Neste lugar onde hoje estou acomodada existia uma casa antiga, simples até, que foi construída nos idos tempos do surgimento da Praça de Esportes, que hoje é o PTC. Depois de ter passado por algumas reformas ela foi consumida pelo tal tempo e desapareceu. Foi quando fui erguida, com muito pesar pra mim. Não é uma sensação agradável saber que uma semelhante foi destruída pra que eu viesse ao mundo. O meu gosto seria se eu tivesse sido erguida num campo limpo, virgem de imóveis. Infelizmente não foi assim. E nessa, fica evidente pra mim que o mesmo que aconteceu à minha antecessora vai perfeitamente acontecer comigo. E quando acontecer comigo, tenho certeza de que não vou ser ocupada por outra casa, e sim por um edifício. Só nesse meu quarteirão¹, sete casas já foram para as cucuias para ceder lugar aos edifícios. E isso vem de pouco tempo. É inexorável que toda essa avenida vai se transformar num paredão de edifícios nos dois lados. O que me preocupa deveras é que está acontecendo rápido demais da conta e em toda a extensão da via e ainda nos arredores. Muito bem, e aí? E aí que vem a agonia, pois não tenho a mínima ideia de quando vai ser a minha vez. Graças, por enquanto, minhas paredes ainda não ouviram de nenhuma das almas que aconchego nada a respeito. Serena um pouco minhas estruturas. Então, bola pra frente, não ficar pensando nisso e quando tiver que acontecer, fazer o que? Pelo menos tenho consciência de que faço parte da História de Patos de Minas e que na minha definitiva partida, deixarei saudade!
* 1: O Imóvel localiza-se na Avenida Getúlio Vargas, entre sua colega Paranaíba e a Rua Prefeito Camundinho.
* Texto e foto (24/03/2024): Eitel Teixeira Dannemann.