Se tem um trem que não entendo é porque muitas casas foram construídas afastadas do passeio ficando atrás um quintal pequeno e a casa mesmo ficando pequenina. Não sabe como é isso? Olhe bem pra mim e você vai entender direitinho. E não são poucas não, tem muitas assim na cidade, pode conferir. Repare bem no meu tamanhinho e essa área aí na frente sem utilidade alguma. Será que meus construtores só tinham dinheiro para me erguer assim, o mesmo valendo para todas as outras? E quando fui erguida, só tinha mesmo eu, aí na frente era tudo aberto. Com o tempo, fui hospedando outras almas e elas me melhorando. Hoje, mesmo pequenina, até que estou ajeitadinha, né. Mas minhas estruturas não conseguem aceitar essa área na frente sem utilidade alguma. Na minha modesta opinião, tira a liberdade dos moradores. Meus atuais ocupantes, por exemplo, raramente os vejo nessa área. Pra ficarem à vontade, só lá no quintalzinho. Esquisito isso, sô. Bem, cada um com sua loucura e deixo pra lá, quero nem saber. Na verdade, não devo mesmo me preocupar com isso. Por quê? Ora, de que adianta ficar pensando nisso se mais dia ou menos dia eu não estarei mais aqui. É isso mesmo, não estarei mais aqui porque nós, casas daqui¹ e de todos os lugares, estamos sendo devoradas pelo progresso, e nesse progresso, vamos todas sucumbir para ceder lugar aos edifícios. Mas nessa altura do campeonato, já faço parte da História de Patos de Minas. E o que mais importa é que deixarei saudade!
* 1: O imóvel situa-se na Rua Duque de Caxias, entre suas colegas Patrocínio e Ouro Preto, na divisa dos Bairros Várzea e Brasil.
* Texto e foto (25/11/2023): Eitel Teixeira Dannemann.