PAPAGAIO

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PAPAGAIO 1Os papagaios são as aves de estimação preferidas no Brasil por serem animais considerados dóceis, dotados de uma “personalidade” única e, principalmente, pelo fato de serem capazes de “falar” com os seus donos. A fala, no entanto, é apenas uma habilidade de imitar os sons mais comuns ao seu redor, não sendo relacionada com nenhuma capacidade de formulação de pensamento lógico ou de compreensão do que está sendo repetido. Estes animais podem ser treinados desde filhotes para repetir palavras, frases e até mesmo cantar. Possuem voz forte e são capazes de imitar a voz humana, sons de outras aves e animais de estimação e, até mesmo, som de objetos. Esta habilidade depende da capacidade individual de cada ave, sendo que alguns animais, mesmo após anos de treinos, não se mostram capazes de imitar tão bem, o que geralmente acarreta desprezo por parte dos donos levando quase sempre ao abandono ou sacrifício do animal.

O papagaio brasileiro considerado o melhor “falador” é o papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), que é também o mais comum nas residências brasileiras, adotado como animal de estimação. No mundo existem 28 espécies de papagaios (pertencentes ao gênero Amazona) dos quais 12 ocorrem no Brasil. Em certas regiões, algumas aves pertencentes a outros gêneros são conhecidos popularmente como papagaios, mas eles não são papagaios verdadeiros. Um exemplo é o papagaio-do-congo (Psittacus erithacus), com plumagem predominantemente cinzenta e com cauda vermelha, que vive na África, perto de regiões equatoriais. Segundo a União Internacional para a Natureza (cuja sigla em inglês é IUCN), cinco entre as 12 espécies de papagaios que ocorrem no Brasil encontram-se classificadas na lista de espécies ameaçadas. O Chauá (Amazona rhodocorytrha) está classificado na lista como espécie “ameaçada”. Já o papagaio-de-cara-roxa (A. brasiliensis), o papagaio-de-peito-roxo (A. vinacea) e o papagaio-charão (A. pretrei) são classificados como “vulneráveis”. O papagaio-de-bochecha-azul (A. dufresniana) aparece na lista como “quase ameaçado”.

Para adquirir um papagaio de estimação primeiro você tem que estar seguro de que realmente quer tê-lo. Pensar que um papagaio pode viver por mais de 40 anos e que vai depender sempre de você pode ser um bom começo. Eles são animais muito sensíveis e ficam carentes quando se sentem abandonados pelos seus donos, podendo inclusive ficar deprimidos. Quem compra ou adota um animal de estimação é responsável pela sua adequada alimentação, água de boa qualidade, cuidados veterinários e sanitários, abrigo e respeito à individualidade e às características da espécie. Legalmente só se pode adquirir um papagaio – ou qualquer outro animal da fauna brasileira – de um criador comercial devidamente registrado no Ibama ((Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Deve sempre ser exigida a nota fiscal do animal, contendo nome comum e científico da espécie, número e o tipo de identificação do animal (para aves geralmente um anel colocado na perna) como maneira de assegurar a origem legal deste animal. O Ibama também fornece uma lista de criadores comerciais autorizados.

São aves muito conhecidas em todo o mundo e têm características bem definidas. A cor predominante da plumagem é verde. Outras cores (vermelho, amarelo, laranja, azul, roxo) se distribuem pelo corpo em diversas combinações dependendo de cada uma das espécies. Alguns dos nomes comuns estão diretamente relacionados com o seu padrão de cores, como por exemplo, o Papagaio-de-peito-roxo ou o Papagaio-de-bochecha-azul. Têm o corpo compacto com pescoço, asas e pernas curtas. A cauda também é curta, quando comparada a de seus parentes mais próximos – periquitos e araras. Eles medem entre 32 e 40 cm, sendo o Papagaio-da-serra o menor e o Papagaio-moleiro o maior entre as espécies. Machos e fêmeas não têm dimorfismo sexual, ou seja, não apresentam características físicas que os diferenciem nitidamente. Quando o casal está próximo é possível identificar o macho porque ele é um pouco maior e tem o bico mais largo do que a fêmea, mas quando estão em bando é praticamente impossível para saber quem é macho e quem é fêmea.

Os casais geralmente permanecem fiéis por toda a vida. A reprodução costuma ocorrer durante a primavera, época em que o alimento é abundante. Os ninhos geralmente são feitos em ocos de árvores, garantindo proteção contra predadores dos ovos e filhotes. Normalmente são chocados (principalmente pela fêmea) entre dois e quatro ovos arredondados, brancos e relativamente pequenos. O macho visita a fêmea na “câmara incubadora” (oco da árvore escolhida para fazer o ninho) para levar alimento. Os filhotes nascem com cor desbotada e, com cerca de 8 meses apresentam, a cor dos adultos. Eles ficam no ninho, sendo alimentados pelos pais, até cerca de 2 meses, quando são capazes de voar. O macho é mais ativo na alimentação dos filhotes. Devido ao comportamento cuidadoso dos adultos, que são sempre muito silenciosos e discretos ao entrar e sair da câmara incubadora, é difícil localizar os ninhos e por isso existem poucas informações sobre os hábitos reprodutivos destes animais em ambiente natural.

PAPAGAIO 2Os papagaios são excelentes imitadores, conseguindo reproduzir sons considerados complexos, como a voz humana. Porém, não funciona da mesma maneira que a humana. Eles não têm cordas vocais como os humanos. O som que eles emitem é produzido através de uma membrana chamada “siringe”, localizada entre o final da traqueia e o começo dos brônquios. Esta membrana é responsável pela emissão de sons nas aves e pode variar em complexidade entre as diversas espécies. Nos papagaios, a siringe apresenta dois pares de músculos associados que são responsáveis pela mudança de posição da membrana durante a modulação do som. Nas galinhas, por exemplo, a siringe é mais simples e não tem músculos associados. Além dos músculos a forma do bico e da língua também contribuem para aumentar a capacidade dos papagaios de imitar diversos sons, entre eles, a voz humana. É importante ressaltar que a siringe de aves canoras (que cantam) é ainda mais complexa que a dos papagaios (podendo ter entre 7 e 9 pares de músculos); porém, segundo a bióloga Elizabeth Hofling, da Universidade de São Paulo (USP), o cérebro do papagaio tem uma capacidade de aprendizado maior para imitar sons. Além dos papagaios, certas araras e gralhas também conseguem imitar a voz humana.

A alimentação muda de acordo com as regiões em que eles vivem. Podem se alimentar de frutas e sementes, flores, pequenas castanhas e folhas, brotos, insetos e larvas. O Papagaio-charão e o Papagaio-de-peito-roxo se alimentam, principalmente, das sementes das araucárias, conhecidas como pinhões. Geralmente as espécies preferem sementes que conseguem abrir com o seu bico característico “desenhado” para este fim. Eles usam uma das patas para segurar a semente e levar em direção ao bico, enquanto se equilibram com a outra pata. Como destroem as sementes para se alimentar, não são considerados bons dispersores, como outras aves.

A principal ameaça para os papagaios é a captura clandestina de filhotes nos ninhos e adultos, para o tráfico de animais. Além disto, também se coletam os ovos para a incubação. A sua capacidade de imitação, principalmente da voz humana, é o principal estímulo para que as pessoas os queiram manter em cativeiro, como animais de estimação. Para ajudar a evitar a extinção destes animais nunca compre um animal vendido ilegalmente, porque não há como saber como e onde ele foi capturado. Lembre-se que, para cada animal que chega vivo no comércio ilegal, outra centena geralmente morre por maus tratos ou falta de cuidados adequados. Associado a isto, o desmatamento acelerado dos ambientes em que as diferentes espécies ocorrem também contribui para a redução das populações.

Nos psitacídeos, como os papagaios, ocorrem alterações genéticas conhecidas como “esquizocroísmo”. Nesta variação a cor verde dos papagaios é substituída por um belo amarelo-rubro. Neste fenômeno ocorre a eliminação parcial (flavismo) ou total (luteinismo) da melanina. No flavismo a coloração verde ainda pode ser observada de acordo com a iluminação do ambiente, já no luteinismo as penas são completamente amarelas, sem reflexos esverdeados. Pode ocorrer tanto nos indivíduos que vivem em cativeiro quanto nos que vivem em ambiente natural. Além do esquizocroísmo, ainda pode ocorrer outro fenômeno conhecido como “cianismo” em que o animal fica com as penas azuladas ou cinza-pálido. Neste caso o azul e o verde é que tornam-se muito claros, porém não há alterações na pigmentação vermelha.

Alguns comportamentos: em sua maioria, são canhotos – seguram o alimento com o pé esquerdo e se equilibram com o direito; às vezes bocejam – hábito comum em mamíferos, mas raro em aves; podem usar os bicos para ajudar no deslocamento entre galhos e ramagens, como se fosse um terceiro membro; em cativeiro consideram seu dono como um companheiro, podendo inclusive lhe oferecer comida do papo – natureza isto serve para alimentar o companheiro ou o filhote; também em cativeiro reproduzem comportamentos que indicam satisfação ou raiva e são consideradas aves sensíveis, chegando a demonstrar “ciúmes” de outros animais de estimação; um papagaio “deprimido” apresenta comportamento autodestrutivo, como arrancar as penas do próprio corpo e até se ferir com o bico. Isto pode ser desencadeado por situações de estresse no cativeiro, como má alimentação, falta de atenção do seu dono, solidão, falta de passeios ou de novidades, entre outras.

Se criado em viveiro, este deve ter no mínimo 5m de comprimento x 2 m de altura x 2m de profundidade e pode acomodar vários papagaios. Para a procriação é preciso separar o casal, em uma gaiola de, no mínimo, 1m x 60 cm x 60 cm e com 1 ninho (caixa de madeira de 40 x 40 x 30 cm no lado de fora da gaiola, sem forrar). Os poleiros serão de madeira, com espessuras variadas, não passando por cima dos coxos d’água e de comida, para não sujá-los com detritos.

PAPAGAIO 3É importante diversificar a alimentação. Tudo pode ser servido cru. Frutas e verduras variadas à vontade. Grãos de aveia, milho verde, arroz integral com casca, girassol, alpiste e trigo integral. Acrescente carne ou ração canina uma vez por semana. Diariamente, pode-se dar pão amolecido com água adicionado de vitaminas e sais minerais (sob orientação veterinária). Não dar amendoim nem comida gordurosa. Para exercício, limpeza do bico e distração, pode-se fazer uma pedra tipo reboque de parede, com cal (30%) e areia (70%) ou dar tocos e gravetos de árvores (verde ou em decomposição). Se nada fornecermos, roerão os poleiros.

Formar casais e cruzá-los é uma opção interessante, facilitada agora pelo novo Criadouro Conservacionista instituído pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente). Uma vez por ano, geralmente no outono, ocorre a muda das penas. Três a quatro meses após, a ave estará pronta para o acasalamento. Nesta época separa-se um casal e coloca-se em um viveiro próprio para a procriação. Uma vez formado, o par deverá ser mantido nos próximos acasalamentos. A tentativa de aproximação de um novo casal deverá ser feita com cuidado, pois nem sempre o macho aceitará a fêmea.
Na época do acasalamento não querem ser incomodados. Por isso, é bom alimentá-los por fora (os de estimação são mais agressivos por temer menos as pessoas). A fêmea põe no máximo 4 ovos brancos. Sai do ninho duas ou três vezes por dia e se alimenta muito pouco. No período de incubação, por volta de 28 dias, o Papagaio tolera a inspeção de seu ninho, mas é temerário fazê-lo quando está nele. Nos primeiros oito dias só a mãe alimenta os filhotes com comida que ela mesmo busca e que podemos reforçar com pão com água e milho verde cru ou cozido. A seguir, pai e mãe alimentam os filhotes juntos. A mãe os aquece dia e noite até 3 semanas antes de sairem do ninho, o que costuma ocorrer entre 60 e 70 dias. Durante ainda uma semana são alimentados pelos pais e a partir do 15° dia podem ser separados ou não dos pais, os quais podem voltar ao viveiro comunitário.

É normal os papagaios gritarem com relativa frequência. No viveiro, o fazem por cerca de meia hora ao amanhecer e quando estimulados por sons como os de outras aves. É importante levar isso em conta antes de criá-los, para evitar problemas com vizinhos. Passam mais tempo andando e escalando do que voando, não necessitando de grandes espaços. Podem ser criados soltos, bastando cortar pela metade as penas voadeiras de uma asa (as mais compridas, na extremidade). Uma vez por ano é preciso repetir a operação.

* Fontes: Ciencia.hsw.uol.com.br; papagaio.htm; Petbrazil.com.

* Foto 1: Consultoriavidaselvagem.com.

* Foto 2: Ideiasedicas.com.

* Foto 3: Blogs.jovempan.uol.com.

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