Só depois que fui construída, óbvio, é que fiquei sabendo do meu estilo, que é aquele americano, no meio do terreno, sem muro na entrada e sem encostar em outras residências, mas com a garagem devidamente fechada. Pra eles lá, isso proporciona uma sensação de amplitude e liberdade. É, lá é outro departamento. Ah, também fiquei sabendo que lá nos states, as fachadas usam cores claras, como branco, cinza e creme. Pois bem, recentemente fui reformada com essas características, mas, ao contrário, tô grudada paredalmente nos meus vizinhos. Sinceramente, esse negócio de estilo pouco me importa, pois o que realmente me importa é que, se aqueles a quem aconchego me reformaram e me deixaram assim tão bunitinha, é porque têm intenção de preservar a minha estrutura. Ora, percebendo a transformação que está ocorrendo aqui na minha rua e em todo o meu entorno¹, que é o surgimento de edifícios nos nossos lugares, creio que essa reforma é sinal pra eu me tranquilizar quanto ao meu futuro. Será que eu posso ficar tranquila? Sei não, tenho dúvidas a respeito, justamente por saber que muitas de minhas semelhantes, tão ajeitadinhas como eu, sucumbiram ao progresso. E o progresso é o que? Edifícios! Decidi que vou levando a minha existência, sabedora que estou presente na História de Patos de Minas. Se acontecer de um dia me derrubarem para a construção de um edifício, é mais do que certo que deixarei saudade!
* 1: O imóvel localiza-se na Rua Dr. Marcolino, entre sua colega Marechal Floriano e a Avenida Brasil.
* Texto e foto (09/04/2023): Eitel Teixeira Dannemann.