TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1980)
Quando no segundo artigo desta série, analisamos o setor da Educação, vimos que nosso Município tem uma população estudantil da ordem de aproximadamente vinte e três mil pessoas.
Ora, se o aperfeiçoamento das faculdades intelectuais se inicia com o aprendizado das primeiras letras e os conhecimentos são acumulados na seqüência escolar, bastaria a rede de escolas hoje existente, para que o nosso povo e principalmente a nossa juventude, caminhasse a passos largos para uma cultura razoável. Entretanto, não fica nisto apenas, a nossa aspiração cultural, graças a alguns abnegados, que fazendo exatamente o oposto dos inúmeros derrotistas que grassam por aqui, têm dado tudo de si, para que possamos desfrutar de privilégios, que para muitos povos, se constituem em sonhos inatingíveis.
Assim é, que a literatura (prosa e verso), a música, o ballet, o teatro, a pintura, a escultura, o entalhe, o vitral, o alumínio, os trabalhos em cerâmica e porcelana, os conhecimentos da língua inglesa e tantos outros aspectos culturais, são tão familiares à nossa juventude de hoje, como o eram “as artes” que praticavam os jovens de gerações passadas.
Há mais de dez anos, aí está a ACADEMIA PATENSE DE LETRAS, a congregar os intelectuais da terra, havendo já editado mais de vinte livros, de vários autores, alguns já conhecidos nacionalmente.
Aí está o “BALLET ROSANA ROMANO”, no sexto ano de funcionamento, com suas 180 alunas a praticar o ballet clássico, o ballet folclórico, o jazz, o babby ballet (para crianças de 3 a 6 anos) e a ginástica para senhoras, devendo ser instalado por extensão, ainda neste ano, um curso em Carmo do Paranaíba.
Aí está a promissora ESCOLA DE MÚSICA “CARLOS GOMES”, funcionando já há quatro anos e que, nos planos de D. Maria Cristina Garchet Teixeira, é apenas o embrião de um Conservatório de Música, a ministrar aulas teóricas e práticas de piano, violão e flauta doce, a seus 107 alunos.
Aí está o CENTRO DE ESTUDOS TEATRAIS − CET − e o GRUPO DE TEATRO AMADOR − GRUTA − que, liderados pelo ardor e zelo de pequenos grupos, têm apresentado aqui, nos arredores e até mesmo em cidades distantes, dezenas de peças famosas de autores nacionais e internacionais, alguns destes patenses conseguindo implantar na juventude, o amor à arte teatral. O CET, até mesmo dotou a cidade de uma casa de espetáculos em julho de 1978 com a instalação provisória do TEATRO TELHADO, em propriedade de nosso saudoso pai, que pelo seu espírito altruístico, o concedeu, através de contrato de comodato, onde têm sido apresentadas inúmeras peças teatrais e shows artísticos e musicais.
O que não dizer de D. Terezinha Couto Corrêa (aliás, que falta ela nos está fazendo, com sua transferência para Belo Horizonte) precursora dos ensinamentos da pintura e das artes em geral, cujos pupilos do passado, hoje, estão a ministrar aulas nos vários cursos existentes na cidade e na região, a alegrar nossos olhos com suas belas peças e a projetar o nome de Patos de Minas, com a exposição dos trabalhos de alguns, até nas capitais brasileiras.
Atestado eloqüente da força artística patense, é a “Feira de Arte” dominicalmente instalada na Avenida Getúlio Vargas.
Aí estão os cursos de inglês, ministrados pelo YAZIGI e pelo IAVP, a dezenas e dezenas de jovens, que aprimorando seus conhecimentos, têm galgado melhores posições em suas vidas.
O Coral “Iro Matias”, o Grupo “Canta Chão” − que no momento em que escrevemos este artigo, está em Belo Horizonte, apresentando-se no Teatro Francisco Nunes − as nossas “Folias de Reis” a preservar o folclore, o Cine Clube e vários outros movimentos culturais, bem atestam o vigor de nossa cultura.
Perguntamos agora, novamente: quantas serão as cidades interioranas, que têm alcançado tal nível cultural?
A CULTURA é uma das molas propulsoras de um povo. De nada adiantariam o sucesso material, o crescimento demográfico, a decantada industrialização, a uma população que se mantivesse inculta.
Entretanto, falta-nos muito ainda. Falta em primeiro lugar, o apoio do povo a das autoridades em geral. Falta-nos uma casa de espetáculos própria, onde possam ser apresentados os recitais, os festivais, as peças teatrais, os shows de nossa gente.
Falta-nos uma escola de belas artes, ainda que a nível médio. Falta-nos o Conservatório de Música e muito mais.
E por que, não temos mais? É porque nós, com o nosso pessimismo e nosso derrotismo, não temos permitido.
É hora de um despertamento verdadeiro. É hora de ação. É hora de apagarmos de vez, a imagem de JECA TATU. Ao invés de exclamarmos como ele: “quá numa vale a penas”, gritemos alto e bom som: SIM, VALE A PENA LUTAR POR PATOS DE MINAS.
E então, nossa querida cidade, que é grande apesar de tudo, deixará de ser um GIGANTE ACORRENTADO!
* Fonte: Texto publicado na coluna Malho e Cinzel com o título “Gigante Acorrentado (Conclusão)” no n.º 06 de 31 de julho de 1980 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.
* Foto: Eduardopereiradeazevedo.blogspot.com.