A morte é uma lei inexorável, pela qual, todos passaremos, mas para quem viver no cumprimento do dever, de modo normal e humano, ela é a passagem de uma vida de provação e de lágrimas para outra, definitiva, onde Deus, segundo as Sagradas Escrituras, enxugará as lágrimas de seus eleitos (Apc. – 21,4). Neste caso, de acordo com o prefácio da missa dos fiéis defuntos, a vida não é tirada, mas transformada: (Vita mutator, non tollitur). Esta foi, nós a esperamos, a morte de um dos homens mais ilustres da história de Patos de Minas: o Dr. João Borges, ocorrida em 04 de janeiro de 1980. Seu nome, como uma estrela cadente e linda, há de cintilar sempre, no rol dos nomes mais ilustres de quantos se imortalizaram nesta bela e alvissareira cidade de Patos de Minas.
Foi ele, um homem bom, em todo o sentido deste termo, um esposo modelar e um pai extremoso, raros em nossos dias; um cristão exemplar e um cidadão dos mais exímios de quantos trabalharam pelo engrandecimento desta nossa encantada terra pindorama. Foi o Dr. João Borges um dos médicos mais famosos de sua geração; médico que procurava tratar antes o doente que a doença e que fez de sua profissão, um verdadeiro sacerdócio. Esta profissão que por si já é extenuante e meritória, não impediu que o Dr. João Borges exercesse com proficiência e brilhantismo, a vida política, podendo ser o modelo de quantos, ainda hoje, embora poucos, põem a grandeza e os interesses da Pátria acima dos seus próprios interesses e dos interesses dos seus partidos.
Investido do honroso cargo de vereador, pela livre escolha do povo patense, através da voz das urnas, e posteriormente Presidente da Câmara Municipal, o Dr. João Borges desempenhou sua missão com honradez, clarividência e perspicácia, pondo em prática o seu programa, sintetizado nestas palavras que ele proferiu na Câmara Municipal em 27 de janeiro de 1952: “… o meu programa tem sido e será um só: trabalhar com honestidade e justiça, visando a coletividade patense”. Este programa, curto na extensão, mas de alcance imensurável, pode servir de lembrete a todos os que, como ele, concorrer a qualquer cargo eletivo.
Depois de quase um século de uma vida operosa e cristã, o Dr. João Borges foi colhido pela morte, na madrugada do dia 04 de janeiro, p. passado, mas não foi uma morte imprevista; ele estava preparado…
Não foi também, uma estrela que se apagou, porque seu nome continuará a brilhar na galeria dos grandes homens de Patos de Minas, e sua alma não apareceu de mãos vazias na presença de Cristo. Quem só trabalha para uma finalidade puramente temporal, seja qual for, este sim, fracassa segundo estas palavras do Evangelho: “De que vale, ao homem, ganhar o mundo todo, se perder a sua alma?” Marc. 8,36. Só quem visa o seu fim último, Deus, é que acerta o caminho. O Dr. João Borges acertou o caminho: poucos o acertam…
Se Patos de Minas perdeu um cidadão, o céu ganhou um santo. Ele ganhou na partilha. Trocou a vida terrena pela glória da imortalidade. É uma lição para nossa pequena e longa caminhada, que nos seja possível ouvir este convite de Cristo, que certamente, o Dr. João Borges ouviu: “Euge, serve boné, in modica fidelis, intra in gaudium Domini tui”. (Eia, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, entra no gozo do teu Senhor).
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Patos de Minas está enlutada com o desaparecimento ocorrido do tradicional médico, político, fazendeiro, vereador por várias legislaturas, Dr. João Borges (93 anos). O extinto era casado com a Sra. Maria Ribeiro Borges (Da. Mariquinha) e deixa filhos, genros, noras, netos e bisnetos. Filhos: Dra. Clélia Borges de Melo, viúva do Dr. José Olímpio de Melo; Irmão Roberto Augusto Ferreira Borges; Dr. Helvécio Henrique Ferreira Borges; Dr. Paulo Roberto Ferreira Borges; Sra. Zuleica Ferreira Borges Tibúrcio, esposa do Dr. Zama Alves Tibúrcio; Dr. Fábio Helvécio Ferreira Borges, farmacêutico casado com a Sra. Terezinha Cordeiro Borges; Sra. Maria Lina Borges Marques, viúva do Sr. Modesto Marques Ferreira; Dr. João Lucas Borges, casado com Sra. Mirian Jardim Borges; Sr. Modesto R. Borges, casado com Sra. Neuza Helena Queirós Borges; Lina Maria Borges Ribeiro, casada com o Sr. Antônio Izac Ribeiro.
Teve grande repercussão nos círculos sociais e políticos de Patos de Minas a morte do Dr. João Borges. O sepultamento aconteceu às 17 horas com missa celebrada na catedral e presença numerosa de autoridades, parentes e amigos. A Associação Médica, representada pelo Presidente Dr. Carlos Martins Neto e a Câmara Municipal pelo Vereador Dercílio Ribeiro de Amorim, prestaram as homenagens de despedidas ao médico.
O Dr. João Borges dedicou toda a sua vida a um trabalho desinteressado em favor de sua terra. Patos de Minas, como uma das grandes cidades de Minas e que ele viu nascer, muito lhe deve. O “Correio de Patos” se associa com o povo desta cidade nos sentimentos de pesar endereçados à digna família do Dr. João, neste passamento, desta para a vida Eterna.
* Fontes:Texto do Ir. Abílio José de Aguiar publicado com o título “Uma estrela a menos na fulgurante constelação de Patos de Minas” na edição de 07 de fevereiro de 1980 do jornal Folha Diocesana e edições de 05 e 12 de janeiro de 1980 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Do arquivo do jornal Correio de Patos.
