TEXTO: MURILO CORRÊA DA COSTA (1980)
O assunto dominante na cidade é a telefônica e os telefones que, segundo a empresa não pertencem aos que se imaginam proprietários deles, mas a ela CTBC. Mágica? Malandragem? Sinceramente não sei porque não conheço a história completa dos fatos ligados a tais aparelhos. Há poucos anos a CTBC enviou a Patos dois advogados com a incumbência de conseguir o que estão tentando agora. A primeira investida resultou infrutífera e a segunda, a atual, veio assim como fato consumado, o que é um desaforo, sem dúvida. Não conheço nem um usuário ou assinante que tenha achado seu telefone na rua ou que tenha ganho na rifa um aparelho. Todos adquiriram seus aparelhos da primitiva empresa ou o compraram de terceiros e todos tiveram deferidos seus pedidos de transferência. Como agora vem o polvo de Uberlândia pretender laçar com seus tentáculos um objeto que foi adquirido e pago? Estou certo de que os prejudicados reagirão e não vão entregar o ouro assim sem mais nem menos. É preciso que os donos da CTBC fiquem sabendo que ela desfruta de uma unânime desconfiança e de uma soleníssima antipatia em Patos de Minas. Não há aqui ninguém que não tenha uma queixa a fazer contra os desmandos da CTBC que há muito deveria ter sido encampada e só não o foi porque contou sempre com a proteção do conhecido político que, como governador do Estado, foi o super prefeito Uberlandense Manjaram? Pois é, moçada, o negócio é topar a parada e dar um basta ao atrevimento da CTBC.
Há uma coisa em nossa cidade que começa a se tornar inviável. Refiro-me aos clubes Sociais da cidade. Caiçaras e Patos Social por motivos talvez discutíveis aumentaram violentamente os preços das anuidades tornando quase proibitiva a frequência àquelas casas de lazer e entretenimento. O Patos Social já havia resolvido cobrar mil e oitocentos pela anuidade, arrependeu-se, e passou para dois mil e quatrocentos, enquanto o Caiçaras pulou de mil e trezentos para três mil. Ora, meus caros, não tem cabimento este avanço no bolso dos sócios. O clube tem que viver dentro de suas possibilidades, isto é, dentro das possibilidades dos sócios, da maioria dos sócios e não de acordo ou balisados pelo poder aquisitivo de sua minoria que resolve tudo e coloca diante dos sócios como um purgante. O que há meus amigos? Vamos devagar porque daqui a pouco ninguém mais paga e o clube vai fechar as portas. Não adianta querer fazer obras faraônicas quando não há dinheiro para tais arroubos. Sejam mais realistas se não quiserem ver a falência de nossos clubes.
Nosso prezado amigo o cidadão Arthur Silveira disse-me que estou fazendo campanha contra as bicicletas quando deveria escrever sempre a favor. Ora, estou convencido de que quando defendo a necessidade de uma longa e bem feita campanha de educação de trânsito, e quando me declaro contra a indisciplina das bicicletas ou dos ciclistas em relação a todas as regras de trânsito, estou defendendo a vida de quem se utiliza do referido veículo porque do choque entre uma bicicleta e um veículo mais pesado a desvantagem é sempre do ciclista e quem está errado é, invariavelmente, o ciclista. As regras de trânsito são para todos incluindo os pedestres. Assim, o meu amigo Arthur comete uma injustiça quando diz que sou contra as pessoas que se utilizam de bicicletas. Aqui em casa temos três e nenhum carro, tá?
* Fonte: Texto publicado na edição de 19 de janeiro de 1980 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann.