BICICLETAS: COMO ESTÁ NÃO PODE CONTINUAR

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1TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1985)

Muitas vezes a atividade jornalística do interior, cumprida puramente por ideal, é mal interpretada ou incompreendida e não raro, tida como repetitiva e maçante e de fato, a repetição tem que ocorrer com frequência.

Há certos assuntos que são tratados uma única vez; outros, de vez em quando têm que retornar, e finalmente, há alguns que precisam e devem ser pisados e repisados, quantas vezes se fizer necessário, na esperança de que “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, até que um dia, possam ser arquivados na estante dos “assuntos resolvidos”.

Feito este preâmbulo, espero que meu prezado leitor entenda a minha posição e muito mais que isto, venha cerrar fileiras conosco para a solução do assunto ao qual estou voltando e que é realmente grave.

Aos poucos, tenho observado que os problemas do nosso trânsito vão sendo minorados: o estacionamento fora das faixas próprias delimitadas em vias como a Getúlio Vargas, José de Santana e General Osório, por exemplo, a cada dia tem diminuído, a custa de muitas multas embora muitos ainda insistem em resistir. O tráfego de caminhões na Getúlio Vargas diminuiu um pouco, mas não é raro vê-los circulando por ela ou até encontrar-se um deles, ou mesmo o “monstrengo” de uma carreta, estacionado naquela via, num berrante contraste com o ambiente de área exclusivamente residencial.

Tenho visto sempre, os guardas do trânsito exercitando sua função de orientar e de notificar os infratores, mas insisto em que o número deles é insignificante em relação ao tamanho da cidade e esta falha precisa ser corrigida.

Um outro aspecto no entanto, continua se agravando cada vez mais e hoje, já tem surgido até quem queira dizer que há uma “marcação” contra os ciclistas, com os quais aliás ninguém se preocupa, pois eles, apesar de pouquíssimos, cumprem as leis, respeitando os direitos dos outros e fazendo com que os seus sejam respeitados. E nem mesmo aos “bicicleteiros”, que existem aos milhares, não existe perseguição, mas sim, uma preocupação excessiva e constante, pelo mal que lhes pode acontecer ou que eles possam causar, pela sua total irresponsabilidade e inconsequência.

Para eles, a mão de direção é aquela que encurta a distância do ponto de destino, não importando que os outros veículos estejam indo ou vindo.

Os semáforos controlam todos os veículos, a exceção da bicicleta comandada pelo “bicicleteiro”, enquanto vários veículos aguardam o sinal verde para prosseguirem sua marcha, aqueles, em grande velocidade, “costurando” entre os que esperam, em busca do melhor espaço, passam como um torpedo e muitas vezes, ainda olham com “cara de gozação”, sem nem ao menos pensarem que ao se abrir o sinal, um daqueles veículos poderia esmagá-lo se arrancasse repentinamente.

Outros, cruzam as vias preferenciais em desabalada correria, sem tomar conhecimento das placas de parada obrigatória, “quase matando de susto” o motorista que transita pela preferencial.

Muitos, estribando-se na “lei do mais forte”, com receio dos veículos que trafegam pela pista de rolamento e que são maiores que o seu (a bicicleta), fazem a opção pelo tráfego sobre as calçadas, colocando em risco os pedestres principalmente crianças, senhoras e pessoas idosas ou provocando a ira dos menos pacientes, que não raro, acabam reagindo aos berros, tapas e empurrões.

E enquanto isto, “as águas vão rolando”. Todo mundo vê. Todo mundo sabe do perigo. Todo mundo sente que a cidade cresce em ritmo acelerado e com isto se agrava o perigo a cada dia, mas ninguém faz nada…

Sei que a solução não é fácil, mas tem que ser encontrada e já, antes que tenhamos muito o que chorar! Que me desculpem os bons amigos que tenho a honra de possuir dentre as autoridades de todos os setores, mas o que está ocorrendo, é puro comodismo, que vai gerando uma triste omissão.

* Fonte: Texto publicado com o título “Como está não pode continuar” no Editorial da edição n.º 119 de 15 de julho de 1985 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Vadebike.org.

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