Era uma vez… Deus teve muita pena das crianças pobres. Ele queria fazê-las felizes. Mas como? Coitado! Vir ao mundo era para morrer novamente. Morrer de novo! Nada adiantaria, se a morte para muitos é uma derrota, uma decepção! Teve então uma idéia: convocar pessoas para esse trabalho. Escreve milhares de convites e manda para a terra a serem distribuídos:
“Precisa-se de pessoas disponíveis que queiram distribuir felicidade. Horário de trabalho: 24 horas por dia. Exige-se que tenham muito amor e doação. Paga-se bem: salário-mínimo x 100 + vida eterna”.
Nem todos os convites são aceitos. Uns preferem realizar a vontade da família, do mundo, das exigências da época.
Em Patos de Minas, no Colégio Nossa Senhora das Graças, Deus mandou o seu convite. Fê-lo até para as crianças. Uma menina o recebeu e o aceitou.
Era ainda pequena, mesmo assim Deus, infundira no seu coração o desejo de servir. Cultivou nela o sublime ideal de fazer o bem.
O tempo passou. A menina cresceu e deu início à sua obra. Quantas vezes no silêncio da noite ela pediu ao Pai que afastasse dela aquele cálice?
Meu Deus! Mas que luta! Eu me lembro!
Aprendi admirá-la bem, no início de sua jornada.
Saía de casa em casa a pedir auxílio. Ah! Minha gente, só ela e Deus poderão avaliar a dor sofrida. Serei muito injusta citando o que teve de enfrentar…
Foi compartilhadora da dor de Cristo no Calvário e com o mesmo ardor carregava sua cruz. Eis a recompensa: “Casa das Meninas Nossa Senhora Aparecida”.
Se fôssemos analisar esta obra num plano sobrenatural, íamos ver em cada tijolo uma chaga, e na ligação desse, a massa feita de lágrima e amor.
A luta para o homem que ama é constante e ela continua a lutar. Teria de alimentar as crianças que começavam a ser felizes.
De casa em casa, nos programas de rádio, no jornal, ela ainda fazia o seu apelo.
Quantos negaram! Quantas injustiças e até mesmo falsas acusações!
O homem nunca se realiza em todos os aspectos. Na alma dessa menina crescida ainda havia muito amor. A sua capacidade de amar era infinita e para não transbordar amor inútil ela se doou aos velhinhos.
Seria dispensável falar de calvário, de trevas, tristezas e decepções, pois todos sabem que para amar é preciso sofrer. E desse sofrer e amar surge a “Vila Rosa” – proteção aos velhinhos.
Jovem, eu acho que somos felizardos de estarmos vivendo nesse tempo de ação. Viver o cristianismo é viver como Dona Edith Gomes de Deus Melo. É ter consciência de religião verdadeira e sólida. É maravilhoso viver nessa época. Deus sempre é amor e amar e doar-se! Doar-se é o ideal do homem consciente.
Jovem, nós também recebemos um convite. Onde o guardamos? Procuremos nos livros, peçamos a alguém que nos ajude a encontra-lo. Nós também precisamos dar a nossa parcela de amor em prol de um mundo mais humano.
O patense sente-se honrado pelos seus dois empreendimentos, Dona Edith!
Seu Colégio, Nossa Senhora das Graças, está feliz, porque sua ex-aluna dá o exemplo concreto à aluna de hoje, e no amanhã alguém ouvirá o convite do Pai, e seguirá o exemplo desta “mulher ideal”.
Jovem, sim ou não? A decisão é exclusivamente nossa: amar servindo e servir amando.
* Fonte e foto: Texto presente no livro “Do Nascer ao Por do Sol”, de Edith Gomes de Deus Melo, de 2002, publicado com o título “Uma Rosa… Muito Amor e Uma Vida.
* Maria Aparecida Silva: Ex-aluna do Colégio Nossa Senhora das Graças (1973), hoje irmã Maria Aparecida, Religiosa Sacramentina de Nossa Senhora.