POEMA À FEIÇÃO TAGORE. O MISTÉRIO DA VIDA

Postado por e arquivado em ALTINO CAIXETA DE CASTRO, ARTES, LITERATURA.

Enquanto o sol escondia avaramente
Seu último ouro na urna do poente
Chorava a natureza as lagrimas da chuva,
E, a terra, morto o sol, escura e pobre
Vestia o manto da noite sem um dobre
Com toda a sua dor enorme de viúva…

De repente, subiu ao cèo a voz aguda
De um menino: na noite triste e muda
Sua canção deixou resquicios divinaes:
Seu lar ficava longe lá na aldeia
E ele aproveitando a lua cheia
Voltava cantando á casa de seus pais…

Parei um momento em meu caminho solitário:
Recitei de joêlhos trovas de meu rosário
E vi diante de mim, viuva, a terra escurecida…
Cercando-a vi lares, berços, corações maternos,
Lampadas noturnas, gemidos infantis, canticos eternos.

O misterio de Deus e o misterio da vida…

* Fonte e foto: Edição de 28 de janeiro de 1945 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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