SEXO EXPLÍCITO NA RUA JOSÉ REIS

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Numa ensolarada manhã, lá ia eu pelo passeio da Rua Major Gote, entre a sua colega Prefeito Camundinho e a Avenida Paranaíba, saboreando um picolé de limão, quando percebi do outro lado da via, num pequeno centro comercial gastronômico que já fez muito sucesso e hoje está em total abandono, um casal assanhadíssimo. Assanhadíssimo? Os dois estavam se esfregando, fato que já não é tão estranho assim há muito tempo num ambiente urbano com muitas pessoas transitando pelo local, mesmo numa pequena cidade como Patos de Minas. Nem fiz questão de estancar a minha caminhada para verificar se as esfregações do casal iriam além, apenas umas espiadelas e só.

E nessas espiadelas, constatei que os dois foram se empolgando, num fuzuê danado de esfregações e eu preferi continuar minha andança imaginando que, será, será possível que os dois, no passeio da Rua Major Gote, no Centro da Cidade, chegariam às vias de fato, isto é, iriam praticar sexo naquele local acreditando que não iam ser admoestados pelos transeuntes? De repente, uma buzina mais longa, quem sabe para delatar aquela promiscuidade, e então percebi ela se desvencilhando do parceiro, atravessar a rua e por lá ficou. Mas não ficou por muito tempo sozinha, pois ele também atravessou a rua e recomeçou a esfregação. Muitos passantes perceberam, apenas perceberam, e continuaram suas andanças, sem se importarem com aquilo, cada um preocupado com suas pertinências.

Eis que meu celular tocou. Foi nessa que desviei a atenção do casal durante o tempo da ligação, uns três a quatro minutos. Quando olhei para eles, cadê eles? Escafederam-se. Lá fui então subindo a Rua Major Gote e ao cruzar a sua colega José Reis, os vi quase em frente a entrada do Pronto Socorro do Hospital Regional numa esfregação tremenda, ela se fazendo de difícil, ele tentando de todas as formas convencê-la de que a coisa tinha de acontecer ali mesmo, pouco importando com a presença de muitas pessoas olhando para os dois.

Mais alguns minutos de esfregações e ela, finalmente, resolveu ceder. Virou as costas para ele e ele, pimba, a coisa começou, lá, bem em frente a entrada do Pronto Socorro do Hospital Regional. Muitos olharam, poucos se importaram, provavelmente já acostumados com essa pouca-vergonha na Cidade, só uma mãe que virou a cabeça de sua pequena filha para evitar que ela presenciasse aquela cena, evitando assim futuras perguntas difíceis de responder, e outro que danou a assobiar alto para que os dois parassem com aquilo.

Felizmente, a coisa não durou mais do que trinta segundos, pois a chegada de uma ambulância com a sirene no seu devido tom separou os dois dignos cães representantes da raça CASPA¹, que disparadamente evadiram em direção a Rua Cônego Getúlio e, durante muitos dias, não foram vistos pelas redondezas.

* 1: Cão Abandonado Sem Piedade Alguma.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 25/02/2020 com o título “Palacete Mariana na Década de 1960”.

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