BUSTOS DE OLEGÁRIO DIAS MACIEL

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No início da década de 1930, o Instituto Mineiro do Café doou à Municipalidade Patense, quando era seu presidente o ilustre conterrâneo Dr. Jacques Dias Maciel, um busto do Presidente Olegário Dias Maciel (foto ao lado), primo em primeiro grau do saudoso Estadista. A sua inauguração deu-se no dia 06 de outubro de 1933, em cuja oportunidade o Presidente do Instituto, Dr. Wanderley Andrade, enalteceu a figura de Olegário. Houve significativas solenidades, com a presença de autoridades locais e pessoas gradas. Em nome do Prefeito Clarimundo José da Fonseca Sobrinho e do povo patense, agradeceu aquela carinhosa homenagem o Dr. Euphrásio José Rodrigues. Ainda se expressaram o Juiz de Direito da Comarca, Dr. Sebastião de Souza, em nome do Poder Judiciário e, finalmente, o Dr. Ernani de Morais Lemos, em nome da Escola Normal.

Foi, propriamente, o primeiro busto inaugurado em nossa comuna, como uma recordação do ilustre patense¹ que ocupou o Palácio da Liberdade e tornou-se figura representativa na vida nacional, falecido um mês antes, em 05 de setembro. Durante vários anos ostentou o salão de reuniões do Gabinete do Prefeito Municipal. Hoje, faz parte do acervo cultural do Museu de Patos de Minas – MuP, que funciona na casa construída pelo homenageado.

O Prefeito Clarimundo José da Fonseca Sobrinho sentiu a necessidade de Patos de Minas prestar uma homenagem imorredoura a seu ilustre filho, levantando-lhe um monumento em praça pública. Depois de encetada campanha em todo o Município, que foi bem recebida pela população, pôde concretizar o seu trabalho com a inauguração do monumento (meia figura), quase em frente à então  residência do homenageado, na Avenida Municipal, hoje Getúlio Vargas, em 30 de julho de 1936, às 19 horas.

Foi um dia de festa, com grande parte da população presente prestigiando ao ato, que contou com a presença de autoridades estaduais, de municípios vizinhos e locais. Estiveram presentes, entre outros: Des. Alfredo Alves de Albuquerque; Dr. Alberto de Sales Fonseca, Subprocurador Geral do Estado; Dr. Adélio Dias Maciel; Prefeito Clarimundo José da Fonseca Sobrinho; Dr. Antônio Dias Maciel, Presidente da Câmara Municipal de Patos; Dr. Mirael de Carvalho, Prefeito de Carmo do Paranaíba; Prefeitos de Patrocínio e de São Gotardo; Tenente Geraldo Vieira, representante do Cel. Alvino Alvim de Menezes, Chefe do Estado Maior da Força Pública do Estado; Dr. José Olímpio Borges; Dr. Ernani de Morais Lemos; Monsenhor Manuel Fleury Curado; Padre Francisco Curvelo, Vigário de Santana de Patos; Dr. Gualter Gontijo Maciel, redator do “Minas Gerais”; Dr. Natal Campos Dias, Promotor de Justiça da Comarca; Dr. Eduardo de Morais Miranda, Juiz Municipal de Patos; Dr. Orestes Gomes de Carvalho, Juiz de Direito da Comarca.

O monumento (foto ao lado) é obra do artista J. O. Corrêa Lima, Professor da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, obedecendo aos seguintes detalhes: “Sobre singelo pedestal lavrado em granito, com altura total de um metro e oitenta centímetros e de base de um metro e vinte por um e cinquenta, assenta em meia figura, sobre uma cadeira de espaldar redondo, a efígie de Olegário Maciel. À frente do monumento uma menina, representando a Cidade de Patos, presta-lhe uma homenagem oferecendo-lhe flores e tendo ao lado o tronco de uma árvore que foi decepada, mas que ainda viceja, símbolo perfeito do ancião cheio de energia que tombou, mas ainda vive na lembrança dos pósteros pelas suas virtudes cívicas. Em cada uma das faces laterais há um baixo relevo que representa, respectivamente, a engenharia e a política. Pois o Dr. Olegário era engenheiro e político. Na face posterior, também em baixo relevo, uma figura de menino sustém uma cartela com a inscrição ‘… arrebatar a Pátria às sombras e aos males presentes, para que ela viva na luz e no bem a que tanto tem aspirado’” (de um telegrama de Olegário Maciel em outubro de 1930). Ainda à frente do monumento, além das figuras representativas da menina e da árvore, encontra-se a inscrição: “Ao Presidente Olegário Maciel – O Município de Patos – 6-10-1855 – 5-9-1933”.

A localização do monumento na Avenida Getúlio Vargas apresenta uma particularidade interessante. Segundo Alex de Castro Borges e R. M. Ferreira e Silva, em Informe Histórico de Patos de Minas, o conflito religioso entre as famílias Borges e Maciel se refletiu na “configuração simbólica do cenário urbano da cidade de Patos”. A Catedral de Santo Antônio seria a demarcação, o “limite simbólico do território”. Ao norte, território da família Borges; ao sul, da família Maciel. Por causa dessa desavença familiar, o busto foi colocado de costas para a Matriz (território dos Borges) e voltado para o sul, o “futuro” da cidade e onde se localiza a Escola Normal e a Igreja Presbiteriana. Já o busto do Monsenhor Fleury foi postado em 30/12/2004) de costas para o de Olegário Maciel, a mirar a sua Igreja, o território dos Borges e o lado norte, onde nasceu a cidade e onde se localizam os colégios católicos: Nossa Senhora das Graças e Marista².

* 1: Na verdade, Olegário Dias Maciel nasceu em Bom Despacho e veio para a então Santo Antônio dos Patos com os pais, Antônio Dias Maciel e Flaviana, quando tinha somente três anos de idade, e aqui tornou-se um autêntico patense. O resto a História conta.

* 2: Leia “Borges x Maciel”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte: Patos de Minas: Capital do Milho, de Oliveira Mello.

* Fotos (23/07/2013): Eitel Teixeira Dannemann.

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