No dia primeiro de dezembro de 1941, reuniram-se em Assembleia Geral 60 acionistas para aprovação das contas do mandato daquele ano e eleger a nova diretoria. Nessa época os votos eram contados pelo número de cotas que cada um possuía. Ao todo, os presentes possuíam 171 votos válidos para realizar a eleição. Dr. José Olympio Borges (18 cotas) venceu para presidente com 115 votos contra 56 votos do Dr. Joseph Borges de Queiroz. Ao final da Assembleia, secretariada por João Borges de Andrade e presidida por Moacyr de Almeida Machado, os eleitos foram aplaudidos.
No entanto, no dia seguinte, José Ventura Malheiro questiona o fato de João Borges de Andrade, eleito para a Comissão de Contas em sendo sobrinho do tesoureiro eleito Eunápio Corrêa Borges não poderia ser elegível, pedindo que assumisse o segundo mais votado, Aristeu Borges. Colocado em votação, Malheiro perdeu. Muito se discutiu, José Olympio Borges renunciou sem ter assumido, e no dia 6 de dezembro nova eleição foi realizada, com a vitória de José Olympio de Melo (5 cotas) com 142 dos 187 votos válidos.
Um dos fundadores da Sociedade Recreativa Patense, Dr. José Olympio de Melo foi o primeiro presidente a assumir logo após a inauguração da sede própria. A diretoria composta nesta ocasião: José Olympio de Melo, Presidente; Moacyr de Almeida Machado, Vice-Presidente; Deiró Eunápio Borges Júnior, Primeiro Secretário; Arlindo Belucco, Segundo Secretário; Eunápio Corrêa Borges, Tesoureiro; Hugo José de Souza, Júlio Bruno e João Borges de Andrade, Comissão de Contas; Berthier Borges, Sebastião de Castro Amorim e Antônio da Silva Caixeta, Suplentes.
Dr. José Olympio nasceu em 2 de outubro de 1905, filho de Olympio Pereira de Melo e de Amélia Caixeta de Melo. Primogênito da família, teve mais nove irmãos e irmãs: Sebastião, Maria Olímpia (Santinha), Amélia (Duca), Maria de Melo (Mariinha), Geralda, Sidônia, Zilda, Dália e Berenice.
Foi batizado e fez sua primeira comunhão na antiga matriz de Patos de Minas, sendo afilhado de Cônego Getúlio. Estudou no Grupo Escolar Marcolino de Barros e foi um aluno dedicado que gostava de boas leituras e teve em seu padrinho um orientador.
Médico formado em 1932 pela Faculdade de Medicina da Praia Vermelha no Rio de Janeiro, após haver estudado no Colégio Santo Antônio em São João Del Rey e no Caraça, Minas Gerais. Especializou-se em Pediatria. Trabalhou muitos anos no Hospital Regional. Exerceu sua profissão de médico de forma caridosa e atendia a todos indistintamente, sendo por isso mesmo, uma pessoa muito bem quista pela população de Patos de Minas.
Conheceu Clélia Maria Ferreira Borges, filha de Dr. João Borges e Maria Ferreira Borges de Melo, nascida em Carmo do Paranaíba que estudou no Colégio Coração de Jesus em Belo Horizonte e que terminou seus estudos em São João Del Rey. Os dois se casaram em 21 de setembro de 1938, e tiveram os filhos José Adauto, Maria Amélia e Maria Augusta. São quatro netos na família: Mariel, Dautinho, Cristina e Sérgio, todos associados à SRP. Mais ainda, 3 bisnetos: Hugo, Giovanna e Diego.
Na posse de sua Diretoria, ele fez um discurso conciliatório para serenar os ânimos que haviam se acirrado ao final da gestão anterior. Sua eleição, portanto, teve a missão inicial de pôr um ponto final nas desavenças entre os correligionários. Ao término de seu primeiro mandato, foi muito elogiado e aplaudido, sendo Joãozinho Andrade eleito para o mandato de 1943. Em novembro de 1943 é eleito novamente, desta vez com 119 votos dos 129 votos válidos, para o mandato de 1944.
Dr. José Olympio de Melo foi uma personalidade importante para a sociedade de Patos de Minas e era conhecido como Médico dos Pobres. “Atendia as pessoas necessitadas sem cobrar, doando consultas e medicamentos. Chegava à casa dos pacientes carregado de vitaminas e remédios. Era imenso o seu carinho para com os pobres e necessitados. Era dono de uma visão humanitária, sempre exerceu a filantropia” (Texto extraído do livro I Confraternização da Família Melo − Dezembro/2002 − edição restrita).
Foi fundador e presidente em Patos de Minas do Partido Social Democrático − PSD, candidato a vice-prefeito em 1950 e se candidatou a prefeito da cidade em 1966. Não sendo eleito, recebeu manifestações de admiração e apoio de importantes formadores de opinião na cidade, que destacaram sua capacidade de agir a favor do bem comum.
Padre Almir Neves de Medeiros, então vigário da cidade elaborou uma carta em homenagem ao Dr. José Olympio de Melo enaltecendo suas qualidades como cidadão e também de agradecimento pela participação no pleito da cidade.
Faleceu em 22 de maio de 1975 antes de completar seus 70 anos. Sem nome estará para sempre gravado na história da Recreativa.
* Fonte e foto: Recreativa: Uma Jovem Acima de 80 Anos, de Dennis Lima (2018).
