VIRGÍLIO BORGES E A RECREATIVA

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Uma das figuras mais intrigantes da história da Sociedade Recreativa Patense é Virgílio Borges, justamente por sua participação intensa e decisiva nos primórdios do clube, fazendo parte da primeira diretoria, no Conselho Consultivo, embora não estivesse presente na reunião de fundação e, portanto, não está relacionado entre os fundadores da agremiação.

Quinto filho do Capitão José Antônio Borges e de Serafina Correia Borges, nascido em Patos de Minas em 28 de abril de 1873 e falecido em 17 de setembro de 1967, era irmão de Deiró Eunápio Borges, Olívio Borges, do Major Olympio Borges e outros que fazem parte de uma família importante em Patos de Minas, Foi proprietário do Hotel da Luz, dono de muitas propriedades dentro e fora da cidade (quase cem) e com um irmão teve a Casa da Economia (Virgílio Borges & Deiró), um típico secos & molhados comuns naqueles idos tempos, localizada na esquina da Rua General Osório com a Major Gote, onde hoje é o prédio do saudoso Magnífico Hotel.

O imóvel que cedeu lugar ao clube era de sua propriedade¹. Nele funcionava uma loja onde trabalhou Joãozinho Andrade, que futuramente foi o gerente e proprietário, quando mudou-se para sua loja definitiva na Praça Antônio Dias³. A área original adquirida por Virgílio em 1894 pelo valor de 18:000$000 (dezoito contos de réis) tinha 1.829 m² com uma edificação e quintal e pertencia a José Carapina e esposa. O interessante nessa transação imobiliária é que no registro da escritura consta que a transferência do imóvel se deu por venda e os transmissores são José Carapina, esposa e o Cônego Getúlio, por parte da Paróquia de Santo Antônio. Este terreno fazia parte das terras doadas por Antônio Joaquim da Silva Guerra e sua esposa ao Glorioso Santo Antônio para a edificação do templo e para comodidade dos povos, em 1826².

Em 1937, Virgílio, já viúvo (a esposa faleceu em 1935), vendeu 475 m² deste terreno para a Sociedade Recreativa Patense por 20:000$000 (vinte contos de réis), conforme escritura em junho de 1940. No negócio recebeu a metade em dinheiro e a outra metade em ações ou quinhões da Recreativa. Sua participação nas decisões é intensa, pois com um grande número de cotas ele tinha poder de voto, uma vez que as eleições e deliberações eram feitas por número de cotas que cada associado possuía. Pelos registros do clube, em dezembro de 1941 ele possuía 21 ações, ou votos. Nenhuma outra pessoa tinha tantas ações e o segundo era José Olympio Borges, com 18.

Virgílio se casou com Maria da Conceição Borges (irmã do Dr. João Borges) por volta de 1894 ou início de 1895, uma vez que o filho mais velho Dolor nasceu em novembro de 1895. Virgílio teria, então, por volta de 21 anos e ela dois anos mais nova que ele. Os dois eram primos em primeiro grau. Dos oito filhos do casal, somente dois se casaram e tiveram filhos: Dolor e Virgílio Jr.

* 1: Leia “Casa Que Cedeu Lugar ao Prédio da Recreativa”.

* 2: Leia “Escritura de Doação Feita Por Silva Guerra”.

* 3: Leia “Casa do Joãozinho Até 1969”.

* Fonte e foto (excerto): Recreativa: Uma Jovem Acima de 80 Anos (2018), de Dennis Lima.

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