PIOMETRA CANINA

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PIOMETRAA Piometra caracteriza-se por uma infecção uterina com acúmulo de pus. Trata-se de uma desordem mediada por hormônios, que pode ocorrer em qualquer estágio do ciclo estral (sexual), porém acontece mais frequentemente no diestro (período de repouso entre dois cios). Considerando-se as enfermidades que afetam o trato reprodutivo da cadela, a Piometra é uma das condições patológicas mais severas, sendo responsável por um índice elevado de mortalidade quando não diagnosticada precocemente. Acomete geralmente animais de meia-idade ou idosas, podendo também ocorrer em fêmeas jovens que utilizarem tratamentos hormonais prévios ou que apresentarem distúrbios hormonais.

Sob a influência hormonal, a cérvix se abre, o que permite a migração de bactérias comuns da vagina para o útero. Os produtos da secreção das glândulas uterinas, inicialmente estéreis, contêm nutrientes e pH favoráveis ao crescimento bacteriano, e com a diminuição da resposta inflamatória, o processo de Piometra se instala. A bactéria Escherichia coli, uma constituinte comum da flora vaginal normal, é isolada com maior frequência no útero de fêmeas caninas com Piometra (57% a 96% das amostras de úteros). Entretanto, outras bactérias como Staphilococcus schleiferi, Staphilococcus epidermidis, Streptococcus sp, Streptococcus canis, Klebsiella pneumoniae, Morganella morganii e Pseudomonas aeruginosa têm sido isoladas do útero de animais infectados. A cultura da resultante de cadelas com Piometra geralmente demonstra o crescimento de uma única espécie, porém podem ocorrer infecções mistas.

Alguns autores afirmam que geralmente os sinais clínicos se iniciam depois de oito semanas do último cio. Outros mencionam que essa patologia ocorre entre algumas semanas e três meses após o cio. Os sinais e sintomas clínicos que podem ser encontrados nas fêmeas afetadas são letargia, falta de apetite, depressão, poliúria (eliminação de grande volume de urina), polidipsia (sede excessiva), vômito, diarreia, perda de peso, presença de corrimento vulvar e desidratação. As mucosas se apresentam pálidas e anêmicas e a vulva pode estar edemaciada e hipertrofiada. A temperatura retal pode estar elevada ou normal. Se a doença não for tratada, pode ocorrer toxemia ou septicemia, e assim sintomas de choque e iminência de óbito.

Em casos de Piometra aberta, um sinal óbvio a ser observado é a descarga vaginal, que pode ser sanguinolenta a mucopurulenta. Na Piometra fechada, a fêmea frequentemente está com a saúde muito comprometida quando se dá o diagnóstico se comparada à fêmea com Piometra aberta, devido a dificuldade da identificação do problema. Na palpação pode-se perceber a distensão abdominal e útero aumentado de tamanho. Na Piometra fechada estes achados são mais facilmente perceptíveis, uma vez que a drenagem do conteúdo uterino fica prejudicada. Porém, a palpação pode se tornar difícil em animais obesos, tensos e com dor, devendo ser feita com cautela, pois o útero distendido pode apresentar parede frágil, e assim, ocorrer ruptura. O diagnóstico é concluído relacionando o histórico clínico do paciente com o exame físico e exames complementares. O tratamento deve ser feito imediatamente, após a detecção da patologia, uma vez que mesmo não estando presentes, a endotoxemia e a septicemia podem aparecer a qualquer momento.

Do ponto de vista da saúde do paciente, o prognóstico é bom quando diagnosticada precocemente, tanto para Piometra fechada como aberta. Já do ponto de vista comercial é ruim, pois uma vez acometida o paciente terá complicações ao longo da vida de ordem reprodutiva. Em casos de animais que se encontram em endotoxemia (presença de toxinas no sangue), ocorrem alterações metabólicas e renais severas que podem colocar em risco a vida do paciente. O tratamento está intimamente relacionado ao tipo de Piometra (aberta ou fechada) e objetivos dos proprietários em relação a seus animais, sendo a cirurgia a opção mais adequada. O método mais seguro de prevenir a Piometra é através da castração eletiva, principalmente no animal jovem, pois assim o útero ainda não foi exposto à ação hormonal, e a remoção de ovários e útero evitará exposição futura. Também não se deve utilizar medicação hormonal (anticoncepcionais).

* Fonte: Piometra Canina (2009), de Efrayn Elizeu Pereira da Silva, Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Botucatu-SP, para obtenção do grau de médico veterinário.

* Foto: Adestramento-rio.com.br.

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