A estação experimental do Sertãosinho é o maravilhoso presente que o Governo Federal plantou no amago de nosso municipio, em homenagem á qualidades das terras, á sua posição Geografica e consequente regime pluvial.
E’ o marco promissor da passagem do eminente Fernando Costa, então Ministro da Agricultura, pela região, e da nova fase de prosperidade agricola economica encetada pelas grandes possibilidades do municipio.
Fazer uma visita á bem aparelhada Estação Experimental, lá localizada, é procurar instantes de encantamento, e de verdadeiro orgulho do nosso solo e do valor do homem que o amaina e cultiva.
Esse grande prazer espiritual é que nos proporcionou o dr. Carlos Eugenio Thibau, ilustre diretor da Estação, no dia 10 do corrente.
Marcado para este dia o inicio da colheita do trigo de 1945, ás doze horas dirigiu-se para o Sertãosinho enorme caravana de automoveis conduzindo autoridades e pessoas gradas do municipio e do municipio vizinho de Presidente Olegario.
Descortina-se, de longe, a estancia experimental, um enorme e soberbo edificio rodeado de outros menores e das paisagens magnificas que a vegetação mui verde dos quadros cultivados proporciona, como um oasis dadivoso sorrindo no fundo das nuvens de poeira levantadas pelos carros.
Batida, no alto, pelo sol fulvo do Sertão rebrilha ao longe como um castelo encantado de fadas, onde o principe magico concentrou todos os fulgores para que nele decorressem os mais lindos dias de sua lua de mel.
A estação é mais que tudo a revelação suntuosa da grandeza de nossa terra fertilissima que produz de tudo em abundancia com rendimento superior às melhores, por unidade de plantio.
Encontramos lá a grande extensão territorial da produção do trigo não irrigado, cuja colheita se iniciou na presença de todos, com as maiores demonstrações de aplausos.
Cada qual apanhava um punhado de trigo bem granulado para mostrar na cidade que o trigo não irrigado é tão bom quanto o irrigado, de vez que a luta titanica de Moacir Viana havia desvendado o misterio com a classificação da especie 155 que aqui encontrou seu “habitat”.
Ao lado do trigo não irrigado, perdia-se o verde infindo do trigo irrigado na paralela experimentação dos técnicos.
Inegavelmente o rendimento do trigo irrigado é mais consideravel e mais positivo.
Achavam-se presentes ao inicio da colheita de 1945 o dr. Aristides Alves Pereira, digno juiz de direito da comarca; dr. Adelardo Baeta Neves, ilustre Prefeito do municipio de P. Olegario; dr. Moacir Viana de Novais, competente diretor do campo de semente da Cascata; Major Edmundo Dias Maciel e Abner Afonso de Castro; Delegados de Policia; sr. Dudù Simões, delegado de policia de P. Olegario; dr. José Marcondes, diretor da Escola Agricola desta cidade; sr. José Tomaz de Magalhães, coletor federal; srs. Cel. Osorio Dias Maciel, Ilidio Pereira da Fonseca, dr. Ernani de Morais Lemos, Antonio Morais, dr. Erasmo Dias Maciel, Moacir de Almeida Machado, Otavio Dias Maciel, Hercilio Trajano da Silva, José Alves Nascimento, varias outras pessoas, representantes de “Folha de Patos” e da ZYB4 – Radio Club de Patos.
Na presença de todos foi cortado o trigo e passado na moderna e possante maquina batedeira, voando fagulhas de espigas e saindo por outro tubo já o trigo soprado e ensacado.
Os presentes percorreram todas as instalações da magnifica sede da Estação Experimental, conhecendo tambem todas as suas dependências, admirando as inumeras variedades de feijão, arroz, milho, fumo, centeio, algodão, etc. da produção selecionada do campo, tendo de tudo a mais agradavel das impressões.
As gentilezas e atenção do dr. Carlos Thibau e demais funcionarios cativaram a todos.
Em sua residência, ofereceu o dr. Thibau aos presentes um finíssimo “lanche” predominando quitandas confeccionados com trigo do Sertãosinho.
A visita patenteou os ingentes esforços e trabalho dos dois moços dirigentes da estação, dr. Carlos Thibau que recebeu a comitica com maiores gentilezas, e dr. Otavio Magno, temporariamente ausente.
Aos dignos dirigentes, os nossos aplausos e as nossas mais cordiais felicitações.
De volta a comitiva visitou o trigo de Cascata do Campo de Sementes de Moacir Viana, afirmação estupenda do valor da técnica e das pertinacias.
Tamanha foi a impressão causada que Otavio Maciel, referindo-se à estampa de Cristo entre os trigais, e maravilhado com o que repentinamente as vistas dos presentes desvendavam, asseverou que, por certo, Cristo tambem passara pelas terras que todos palmilhavam.
Conhecedor profundo do assunto, ante a admiração de todos, Moacir afirma que as terras de Patos tinham o “record” de rendimento por hectare no mundo e que as despesas de seis mil cruzeiros, no trigal que apontava, dava o rendimento de 30 mil cruzeiros na venda, era bastante compensador e animador aos fazendeiros da região.
O nosso trigo é pois um fato e ainda há de fazer a grandeza de Patos¹.
* 1: Pena que não foi assim. Digite no espaço de buscas palavras chaves como trigo e triticultura. São muitos textos sobre o trigo patense daqueles idos tempos.
* Fonte: Texto publicado com o título “Imensos e belíssimos trigais se estendem pelos campos ubérrimos das Estações Experimentais do Sertãosinho e da Cascata” e subtítulo “Inicia-se com grande êxito a colheita de 1945 no Sertãosinho” na edição de 15 de julho de 1945 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.
* Foto: Início do texto original.
* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.