TEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1988)
Há algum tempo foi introduzido na cidade um moderno sistema de trânsito, com excelente sinalização, que permitiu uma ordem quase que completa no setor, graças ainda a um constante e ativo policiamento.
Naquela época, um dos principais fatores da desordem do nosso trânsito, se não o principal, o ciclista mal acostumado, ou mal educado, ou negligente, ou irresponsável, foi alvo de uma severa fiscalização, após intensa campanha educativa, que acabou culminando com a apreensão diária de dezenas e dezenas de bicicletas, que se acumulavam aos montões no terreno destinado ao recolhimento de veículos infratores da lei.
Entretanto a fiscalização rigorosa acabou por ser relaxada, segundo fui informado, em primeiro lugar por falta de elemento humano, uma vez que o efetivo do Décimo Quinto Batalhão de Polícia Militar está muito aquém das necessidades de sua imensa jurisdição e também porque, algumas vozes se levantaram em defesa dos ciclistas infratores, como se eles fossem vítimas e assim, embora em menor intensidade, a desordem voltou a reinar, principalmente no tocante aos ciclistas, que voltaram a trafegar na contra-mão; a desrespeitar os semáforos e as placas de parada obrigatória; a correr sobre as calçadas e praças, colocando em risco iminente a integridade do pedestre.
Enquanto isto, motocicletas, automóveis, ônibus e caminhões igualmente deixaram de respeitar os locais de estacionamento proibido nas áreas mais distantes do centro comercial e principalmente estes últimos, passaram a desconhecer de um modo geral, as placas de tráfego proibido a caminhões, principalmente na Avenida Getúlio Vargas.
Naquela época, era constante a reclamação de que a situação do ciclista estava muito dificultada pela falta de espaço próprio em forma de ciclovias, as quais não poderiam ser implantadas de acordo com a técnica por razões óbvias, já que as vias públicas estavam delineadas há muitos anos, sem as referidas vias.
Finalmente agora, depois de demorados estudos, eis que a Administração Municipal resolveu, ao remarcar a sinalização horizontal da cidade, implantar a título de experiência, não as reclamadas ciclovias que continuam impraticáveis, mas as chamadas “ciclofaixas”, em algumas das ruas centrais, visando proporcionar mais segurança aos milhares e milhares de ciclistas que transitam por aí.
Nestes primeiros dias da implantação do novo esquema, tenho feito uma observação demorada, que me faz concluir que nem dez por cento dos ciclistas patenses estão usando a faixa que foi introduzida para sua segurança, preferindo a grande maioria, continuar trafegando no meio da rua, “costurando” entre os carros, ou sobre as calçadas, ameaçando os pedestres.
Nova campanha educativa por certo será realizada, para que as referidas faixas venham a ser usadas adequadamente e se tal não acontecer, e se não for possível uma severa atuação policial com a autuação dos veículos automotores e com a volta da apreensão de bicicletas, creio que tudo estará perdido, e o que foi feito não passará de mais uma bem intencionada tentativa.
* Fonte: Texto publicado com o título “Mais Uma Tentativa” no Editorial da edição n.º 185 de 31 de maio de 1988 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Euvoudebike.com.