TEXTO: HÉLIO CORRÊA DA COSTA (1941)
“SE A RAZÃO EXIGE, SOMENTE A FÉ REALIZA” – foi assim, que se expressou, um de nossos conterrâneos, em uma alocução, que ainda está clara em nossas memórias. De fato, se voltarmos nossas vistas para o ano de 1930, podemos concluir, sem nenhum exagero, que a razão exigiu, e a fé realizou.
Fator decisivo para realização moral e material de nossos ideais, foi sem dúvida alguma, a contribuição valiosa do povo, que irmanado em um só ponto de vista, procurou corroborar sempre com nosso digno Prefeito, em todos os setores. E foi assim, que podemos ver e sentir durante o decênio da gestão S.S. Prefeito Clarimundo José Fonseca Sobrinho, coroados de êxito, todos os seus planos, em benefício quer da Cidade, quer do Município inteiro. Faz-se mister dizer, que constitue grande sucesso a extraordinária capacidade de trabalho e inteligencia demonstrados pelo sr. Fonseca Sobrinho, pela eficiência no desempenho de suas atribuições. Quando S.S. assumiu a chefia do executivo, eu me lembro bem, Patos, vivia tão somente de aspirações, e nunca de realizações.
Governava o Estado naquele ano o Dr. Olegário Dias Maciel, figura inesquecível para cada patense e sempre respeitada pelos mineiros. – Acolhendo S. Excia. sempre, com singular simpatia, as sugestões e planos de nosso Prefeito, em pouco, se fez sentir o extraordinário desenvolvimento de Patos, através das novas construções de edifícios, como: – O Foro, Grupo Escolar, Escola Normal, que aliados aos já existentes constituiram algo de notável no Estado montanhês. E, quando Patos, vivia os dias de sua mais intensa alegria e progresso; quando tudo desenhava-se grande e com futuro promissor; quando a nossa cidade, no torvelinho do progresso em tôdas as direções, exigia sua ajuda, desapareceu de súbito, pela mão sinistra da morte, que a nenhum faz exceção, uma das figuras mais expressivas e de valor no cenário politico do país – Olegário Dias Maciel. Sua morte foi sentida, nos quatro cantos do Brasil, mórmente por tratar-se da maior personalidade naqueles memoráveis 21 dias de revolução em 1930, quando em retribuição aos serviços prestados pelo Estado de Minas, sob sua chefia, recebeu das mãos de S. Excia. Dr. Getúlio Vargas, que acabara de assumir o poder do país, a simbólica espada de ouro – “Mérito ao Príncipe das Revoluções”.
Porisso emurcheram-se as nossas esperanças, de um futuro glorioso em nossas plagas, em dias vindouros. No entanto, é mister que se diga, tivemos em pouco tempo, o seu continuador, amigo de Minas, e portanto, também nosso amigo – Dr. Benedito Valadares. Assim, mais uma vez, nossa cidade foi tomada de intenso júbilo, aclarando-se novos horizontes.
Hoje, apezar de não possuirmos ainda a via férrea, possuimos um notável Campo de Aviação, a primeira montagem dos Moinhos de Trigo, formidável Campo Experimental de Sementes, enfim, completa movimentação de uma cidade florescente. Assim, Patos, que para uns parecia em decadência, para outros de inteligências mais lúcidas, era a cidade que crescia assustadoramente, e com isso, emprestaram seu apoio ao dinâmico Prefeito, e vêm agora coroados do mais completo êxito, suas aspirações de outrora.
Compete-nos agora, aguardar com a devida reserva, o resultado do próximo Convênio, a realizar-se ainda êsse mês, entre o governador Benedito Valadares e todos os Prefeitos dos municípios mineiros. Somente, peçamos a Deus, que dêsse Convênio, possa partir a sugestão de nosso Prefeito, para a criação do tão almejado “AÉROCLUBE PATENSE”.
Com mais êsse empreendimento que tanto enobrece, e de tão alta significação para tão propalada “Marcha para o Oeste”, poderemos manter bem erguidas nossas cabeças, e proclamarmos a “una você”; que Patos, será dentro em breve, aliado à sua lavoura, indústria e à formação intelectual, politica e social, o orgulho dos patenses, e porque não dizer-se de Minas Gerais.
* Fonte: Texto publicado com o título “Fator decisivo: a contribuição do povo” na edição de 27 de julho de 1941 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.
* Foto: Do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, publicada em 28/02/2013 com o título “Rua Olegário Maciel no Início da Década de 1940”.