Lá pras bandas da Boassara, já chegando ao Córrego São Luiz, estava localizado o sítio de um dileto amigo, que vamos denominar Zé, pois se eu identificá-lo a amizade acaba aqui. Vira e mexe, ele que é um audaz empresário e gosta da natureza bruta, mexe e vira com alguma atividade animal em sua simpática propriedade. Certo dia ele me informou:
– Comprei uma vaquinha Jersey para produzir um leite saudável. Eu mesmo vou ordenhar, e assim, vou ter um leitinho de primeira qualidade.
E o amigo comprou a vaquinha Jersey, confiando demais da conta na verborragia do fazendeiro amigo. O nome da leiteira ele fez questão de determinar, diferente, para variar: Mimosa. A dita foi inseminada e gerou um bezerrinho até que ajeitado. Depois do tradicional tempo do colostro, a primeira ordenha para consumo foi uma imensa satisfação para o Zé: 19 litros. Assim o tempo foi indo como as águas do Córrego São Luiz e a Mimosa gostava demais da conta de uma parenta de cerca, uma holandesa parruda que adorava seus afagos. Coincidentemente, o Zé, estranhamente, começou a arrumar desculpas para evitar maiores intimidades com a esposa, que já, e com razão, vislumbrava algumas sirigaitas entre eles. Até que um dia ela reparou na munheca do marido. Muito esquisita. O que será que estava acontecendo com o Zé?
E a coisa ficou preta mesmo quando esteve por lá um Médico Veterinário, que, depois de apenas 30 minutos, se mandou por causa das insinuações do Zé. Isso tudo acontecendo, a Mimosa não mais apresentou cio e não largava sua companheira de cerca, enquanto o Zé se assanhava pra tudo quanto era homem que aparecia por lá. Lógico que a situação correu trecho através da boca do povo. Vergonha para a esposa, que, mala arrumada, foi para a casa da mãe em Patos de Minas. Vergonha para o Zé, que vendeu o sítio com a Mimosa e tudo e se mudou para Paracatu. E foi lá na velha Paracatu que, sem o leite da Mimosa, ele voltou a ser o Zé de antigamente.
Assim, o casal se refez e voltaram a curtir um sítio, só que do outro lado do Município. Qual foi o problema do Zé? Ora bolas, a Mimosa era gay e seus hormônios, presentes no leite, viraram a mão do Zé. Sem o leite da Mimosa, que nessa altura do campeonato já não mais produzia leite e por isso não gerou mais problemas esquisitos, a mão do Zé revirou à normalidade. Dizem que isso é invencionice do povo, mas o Médico Veterinário confirma tudo. Quem é o Médico Veterinário? Não tenho a mínima ideia!
* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 02/02/2013 com o título “Avenida Paracatu na Década de 1920”.