PATOS DE MINAS EM 1980: GIGANTE ACORRENTADO – 1

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TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1980)

De algum tempo para cá, muito a contragosto, tenho sido obrigado a ver estampada no povo de minha terra, a lendária figura do JECA TATU, criada pelo imortal Monteiro Lobato, para a promoção de um determinado produto farmacêutico, cuja validade, não nos compete discutir.

Não sei se as pessoas mais jovens terão conhecimento daquele personagem, que atacado por terrível verminose, tomado de total desânimo, acocorava-se à porta de sua casa, completamente entregue à inércia e diante da proposta de qualquer atividade, exclamava simplesmente: “quá, num vale a pena”.

Lamentavelmente, diante dos problemas e das possibilidades que se nos apresentam, temos visto nosso povo de um modo QUASE que generalizado, calma  e tranquilamente, exclamar “não vale a pena”; “isto aqui não tem jeito”; “é bananeira que já deu cacho”, “Patos já era” e outros disparates mais.

Serão verdadeiras estas afirmativas pessimistas e até mesmo derrotistas? Mil vezes, afirmo que não! E lamento profundamente, que conterrâneos nossos, muitas vezes, pessoas de real valor, que deveriam empunhar a bandeira de nosso progresso, assim procedam, desservindo nossa cidade e nossa região.

A quem afirma, cabe o ônus da prova e assim, minha afirmativa anterior, deve por força do dever, para que se torne leviana, vir acompanhada de provas e é isto, o que faremos, através deste modesto trabalho.

Vejamos então, por etapas, se Patos de Minas é ou não, um gigante que está sendo acorrentado pelo seu próprio povo.

Estão aqui instalados, pelo menos dezesseis órgãos de atuação em âmbito regional, exercendo cada um deles, jurisdição sobre considerável número de municípios, conforme registro entre parêntesis: 1) Centro Regional de Saúde (24 municípios); 2) Delegacia Regional de Ensino (17 municípios); 3) Delegacia Regional de Segurança Pública (18 municípios); 4) 15.º Batalhão de Polícia Militar (43 municípios); 5) Agência da Previdência Social – INPS (21 municípios); 6) Escritório Regional da EMATER (19 municípios); 7) Região de Distribuição Alto Paranaíba – CEMIG (33 municípios); 8) Administração Fazendária – Delegacia Fiscal (5 municípios); 9) Agência da Receita Federal (5 municípios); 10) Sub-Delegacia Regional do Trabalho (26 municípios); 11) Núcleo Micro Regional de Empregos (13 municípios); 12) Consórcio de Entidades de Assistência e Promoção Social – CEAPS (13 municípios); 13) Supervisão de Área de Coleta – IBGE (37 municípios); 14) Sede de Diocese (20 municípios); 15) Representação Regional do Ministério da Agricultura (27 municípios) e ainda, a recém instalada Agência do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais – IPSEMG (região do Alto Paranaíba) estando à espera da instalação do Distrito Regional do DER, recentemente criado.

Queiram ou não os derrotistas, Patos de Minas é um polo regional, que merece o maior respeito. O nosso desânimo, a nossa inércia em muitos setores, o nosso desinteresse, têm sido, sim a causa de tantos problemas. Temos recebido muitos benefícios, apezar dos pezares e não temos sabido dar a eles, o valor que merecem.

As inúmeras viagens com grande dispêndio de dinheiro que nos têm sido poupadas; grande número de pessoas da região que se vêem obrigadas a se deslocar até aqui, para tratar de seus interesses; o número também grande de funcionários que aqui vivem recebendo seus salários e os consumindo aqui; as inúmeras pessoas de reconhecido valor moral, técnico e cultural que para aqui vieram para o exercício de suas funções; os inúmeros filhos desta região, que aqui puderam se fixar, graças ao seu emprego, são uma prova eloquente de quanto valem os órgãos aqui instalados.

Na sequência, analisaremos outros importantes aspectos de nossa querida Patos de Minas e até lá, queremos que você, filho desta cidade, por nascimento ou adoção, responda a si mesmo, com toda isenção de ânimo:

– Não é você, um daqueles que está acorrentando o gigante?

* Fonte: Texto publicado na coluna Malho e Cinzel com o título “Gigante Acorrentado (I)” do n.º 3 da revista a Debulha de 15 de junho de 1980, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto: Miniweb.com.br.

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