ANOREXIA COMPORTAMENTAL CANINA

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Os cães são formados com grandes reservatórios estomacais e intestinos relativamente curtos. Através da seleção natural as raças caninas grandes desenvolveram-se para ter um gosto generalizado por comida. Eles experimentam tudo e comem muito, mantendo seu reservatório o mais cheio possível; esse é um bom artifício para um cão que, quando filhote, teve de crescer rapidamente e quando adulto tem de consumir grande quantidade de caloria para manter o peso. Na sobrevivência do mais adaptado, os cães menos caprichosos em relação à comida são os vencedores mais prováveis.

Essa forma de imposição da seleção natural nunca foi aplicada a raças caninas pequenas. As raças pequenas desenvolveram-se a partir da intervenção humana, com ajuda de espécimes pequenos e excentricidades genéticas. Em vez de morrer precocemente ou de sobreviver, mas não ser capaz de competir com cães maiores por privilégios de acasalamento, esses cães pequenos desenvolveram-se sem imposição da evolução natural de comer tudo o que estivesse disponível. O resultado é que quase não se ouve falar em capricho alimentar ou anorexia em raças grandes, como pastores alemães e labradores, mas é muito comum em raças pequenas como os yorkshire terriers e os chihuahuas.

A anorexia é menos provável de ocorrer em cães de ninhadas grandes. Quando filhotes, eles aprenderam que, se não competissem, passavam fome. Esta é a razão de algumas pessoas ficarem de quatro no chão e fingirem que estão comendo a comida do cachorro, numa tentativa de convencer o cão a se alimentar.

A anorexia não é tão perigosa em cães como é em humanos, já que por trás da exigência de um cão pequeno por comidas especiais há todo um sistema gastrintestinal e um bom senso de lobo de que comida é necessário para sobreviver. Metabolicamente falando, os cães são muito bem equipados para ficar sem comida por um tempo considerável maior do que as pessoas, sem causar prejuízos aos rins ou outros órgãos. Historicamente, os inuit¹ do norte do Canadá e do Alasca alimentam os cães que puxam trenós com abundante quantidade de comida a cada quatro dias. Graças a sua anatomia gastrintestinal, todos os cães acham muito mais fácil do que as pessoas ficar vários dias sem comer, mas, quando estão realmente com fome, comem o que estiver disponível.

* 1: Os inuits (“o povo”, na língua Inuktitut) são os membros da nação indígena esquimó que habitam as regiões árticas do Canadá, do Alasca e da Groenlândia.

* Fonte: 100 Perguntas Que Seu Cão Faria ao Veterinário (se ele pudesse falar…), de Bruce Fogle.

* Foto: peritoanimal.com.br.

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