O que devemos a nossas filhas?
Eis o que um jornal americano responde:
Dae-lhes uma instrucção elementar. Ensinae-as a preparar alimentos substanciosos, a lavar, engommar, remendar meias e a fazer sua própria roupa.
Ensinae-as a fazer pão e explicae-lhes que uma bôa cozinheira tira muito dinheiro á botica. Fazei-as bem entender que um mil réis é um mil réis, e que só sabe economizar quem gasta menos do que ganha.
Mostrae-lhes que um vestido de chita, que se pagou, assenta melhor do que um de seda fiado.
Informae-as que o rosto são e cheio vale mais do que cincoentas bellezas lânguidas e cançadas de bailes e theatros.
Deixae-as fazer suas compras e averiguar se o debito corresponde ao credito.
Educae-as independentes, briosas, activas e verdadeiras. Convencei-as no tempo proprio, de que é melhor um operário honrado, sem fortuna e com sua roupa de burel, do que o elegante e nobre caloteiro. Fazeio-as trabalhar no quintal e conhecer os segredos da natureza.
* Fonte: Texto publicado com o título “O Que Devemos as Nossas Filhas?” na edição de 11 de junho de 1911 do jornal O Commercio, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Blogdamulhernecessaria.blogspot.com.br, meramente ilustrativa.