Talvez por não ter nada para fazer. Ou talvez por ter demais.
Até mesmo porque hoje é sábado. Vontade de ir para fora.
Sinto vontade de sumir nos caminhos da primeira distância que me aparecer diante dos olhos cansados de não causar descanso.
Vontade de ver o mar e tocá-lo com as mãos e apertá-lo, sentir a temperatura e o gosto da água.
Vontade de fazer marcas e poemas na areia como se fosse um Anchieta versão-69 em um de seus transportes de suprema inspiração.
Vontade de chutar os escombros que a água traz.
Vontade de paisagens e janelas abertas.
De ser tempo e ser passageiro como a brisa que balança os pensamentos e os cabelos.
Talvez apenas por ser hoje um sábado. Ou talvez por nada.
Vontade de fugir das coisas da cidade, das conversas mudas, do barulho de futebol e das entradas de cinema.
AH!!! Vontade de ser artista. Sem alegrias estranhas, sem tristezas infinitas e fazer com que todas as coisas sejam simples e espontâneas. Coisas que nascem, vivem e morrem sem medos, sem revoltas e frustrações. Coisas que não pensam se serão ou não, apenas simplesmente deixam se sentir que são.
Quem sabe, sentar em uma varanda qualquer em companhia de uma amada
E falar de coisas da gente, sem telefones ou jornais para atrapalhar.
Correr nos jardins e fazer as nossas esperas prediletas.
Enfim, estas são considerações e vontades para um sábado e tanto ou como tantos. Coisas e vontades pessoais, pelas quais não peço desculpas. Jamais.
NOTA: Texto publicado na edição de 29 de junho de 1969 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Jeffwendell.wordpress.com.