CORONAVIROSE CANINA

Postado por e arquivado em ANIMAIS DE COMPANHIA, CÃES, DOENÇAS.

Os coronavirus são classificados na ordem Nidovirales, família Coronaviridae; pertencem ao gênero Alphacoronavirus e a espécie Alphacoronavirus-1, juntamente com o coronavirus felino (FCoV) e o vírus da gastroenterite transmissível suína (TGEV), uma vez que tais agentes possuem mais 96% de similaridade genética. Os principais sinais clínicos associados à infecção gastrointestinal dos animais acometidos pelo vírus (CCoV) incluem febre, letargia, anorexia, vômito e diarreia, durando de uma a duas semanas. Observa-se uma variação de cor amarelo a esverdeado na diarreia, que em algumas vezes também pode ser hemorrágica. O óbito pode ocorrer de 2 a 3 dias após o início dos sintomas.

A infecção é restrita ao trato gastrointestinal e ocorre principalmente em canis e abrigos para cães, uma vez que por se tratar de um vírus altamente contagioso se difunde rapidamente pela população canina. A principal via de infecção é oral, sendo as fezes e objetos contaminados as principais fontes de infecção. O CCoV é eliminado nas fezes por até 2 semanas pós-infecção, prolongando-se por até 180 dias em alguns casos. Cães saudáveis podem excretar o vírus nas fezes por longos períodos.

O CCoV é classificado em dois genótipos: CCoV tipo 1 (CCoV-I) e o CCoV tipo 2 (CCoV-II). Enquanto os animais infectados por CCoV-I manifestam sinais clínicos leves a moderados, a infecção por CCoV-II é caracterizada por sintomas e lesões mais graves, independentemente da co-infecção por outros agentes. Foram relatadas também severas lesões no fígado, baço, pulmões e rins.

A detecção do vírus nas fezes ou intestino é a forma mais utilizada para o diagnóstico, diferenciando-a de outros agentes causadores de enterite. Com relação ao controle e profilaxia, o primordial é que se evite o contato de cães soronegativos com animais infectados. Condições de estresse ocasionadas por superpopulação, desmame precoce e infecções concomitantes por outros agentes, causam imunossupressão e favorecem o desenvolvimento de enterite nos animais infectados. Por se tratar de um vírus envelopado, no ambiente é facilmente inativado por calor e solventes lipídicos. Em temperaturas baixas pode manter-se viável por longos períodos.

O tratamento baseia-se na restituição do equilíbrio hidroeletrolítico e controle das infecções secundárias. As vacinas atenuadas foram testadas com bons resultados e cães vacinados por via oral apresentaram títulos mais altos de IgA dos que os vacinados por via intramuscular, além de não excretarem o vírus nas fezes como foi observado nos animais que receberam a vacina por via intramuscular. É sabido que as vacinas disponíveis no mercado não apresentam os subtipos em sua formulação e alguns trabalhos mostram que subtipos de CCoV-II tem uma limitada reação cruzada com o genótipo CCoV-I presente nas vacinas comerciais disponíveis atualmente, comprometendo a eficiência vacinal.

* Fonte: Coronavírus Canino (CCoV): Isolamento e Detecção Molecular em Amostras Clínicas, de Flávia Volpato Vieira. Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina Veterinária – Unesp, Campus de Araçatuba, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Ciência Animal (Medicina Veterinária Preventiva e Produção Animal). Orientadora: Prof. Adjunto Tereza Cristina Cardoso da Silva.

* Foto: Publico.pt.

Compartilhe