BIRRA COM O ARGENTINO

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Teve um jogador de futebol argentino que fez sucesso na URT: Pereyra. Típico jogador clássico, daqueles que dominavam muito bem a bola e dava passes com precisão. Apesar de não ter marcado um gol sequer, deixou saudades e a curiosidade de que um dia um jogador argentino vestiu a camisa da equipe patense¹.

Bem adaptado à Cidade, certo dia o Pereyra resolveu comprar um queijo típico mineiro num dos pequenos comércios do Mercado Municipal. Em lá presente, recebido pelo proprietário, perguntou num típico castelhês, uma mistura de castelhano com português que funciona para ambos os interlocutores:

– Quanto é esse queijo?

Imediatamente o comerciante emburrou a cara e respondeu que aquele queijo não estava à venda. E essa o argentino não entendeu. Então perguntou o preço de outro queijo. A resposta foi a mesma. Depois de várias negativas, o Pereyra, já um pouco nervoso, questionou:

– O que esses queijos estão fazendo aqui se não estão à venda?

O proprietário resmungou:

– Tem outros vendedores de queijo aqui no Mercado.

Nisso chegou outro cliente e comprou um queijo sem problema algum. Aí o Pereyra encucou de vez:

– Você disse que os queijos não estavam à venda e acabou de vender um.

Mal terminada a frase outro cliente chegou e outro queijo foi vendido. Foi quando o sangue argentino do Pereyra esquentou, ele começou a bufar olhando para o comerciante de braços cruzados numa postura decisiva de não lhe vender nenhum queijo e mandou:

– Já sei, você tem birra com os argentinos, não é?

No que o comerciante estava para responder, surgiu um torcedor do Trovão Azul e em alto e bom som matou a charada:

– Ô Pereyra, esse cara aí é torcedor fanático do Mamoré e não suporta de jeito algum jogador da URT aqui no seu estabelecimento comercial, ainda mais argentino, que ele tem mais birra que criança catarrenta e maleducada. Vamos logo ali pra você comprar seu queijo.

* 1: Leia “Um Argentino na URT”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 02/02/2013 com o título “Avenida Paracatu na Década de 1920”.

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