A maior “PARADA DE FOLIAS” do Brasil! É assim que o guerreiro Patrício Filho fala dessa maravilhosa manifestação de cultura popular. E para ilustrar podemos usar a definição do crítico J. R. TINHORÃO (Jornal do Brasil) sobre cultura popular, ou seja: é aquela transmitida oralmente de geração para geração.
Isto posto podemos afirmar que a apresentação das folias nos colocam frente a frente com a história. Não a dos livros. Mas aquela que faz a interligação do homem com suas raízes. E quem esteve no Ginásio Poliesportivo, ou acompanhou pela Rádio Clube a apresentação das Folias, pode compreender e sentir essa identificação. Uma música simples, feita por pessoas simples, numa apresentação muito original, ainda não influenciada pelos padrões vigentes que ligam à ideia de ascensão social (o novo, o moderno, o universal, o quente, o genial, o bem acabado, resumindo, o “modismo”).
Muitas dessas Folias já estão formadas há muito tempo, a maioria com algumas décadas de existência. Outro fator de destaque é que a cada ano mais Folias se apresentam, principalmente de outras localidades, aumentando assim o intercâmbio cultural, visto que de região para região podem ocorrer variações acentuadas.
Uma justificativa muito comum e muito usada para explicar a apresentação em Patos de Minas, como de resto em todo o país, de espetáculos culturais de baixa qualidade, principalmente no que se refere à música popular, é culpar o povo na sua maioria (o povão), como se ele fosse o responsável por estas programações de caráter estritamente comercial.
Pois bem, DÉRCIO MARQUES, um compositor muito sério, muito talentoso, pesquisador incansável, arranjador, produtor de discos (Diana Pequeno, Elomar, Acordel, Doroth Marques, Irene Portela, Carlos Pita, etc…), se encarregou de mostrar no Poliesportivo, que ao povo interessa que o trabalho do artista se identifique com ele, e que ele (povo) possa ter contato com esse trabalho.
O que se viu foi todo o Ginásio Poliesportivo contando com Dércio Marques. Da criançada (que por sinal, é uma parcela que mais sensibiliza o compositor) aos adultos, o que se viu, foi um sorriso estampado no rosto de todo mundo, sorriso que representava a certeza de terem assistido a um grande show: dos Foliões e de Dércio Marques. Deve-se registrar o trabalho que a Rádio Clube realiza, divulgando os valores mais representativos da nossa MPB, que infelizmente não recebem esse tratamento em todos os meios de comunicação de massa. Parabéns Marquinho, J. Afonso, vocês estão no caminho certo.
Parabéns Patrício Filho por mais esta realização. Você consegue fazer um grande acontecimento cultural e uma obra social maior ainda, pois os CR$ 2.500.000,00 arrecadados são destinados ao Dispensário São Vicente de Paulo e, o aplauso pelo empenho que você teve para que mais uma vez pudéssemos ter em Patos esse que deve ser considerado um dos maiores nomes de nossa música, que é o DÉRCIO MARQUES.
Não podemos esquecer de citar aquele que foi o principal responsável pela vinda de Dércio Marques a Patos: o Carlos Alberto (XAULIM). Empresário arrojado e produtor competente, Xaulim tem participado ativamente na luta em favor da música popular e da cultura patense.
Pres. C . C. R. B.
Luiz Henrique.
NOTA: Dércio Marques faleceu em 26 de junho de 2012.
* Fonte: Texto de Luiz Henrique publicado com o título “II Encontro de Folias de Reis do Alto Paranaíba” na coluna “Sem Fronteiras”, da edição n.º 20 da revista A Debulha de 15 de março de 1981, do arquivo de Dácio Pereira da Fonseca.
* Foto: Blogdobrown.wordpress.com.
