OLEGÁRIO CAETANO PORTO COMENTA SOBRE A CTBC

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Qual é a área que compõe a Regional que está sob a sua direção?

Inicialmente, quero agradecer a presença de vocês aqui em nosso gabinete de trabalho. A Regional é composta dos seguintes centros telefônicos além da sede que é Patos de Minas, evidentemente: Vazante, Lagamar, Presidente Olegário, Pindaíbas, Postos de Serviços em Vila do Chumbo, Major Porto, Santana e Cruzeiro da Fortaleza; Lagoa Formosa, Carmo do Paranaíba, Rio Paranaíba, Campos Altos, Córrego Danta, Luz, Iguatama e Moema.

O serviço interurbano das referidas localidades é feito pela CTBC ou pela TELEMIG?

O serviço interurbano de Patos de Minas é feito através da TELEMIG. Os circuitos de Lagamar, Pindaíbas, Santana e Lagoa Formosa, são da CTBC, manipulados no centro interurbano da TELEMIG de Patos de Minas. Rio Paranaíba é manipulado no Carmo. Na região de Luz, a manipulação é feita em Divinópolis. Conseguimos uma rota Patos-Carmo, que possibilitou a interligação do DDD em Carmo do Paranaíba, em conexão coma TELEMIG, através de Patos de Minas; o mesmo ocorreu com Vazante.

Quantos terminais estão em funcionamento, em Patos?

O número de terminais em funcionamento hoje, é de 4.000. Temos mais 400 aparelhos instalados, através de uma central transportável automática, perfazendo um total 4.400 terminais.

Explique por favor, o que vem a ser esta central transportável.

Trata-se de uma central, que como o próprio nome indica, pode ser transportada de um lugar para outro e que pode ser colocada também dentro de um prédio, como fizemos aqui, ou em um lote vago, ou outro lugar qualquer. Ela tem o objetivo de atender situações de emergência e já vem montada e pré-testada, em condições de funcionamento imediato.
Nós lançamos um plano de expansão e comercializamos os terminais e precisávamos de colocar os novos aparelhos em funcionamento imediato, pois esta é uma das preocupações contínuas da CTBC − não deixar faltar novos telefones em sua área de atuação. Com este objetivo, a diretoria houve por bem, no ano passado, adquirir esta central, com 400 terminais. Ela aqui chegou, no dia 3 de fevereiro deste ano.
Com isto, pretendemos atender os assinantes que compraram seus terminais neste plano de expansão, cujo projeto de viabilidade foi entregue à TELEBRÁS e à TELEMIG, em 26 de março de 1980, através da correspondência 1.619, da Superintendência Técnica, em Uberlândia.

Por que esta central não entrou ainda em funcionamento?

Ocorre que esta central ainda não foi liberada. Todos os testes foram efetuados, como bem demonstra este relatório que tenho em mãos, assinado por técnicos da TELEMIG, da Ericson do Brasil e da própria CTBC, os quais deram o parecer favorável em 4 de março próximo passado.
Estamos aguardando a liberação pela TELEBRÁS, para que esta central entre em tráfego, pois aprovada ela já está. Da parte da CTBC, tudo foi feito e tão logo recebamos a liberação, colocaremos os telefones instalados em funcionamento. Não precisaremos de mais que um minuto para isto.

O plano de extensão encaminhado à TELEBRÁS, se constitui somente nesta central?

Não. Em 26/03/80, pedimos a ampliação de 4.000 para 6.000 terminais. Estes 400 ligados à central transportável, são apenas para o atendimento de emergência. Os outros 1.600, entrarão em funcionamento quando concluirmos a ampliação de nossas instalações, prevista para 30/10/83. Naquela oportunidade, inclusive, a central transportável será retirada de Patos e levada para outra localidade.

O que está sendo feito em relação a esta ampliação?

Temos trabalhado com afinco. Estamos ampliando inclusive nosso prédio; estamos construindo uma cabine de força. A obra é bastante grande, como quero inclusive lhes mostrar depois e pretendemos construir tudo no prazo previsto, ou seja outubro de 1983.

Quer dizer que no momento, a CTBC não tem mais disponibilidade de terminais para instalação imediata?

Nosso plano de expansão está em franca atividade. Os 400 terminais da central transportável já foram vendidos e inclusive, deles, 243 já estão instalados, prontos para serem ativados, dentro de um minuto, como já disse, tão logo recebamos a liberação da TELEBRÁS. Os outros 157 estão sendo instalados também, pois, igualmente, já foram comercializados.
Paralelamente às obras de ampliação, lançamos a campanha de venda de novos terminais, que serão instalados ao fim da ampliação em 1983, quando pretendemos ter 6.000 telefones instalados em Patos de Minas, para então partirmos para um novo plano de 10.000.

Qual é o preço de um terminal?

O residencial custa no momento Cr$ 87.343,00 e o não residencial Cr$ 124.774,00, à vista, mas temos planos para pagamentos em até três anos.

Então, daqui para a frente, quem adquirir um telefone novo, só terá condições de tê-lo em funcionamento, no ano que vem?

Sim. Mas volto a insistir em que continuaremos com o nosso plano de expansão, comercializando os novos terminais, até um total de 1.600.

Por que existem em Patos, trabalhando paralelamente, duas companhias telefônicas, a CTBC e a TELEMIG?

O serviço urbano é feito pela CTBC, enquanto que o interurbano é da TELEMIG.

Quando vencerá a concessão do serviço urbano para a CTBC?

Não tenho uma data muito precisa, mas me parece que a concessão vai até 1984.

O que deverá acontecer quando vencer a concessão?

É difícil de prever. Não sei qual seria a atitude a ser tomada. O fato é que nós não vamos deixar de fazer este serviço, porque a concessão está vencendo. A nossa preocupação realmente é a de prestar serviço, é a de que existam telefones em disponibilidade.
A companhia se preocupa de todas as formas possíveis, em atender aos usuários. Vejam bem, temos uma rede para o Distrito Industrial, de aproximadamente  13 quilômetros, com 100 pares, praticamente ociosa, onde temos apenas 22 telefones instalados, ao longo da BR 354, do Km zero até o Km 5 e mais a derivação até o Distrito Industrial.
Novos bairros estão sendo construídos em Patos e nós já estamos projetando a rede, objetivando atendê-los.

O que causa uma certa expectativa, é certamente este fato de estar tão próximo o vencimento da concessão e a CTBC estar fazendo investimentos tão grandes e pergunta-se: o usuário terá a responsabilidade de algum ônus financeiro ao fim da concessão, caso ela seja dada a outra firma?

Como eu já disse, tudo o que fazemos como nossas ampliações e tudo mais, é aprovado pela TELEBRÁS, com a aquiescência da TELEMIG. Evidentemente, por uma questão de bom-senso, se um projeto é aprovado pelo órgão máximo do setor das telecomunicações, vencida a concessão, não haveria nenhuma justificativa em se tomar qualquer procedimento, em prejuízo dos assinantes, que legalmente tenham adquirido seus terminais.

Existe possibilidade de instalação de telefones nos novos bairros (Novo Horizonte, Nova Floresta e outros) antes da conclusão do plano de expansão, em 1983?

Assim que for aprovado o projeto de ampliação da rede urbana, aqueles bairros serão atendidos, porque há muitos pedidos de transferência para lá, os quais não puderam ainda ser atendidos, pela inexistência da rede.

Muitas vezes, ouve-se a reclamação de pessoas que dizem que durante o período em que estiveram em viagem, quando suas casas permaneceram fechadas, foram registradas inúmeras chamadas pelo seu telefone. É possível acontecer isto?

Na verdade, de quando em vez, recebemos reclamações deste tipo, que aliás, são muito raras. O usuário está bem informado a respeito de como funciona isto, porque a cobrança que é feita dentro do próprio mês, é apenas a da mensalidade da assinatura. Os demais serviços como interurbanos, reparos em aparelhos e serviço medido, são cobrados com certo atraso. Por isso acontecem essas reclamações. Por exemplo, o usuário viaja com a família durante o mês de janeiro e ao receber a conta ele estranha as chamadas nela contidas, mas acontece que as referidas chamadas foram feitas em dezembro, ou em certos casos, até em novembro. Se ele observar a conta de fevereiro ou março, vai notar em uma delas, a ausência das chamadas referentes ao período em a casa esteve fechada, sem que o telefone fosse usado.
O serviço medido é feito eletronicamente, por uma aparelhagem de alta precisão, onde é quase impossível ocorrer algum erro.

Existe algum outro projeto para a regional de Patos de Minas?

Temos em Luz, uma ampliação concluída, de 305 terminais, que serão liberados brevemente. Aquela foi uma das localidades grandemente beneficiada pela CTBC, pois lá existia um serviço telefônico obsoleto. Estamos com ampliações previstas para Campos Altos e Iguatama. Em Vazante, onde existem no momento 200 terminais, deveremos fazer brevemente, uma ampliação de mais de 100, pelo menos. Carmo do Paranaíba é uma localidade um pouco diferente: colocamos lá um serviço totalmente novo, com 1.000 terminais, por volta de 1976 e estamos até hoje, com uma disponibilidade de 300 telefones.
Em Presidente Olegário, vamos fazer também uma ampliação e estamos para implantar o serviço telefônico no distrito de Lagoa Grande, o que deverá ocorrer talvez, dentro de uns noventa dias. Quintinos é outro distrito que será beneficiado brevemente, pelo serviço telefônico.

Reclama-se que a CTBC costuma demorar muito em atender às reclamações de defeitos. Tais reclamações são procedentes?

Quando há defeito, o assinante registra sua reclamação pelo telefone 103 e nosso objetivo é sempre de atender no mesmo dia. As transferências, temos procurado efetuá-las dentro de dois dias, mas há exceções, infelizmente.
Temos uma equipe de manutenção composta de dois elementos; temos ainda uma equipe de instalação, e outra de ampliação, que auxiliam a equipe de manutenção e todas elas estão preparadas para atender dentro de um curto período, inclusive com serviço de plantão.
Em relação à central, temos um técnico que reside junto dela, o qual presta serviços 24 horas por dia. Agora, em referência à rede, nosso plantão não pode ser feito no período noturno, porque todo serviço é executado à luz do dia, mas aos sábados, domingos e feriados, atendemos durante todo o período diurno, bastando para isto, que o usuário ligue 103.

Quais os serviços extras que a CTBC oferece a Patos?

Temos “a hora certa”, através do 130; o “serviço de despertador”, pelo 134. Está previsto para breve, o “disque-amizade”.

Você tem mais qualquer coisa a dizer?

O mais importante para nós no momento e que considero fundamental é a nossa preocupação em não deixar faltar telefone. Quanto à concessão, o dia que vencer, paciência…
Repetindo o que já disse no início, quero aproveitar para agradecer a vocês, uma vez mais, pela presença aqui em nossa casa de trabalho, dando-nos a oportunidade de prestar importantes esclarecimentos acerca do serviço telefônico em Patos de Minas e região, através desta conceituada revista.
Valho-me ainda da oportunidade, para enviar uma mensagem aos assinantes da nova central, que já tiveram seus telefones instalados, os quais não foram ainda ativados, dizendo-lhes que todas as providências já foram tomadas por parte da CTBC, junto à TELEBRÁS, objetivando a liberação e realmente mais do que eles, estamos ansiosos para que isto aconteça.

* Fonte e foto 1: Entrevista de Dirceu Deocleciano Pacheco e João Marcos Pacheco publicada com o título “Olegário Caetano Porto” e subtítulo “Gerente Regional da Companhia de Telefones do Brasil Central em Patos de Minas” na edição n.º 45 de 15 de abril de 1982 da revista A Debulha, do arquivo de Eitel Teixeira Dannemann, doação de João Marcos Pacheco.

* Foto 2: Do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam, publicada em 17/07/2015 com o título “Mesa Telefônica da Tepamisa na Década de 1960”.

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