao controle contábil, feito pelo Eurípedes Gonçalves Martins, único contador por muitas décadas que trazia em dia o registro de todas as operações do clube. Até hoje seu escritório cuida desta parte. Também sabe que o trabalho dos gestores foi importante e alcançou o sucesso que chega até nossos dias.
Paschoal sempre acreditou e acredita que a Recreativa, por estar no centro da cidade, pelo nível de seus associados e dirigentes, desempenhou um papel social e politico. Ele tem um pensamento de que a parte cultural deveria ocupar mais espaço nas atividades do clube. O espaço é nobre e a cidade merece esta atenção. Ele sabe o que diz, pois acompanhou profissionalmente, como cidadão e também como partícipe das atividades culturais das últimas décadas. Ele percebe na Recreativa de hoje, a oportunidade de desenvolver atividades culturais e assim se tornar um centro de referência também nesse quesito. O espaço é precioso, segundo ele.
Paschoal tem muitos anos dedicados à Sociedade Recreativa Patense, demonstrando um carinho especial para o clube e pode-se perceber um certo orgulho pessoal de fazer parte desta história. Seus olhos brilham quando diz que tocava piano no clube. Da mesma forma, sabe que nos momentos mais difíceis foi necessário tomar decisões duras e a Recreativa teve a sorte de contar com administradores que souberam tomas estas decisões. Ele participou da maioria delas, principalmente na década de 1970 para cá, e afirma que o clube entrou num período de muito retrocesso que exigiu pulso firme para mantê-lo nos trilhos. Considera que a eliminação do jogo nas dependências do clube foi um grande benefício para todos, assim como uma série de outras ações. Uma das ações que mais defende é votação individual e não pelo número de cotas, que foi uma mudança polêmica resolvida no mandato do Wolmar, de quem era vice. Sua opinião faz parte de sua formação e de sua experiência republicana e democrata. Paschoal: um gigante de nossa história.
* Fonte e foto: livro “Recreativa: Uma Jovem Acima de 80 Anos” (2018), de Dennis Lima.