BICICLETAS E CARTAZES

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BIKETEXTO: MURILO CORRÊA DA COSTA (1981)

Muito a contra gosto vou abordar um assunto sobre o qual já escrevi várias vezes e que, infelizmente, continua a merecer a atenção de todos. Trata-se das nossas queridas e indispensáveis bicicletas. O que estaria ou está acontecendo? Nada meus amigos, nada! Ou melhor, tudo! As bicicletas continuam trafegando sem observância de nenhuma regra de trânsito num desafio constante aos veículos mais pesados que, volta e meia, amassam um pobre ciclista que não é, necessariamente, um ciclista pobre. As calçadas não mais representam passagem segura para os pedestres porque lá também estão as bicicletas a ameaçar-lhes a integridade física. Certa vez um técnico de trânsito do DETRAN disse que as bicicletas constituem problema sem solução o que não é verdade porque nas cidades grandes os ciclistas andam direitinho de acordo com as regras porque, se não o fizerem, morrem sob as rodas dos carros e é exatamente, isto que todos queremos que não aconteça. Patos está crescendo, o número de veículos pesados é sempre maior e, logicamente, o perigo aumenta na mesma proporção. As ciclovias seriam a solução? Acredito que o mais importante e certo seria a inclusão, nos currículos escolares, de instruções sobre trânsito. Do Pré-Primário à Faculdade.

Aproveitando o embalo vamos a outro problema também considerado sem solução: os cartazes e boletins de toda ordem pregados nas paredes além do que é escrito com tinta de difícil remoção. A cidade oferece espetáculo que recomenda muito mal e deixa o visitante convencido de que, em matéria de civilidade, estamos na idade da pedra lascada. É deprimente o que se vê nas ruas centrais da cidade, além de representar um atentado ao direito de propriedade. Ora, um cidadão pinta as paredes externas de sua casa, o muro, e logo aparece um engraçadinho e cola cartazes e boletins, escreve o que quer e boa noite? Não está certo, meus caros, não está certo e é necessário que este mau costume seja erradicado para que nossa cidade ofereça um aspecto mais agradável. Agora, o problema é insolúvel? Talvez não. Que tal chamar o promotor do espetáculo anunciado às falas? É lógico que há um interessado no que está sendo anunciado e este alguém pode ser convidado a promover a limpeza ou indenizar aos prejudicados. Vai desgostar? Paciência, meu chapa, paciência. Os prejudicados com o emporcalhamento das paredes também não ficam desgostosos além de lesados em seus direitos? Não insolúvel, não. Falta coragem. Tá?

* Fonte: Texto publicado na coluna “O Periscópio” do n.º 29 da revista A Debulha de 31 de julho de 1981, do arquivo de Dácio Pereira da Fonseca.

* Foto: Euvoudebike.com.

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