Moacir Amâncio dos Santos nasceu em 20 de janeiro de 1938, na cidade de Batatais (SP). É filho de Domingos Amâncio dos Santos e Francisca Amâncio dos Santos. No entanto, Moacir considerava Ribeirão Preto como sua cidade natal, uma vez que sua família se mudou para esta cidade quando ele tinha doze anos de idade, logo após o falecimento de seu pai, na cidade de Pontal, cidade próxima a Ribeirão Preto. Aos 19 anos de idade, perdeu a mãe, tendo sido engraxate com seu irmão caçula Pedro, próximo ao mercado de Ribeirão Preto. Ele contava que a mãe marcava a quantia que eles tinham que faturar para ajudar nas suas pequenas despesas. Depois, foi morar com a avó Carmelita, no Bairro Ponte Pequena em São Paulo, onde trabalhou no Mappin. Da sua convivência com a avó lhe veio o carinho especial que sempre nutriu pelos idosos.
Enquanto trabalhava no Mappin, se interessou em jogar futebol. Começou no Botafogo de Ribeirão Preto como juvenil, passou para o futebol da capital paulista, quando foi treinado no São Paulo pelo técnico Vicente Feola, campeão da primeira Copa Mundial de Futebol, conquistada pelo Brasil, 1958, na Suécia. Depois, jogou por equipes de São Paulo, do Paraná e de Minas Gerais, chegando ao Uberlândia Sport, ocasião em que foi convidado juntamente com seu amigo Paturé, que é de Santos, para disputar uma partida pelo Mamoré. Os dois atletas não tiveram uma boa impressão da cidade, já que no início da década de sessenta era muito pequena, mal iluminada, carente de bons hotéis, boas lojas, com vias públicas e praças mal cuidadas. Foi então que os dois se dirigiram a Ribeirão Preto, com a desculpa de buscar documentos, e Pezão, a mando do senhor Alonso os vigiou como cão de guarda, durante uma semana para garantir a volta. Após muitos e longos anos, Moacir ainda agradecia ao seu amigo Pezão por tê-lo trazido de volta.
Aqui, Moacir sempre se gabava de ter visto esta cidade crescer e se transformar numa das mais bonitas do interior do Brasil, de ter visto a Festa do Milho se transformar de modesta festa local em “Festa Nacional”, de ter visto o surgimento de praças, ruas, avenidas, bairros e de presenciar a cidade sempre ser governada por vários prefeitos competentes e honestos, de diferentes facções políticas, enfim de ver uma cidade completamente diferente daquela que encontrou no início da década de 60. E o mais importante é que Moacir sentia que havia crescido juntamente com a cidade, considerando que dera a sua humilde contribuição ao desenvolvimento comercial, esportivo e político.
Comercialmente, houve uma época em que administrava seis lojas, em vários quadrantes da cidade, dando emprego a jovens de diversos bairros. Entre essas lojas, distinguiram-se a “Casa de Retalhos Nossa Senhora Aparecida” e “A Cegonha”, esta última especializada em artigos para recém-nascidos, que sua família conserva até hoje.
Esportivamente, Moacir talvez tenha o trunfo de ser um caso único dentro de Patos de Minas, uma vez que foi presidente, diretor e jogador dos dois times de futebol arquirrivais de Patos de Minas: a URT e o Mamoré. Moacir sempre louvava a Deus por ter lhe dado a graça de permanecer mais de vinte partidas invicto, jogando pelo Mamoré, e de ganhar a taça do Centenário de Patos de Minas, como diretor da URT, em 1992. Além disso, juntamente com outros membros da diretoria teve participação direta na ascensão dessas duas equipes à elite da primeira divisão do futebol mineiro, na década passada, status que infelizmente durou pouco tempo.
No setor político, foi um dos fundadores do antigo MDB (atual PMDB), nos tempos de chumbo da ditadura militar, tendo sido candidato a vice-prefeito por duas vezes e a vereador por três vezes, alcançando o título de suplente quando da sua primeira candidatura. Continuou até o fim de sua vida no PMDB, partido do qual foi tesoureiro por mais de uma década. Faleceu em 25 de janeiro de 2010 como vice-presidente desta legenda.
O maior carinho do Moacir por Patos de Minas tinha como base a sua família: aqui conheceu a sua esposa Glória, professora por vocação, mãe dos seus três filhos: Eliane, Júlio César e Luciana. Seu maior orgulho foi ter sido agraciado com o título de cidadão patense em 1979. Foi também tesoureiro da Diocese de Patos de Minas, na gestão de Dom Jorge Scarso.
Moacir tinha alegrias na vida: uma delas era o encontro com seus amigos no Bar do Sacy: Tifuca, Miltinho, Thomaz, Rubinho, Edson, Antônio Almério, Tunga, Paulo Mudinho, além de Durango e Pezão que se foram antes dele. Outro prazer que Moacir tinha era o de levar rosas para as recém-mamães, diariamente, nos hospitais e ver a alegria das mães pobres, que não ganhavam nenhuma flor de seus parceiros, quer seja por questões financeiras, quer seja por serem mães solteiras.
Cooperava sempre com flores para o altar de Nossa Senhora, na Prefeitura Municipal. Foi cursilhista, Ministro da Eucaristia e foi sócio-fundador da Associação Católica Nossa Senhora de Fátima, de São Paulo.
É verdade que Moacir nasceu em Ribeirão Preto, cidade bela e rica, apelidada de Califórnia brasileira. É certo também que não trocaria Patos de Minas, nem pela Califórnia brasileira, nem pela Califórnia de fato.
Moacir foi Presidente da Sociedade Recreativa Patense no período 1985/1986. Sempre foi bom, animado e persistente dançarino. Ele movimentou o clube, promoveu Carnaval e outros eventos, e, neste sentido, preparou o caminho para a atuação fulgurante da Presidente Helena Pereira de Melo, prima de quem a esposa de Moacir muito se orgulha.
NOTA: Em 19 de julho de 2012, o edil Pedro Lucas Ribeiro apresentou à Câmara o Projeto de Lei n.º 3.507 que assim determinava em seu Art. 1.º: Fica denominada de Rua Moacir Amâncio dos Santos a atual Rua C, localizada entre as quadras 11 e 18, setor 42, Bairro Jardim Panorâmico. Infelizmente, o Projeto foi arquivado porque a Rua “C” já tinha sido denominada no ano de 2011 (Rua Professora Esther Bonfim Maciel). Desatento, o Xará.
* Fontes: Câmara Municipal e livro Recreativa: Uma Jovem Acima de 80 Anos, de Dennis Lima (2018).
* Foto: Do livro Uma Jovem Acima de 80 Anos, de Dennis Lima (2018).