Como diz o próprio decreto 859 de dezembro de 1986, “o imóvel destina-se à organização do Museu Olegário Maciel”, mas deverá abrigar ainda, em um de seus amplos salões, o acervo cultural do município – doado pelos artistas plásticos patenses – e ainda a Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer (SEMEC).
A Casa de Olegário Maciel pertencia – até o mês de junho do corrente ano – a Gilmar José Borges, Eduardo Custódio do Amaral Gontijo Maia, Edgardo Maia do Amaral Gontijo e José Bernardino Borges Sobrinho. Para adquiri-la, a Prefeitura Municipal desembolsou Cz$ 6 milhões, pagando a metade no ato da transação e o restante após 30 dias.
Na verdade, quando foram iniciadas as negociações para a aquisição do imóvel pela Municipalidade, os proprietários da Casa de Olegário Maciel pediram nada menos que Cz$ 12 milhões, baixando depois sua pedida. Em parecer solicitado pelo Governo Municipal, o IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico) recomendou ao Prefeito Arlindo Porto que agilizasse o processo de tombamento “uma vez que a tendência de valorização e consequente substituição dos imóveis urbanos” poderia acentuar os riscos de perda da casa onde será instalado o museu.
Para pagar a segunda parte do compromisso (Cz$ 3 milhões) a Prefeitura realizou licitação de imóveis de sua propriedade – licitação esta que foi aberta no dia 9 de junho passado, envolvendo terrenos próximos ao Terminal Rodoviário e à Cadeia Pública. Assim, os poderes constituídos no município tencionavam “preservar de forma definitiva uma edificação de comprovado significado histórico-arquitetônico local”, conforme assegurou o Governo Municipal no próprio anúncio da licitação.
Valor histórico – É mesmo inquestionável o valor histórico do imóvel onde residiu o “mais ilustre representante político do município”, como classificaria o IEPHA em seu relatório sobre o tombamento a nível municipal. Nascido em Bom Despacho, Olegário Maciel mudou-se com a família para Patos de Minas quando tinha apenas 3 anos de idade.
Como político, foi eleito deputado provincial em 1880; dirigiu o Arraial de Santo Antônio dos Patos de 1883 a 1886; participou da Constituinte mineira em 1890, como deputado estadual; dirigiu o município de Patos de 1892 a 1894, ocupando em seguida o cargo de deputado federal, se reelegendo por várias vezes até 1910.
Depois de se retirar da política, alegando motivo de saúde, voltou à vida pública em 1922, quando foi eleito vice-presidente do Estado ao lado de Raul Soares. Neste mandato ocupou por duas vezes a presidência de Minas em substituição a Raul Soares. Posteriormente foi eleito senador estadual (1926) e, mais tarde, senador federal.
Depois de toda esta maratona política, Olegário Maciel assumiu a presidência do Estado em 1930, sendo um dos principais ativistas da revolução que eclodiu em outubro do mesmo ano levando Getúlio Vargas ao poder. Olegário ainda estava na presidência de Minas quando faleceu, em setembro de 1933, aos 78 anos de idade.
* Fonte: Texto publicado com o título “Casa de Olegário Maciel – Restauração Foi Iniciada” e subtítulo “A Administração Municipal restaura imóvel que abrigará o museu, o acervo cultural e a SEMEC” na edição n.º 175 de 30 de novembro de 1987 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Iepha.mg.gov.br.