Sabe aquela pessoa que enche seu corpo de pinturas e adereços porque não gosta do seu visual e por isso trata de mudar o jeitão do visual para se olhar no espelho e passar a gostar do novo visual? Pois é, nunca fui assim. Desde que surgi gostei do meu estilo¹, do meu visual, nada pomposo, mas simples e funcional, tendo algumas por aqui² e inúmeras por toda a Cidade assim, com a fachada para o passeio. Mas de nada adiantou o gosto pelo meu visual, pois meus donos trataram de modificar a minha fachada e, pelamordedeus, até a minha janela de frente foi arrancada. Sim, fiquei fula da vida, eu não queria ser modificada, queria ser igualzinha como fui erguida até o fim, até o dia final da minha existência. Se eu tenho consciência de que um dia deixarei de existir? Ora, se nem os humanos são eternos, nós imóveis é que seremos? Olha aí atrás de mim. Lá está o futuro que ocupará o meu espaço, assim como praticamente os espaços de todas nós. É algo inevitável, pois a morte é inevitável. Justamente por saber que um dia vou sumir do mapa da Cidade é que não gostei nadinha do meu novo visual. Queria esperar o meu fim como o original, como vim ao mundo, era assim que queria entrar para a História de Patos de Minas. Então, fazer o que, é engolir esse sapo. Mas jamais deixarei de proclamar: deixarei saudade!
* 1: Leia “O Estilo José das Chagas”.
* 2: O imóvel localiza-se na Rua Prefeito Camundinho, entre suas colegas Joaquim das Chagas e Amadeu Maciel, no Bairro Lagoa Grande.
* Texto e foto (16/09/2023): Eitel Teixeira Dannemann.
