FINAL DE 1944: QUE VENHA O GINASIO E A VIDA CONTINUA

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TEXTO: JORNAL FOLHA DE PATOS (1944)

Estes dias, que nos restam de 1944, nós os empregaremos, como anualmente se faz, em fazer votos de felicidades pelos nossos amigos no 45 proximo.

E’ um habito tão velho como a humanidade e que serve sempre para o homem alentar o coração nas horas amargas, pensando que o tempo passa e portanto passam tambem as amarguras e prazeres.

E nesse rodar continuo de curtir amarguras e gargalhar o prazer vivemos esses poucos anos que nos permite o ceu, sem, muitas vezes, nos preocuparmos de assinalar o nosso roteiro com alguma cousa que justifique a nossa existencia.

Houve alguem no passado que, procurando marcos para a existencia humana, afirmou que só se justifica a vida e se mostra gratidão a Deus quando dela nos servimos para escrever um livro, criar filhos ou plantar uma arvore. Este um modo simbolico de gravar a nossa existencia na terra porque é testemunho perene da nossa passagem por aqui.

Entretanto ao findar de uma translação da terra em volta do Sol, devemos indagar de nós mesmos o que fizemos durante esse ano que termina e fazermos proposito de no ano que vem melhorar o nosso trabalho procurando atingir maior perfeição, para assim justificarmos a nossa existencia no seio da vida.

A esse proposito convem lembrarmos aos nossos caros patenses que, durante 44, iniciamos a propaganda para a obtenção do capital para construir ao Ginasio Benedito Valadares um grande predio, em local apropriado e dotado de modernas instalações.

Ora é agora, nestes dias de troca de cartões e votos de boas-festas, que cada um habitante dessa linda cidade de Silva Guerra deve levar á comissão composta de nossos amigos Moacir Machado, Ilidio Pereira e Sebastião Brasileiro sob a presidencia de Monsenhor Fleuri Curado, a qualquer de seus membros, o seu generoso cartão de boas-festas acompanhado da sua contribuição expontanea para que um tijolo ou um ou dez milheiros de tijolos gravem o seu nome na estrada da vida nestas paragens.

Quem não se sentiu com coragem para escrever um livro contribua com uma parcela para exigir esse momento perene de amor à sua terra, que sera o novo ginasio.

Quem não tem filhos a educar corra em auxilio do amigo facilitando a educação de seus filhos.

E quem não plantou arvores, concorra generosamente para que viceje, nestas bandas de Minas, a arvore da instrução, cujos frutos dirão aos vindouros, que houve uma geração benemerita entre seus ancestrais.

E então com as nossas boas-festas a todos nossos queridos leitores lembramos-lhes que… a vida continua.

SLOW

* Fonte: Texto publicado com o título “A vida continua” na edição de 31 de dezembro de 1944 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

* Foto: Dois primeiros parágrafos do texto original.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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