MANOEL FLEURY CURADO (MONSENHOR FLEURY) – ANIVERSÁRIO

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Transcorreu no dia 18 [02/1942] a data natalícia de Monsenhor Manuel Fleurí Curado¹, nosso dignissimo e estimado vigário.

A data, que é extremamente grata aos corações de seus paroquianos, nunca é comemorada com as festividades e pompas a que o aniversariante fizera jus, dado o seu feitio inteiramente religioso e afastadiço dos transbordamentos mundanos e profanos.

Mas as almas religiosas dos fieis , mas os corações reconhecidos de seus amigos e admiradores – vale dizer – a comunhão de espíritos de todos os habitantes da paróquia – desdobra-se genuflexa ante os altares com orações votivas e de agradecimentos ao Criador, para que continue a jorrar por sobre a cidade as inumeraveis bençãos da conservação na paróquia de tão eminente guia, e da mais completa felicidade pessoal do ilustre sacerdote.

Vindo para esta localidade, há mais de 20 anos, o ilustre vigário ingressou em nosso meio naquela época distante em que a compreensão da vida pela maioria dos sertanejos era rude, por isso que inteiramente afastados da instrução e da catequese religiosa.

O então padre Fleurí, senhor absoluto da grandeza de sua missão, demonstrando amizade a todos e compreendendo que o serviço a Deus era o maior serviço que podia prestar aos homens, a todos e a tudo assistia espiritualmente com a sábia orientação de se não imiscuir nos contendas particulares e muito humanas.

Naquela época de pouca instrução e em que o maior valor residia na demonstração de mais bravura e talvês de mais maldade – o vigário moço que não medisse e pesasse o grau de sua responsabilidade, ao envez de com conselhos imparciais arrefecer os ânimos propensos à brutalidade, com a sua atitude injustificavel poderia acirrar a luta e a animosidade de uns para com outros, criando uma éra de terror e de tragédias que permaneceria como uma remora ou uma impossibilidade para os dias melhores e de civilização que estamos vivendo.

O preclaro vigário, colocando-se à margem das competições, quaisquer que elas fossem, não permitindo nem as estéreis lutas religiosas² – com a sua palavra amena, intercedendo a favor de um e de outro, como se fazia mister, foi o ponto de apoio para que as inteligências aproveitaveis se harmonizassem e se voltassem para o progresso e engrandecimento de nossa querida urbe.

Esse aparente alheiamento, muitas vezes fôra compreendido como comodismo e atitude de beneficiamento pessoal. Verificou-se, ao depois, ser uma das mais excelsas virtudes do homem que se dedicava a Deus não para beneficiar-se pessoalmente, mas para beneficiar aqueles que lhe viviam em tôrno, ao ritmo de um critério que havia de produzir os frutos sazonados que produziu.

Erguendo a majestosa catedral, criando asilos e pensionatos, colaborando na fundação do nosso Ginásio Municipal e difundindo a instrução religiosa o mais que pode, embora com o mesmo caráter de alheiamento e sempre arredio do borborinho – Monsenhor Fleuí ai está na vanguarda de nosso progresso nessa fase admirável de renovação e engrandecimento.

“Folha de Patos” que neste relance de seu aniversário, encara a sua elevada estatura de missionário católico e cidadão, envia-lhe a expressão sincera de seu aprêço e de sua admiração.

* 1: Monsenhor Fleury nasceu em Corumbá de Goiás em 18 de fevereiro de 1887. Nesse ano de 1942 completou 55 anos de idade. Faleceu em Patos de Minas em 02 de julho de 1981, aos 94 anos de idade.

* 2: Não foi bem assim! Monsenhor Fleury travou uma batalha árdua contra o protestantismo. Leia “A Fúria Religiosa do Monsenhor Fleury”.

* Fonte: Texto publicado com o título “Monsenhor Fleurí” na edição de 22 de fevereiro de 1942 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.

* Foto: Arquivo da Escola Estadual Monsenhor Fleury.

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