WALDEMAR DA ROCHA FILHO − 19.º PRESIDENTE DA RECREATIVA

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Dr. Waldemar é uma simpatia de pessoa, de fala tranquila e comedida, vai tecendo seus comentários com gentileza e mesmo quando se trata de assuntos mais difíceis, o faz com serenidade em relação aos temas. Sua longa experiência de vida pública e na convivência com a sociedade patense, com certeza, formou uma personalidade lapidada em boas maneiras, elegância e cuidado ao conduzir sua interlocução. Culto e preparado, não tem ar professoral. Ao contrário, ele ouve bastante seu interlocutor e sabe o momento e a forma de intervir, até na discordância. Conversar com o Dr. Waldemar é uma forma agradável de aprendizado.

Foi o quarto presidente da Recreativa a ser eleito Prefeito de Patos de Minas. Advogado e empresário bem sucedido tem muitas histórias de vida a compartilhar. Foi convidado para ser o Vice-Presidente por Joãozinho Andrade para compor a chapa, cujo presidente era Olímpio Ferreira Leite. Era o primeiro ano em que ele vivia na Cidade após a conclusão dos estudos. Olímpio renunciou ao cargo e Waldemar assumiu a presidência, cumprindo o mandato até dezembro. Concorreu e foi eleito para a gestão do ano seguinte, 1971, também a convite de Joãozinho Andrade. Waldemar foi sempre muito amigo da família de Joãozinho Andrade. Ele diz que, naquela época, quem comandava realmente os destinos da Recreativa era seu amigo Joãozinho Andrade, talvez pelo número expressivo de cotas que ele possuía. Ele e Júlio Bruno eram os que tinham maior número de cotas e praticamente comandavam os destinos do Clube.

Waldemar acredita que os presidentes que se tornaram prefeitos, o fizeram por serem do grupo de amigos e familiares da Recreativa. Eles pertenciam ao mesmo grupo que se reunia na Recreativa para trocar ideias e articular os acontecimentos da política da cidade. Ele afirma que a Recreativa tem um papel importante na historia da cidade, mesmo porque dos cento e vinte e seis anos de emancipação de Patos de Minas¹, em 2018, a Sociedade Recreativa participou de 83 de existência. Com certeza, muitas decisões políticas da cidade foram tomadas dentro das dependências do Clube.

Waldemar recorda que o presidente da gestão anterior, Antônio Felisberto Borges a quem tece fartos elogios, tinha feito um projeto excelente e bonito para a nova Recreativa². Quando assumiu, Waldemar constatou que o recurso financeiro para construir o projeto dependeria do sucesso na venda de cotas, e que as perspectivas não eram animadoras, uma vez que muitos dos potenciais compradores já eram cotistas do clube. A construção seria feita onde está localizado o Banco Itaú, hoje, e após várias reuniões da Diretoria, com a participação intensa de Joãozinho Andrade, chegou-se à conclusão que o melhor seria adiar a realização do projeto, deixando-o para um momento de maior possibilidade financeira. Daí surgiu uma questão: e quem já comprou a cota do novo clube? Como regularizar a situação? Foi decidido que os que haviam adquirido as cotas seriam incorporados ao quadro já existente de cotistas. Passaram, então, a serem sócios proprietários como os demais, mesmo porque compraram e pagaram pelas novas cotas. O importante foi que o imóvel foi mantido para o futuro do clube.

Na época em que foi presidente, afirma Dr. Waldemar, a movimentação social era muito intensa, sobretudo no período de férias. “A festa ali era o xodó de Patos”, diz ele. No período de férias, havia hora dançante às quintas-feiras e baile aos sábados, revezando com o Patos Social Clube que tinha suas atividades sociais aos domingos. Homens de terno e gravata. Mulheres sempre elegantes e bem vestidas. Fora das férias, o movimento era apenas no dia de sábado. Os bailes começavam cedo, por volta das 8: 30 da noite. As pessoas participavam do vai-e-vem e depois subiam para o baile da Recreativa. O show humorístico de Chico Bruno, juntamente com Raimundo Corrêa e o Tomaz Vaz Borges, dentre outros, fazia parte do calendário de eventos no período das férias. O careteiro e sambista Chico cantava muito bem. Era perfeito na imitação do cantor Miltinho. O sucesso era total.

O costume do vai-e-vem deveria ser um capítulo à parte na história da cidade. Os homens ficavam no meio da Major Gote, fazendo duas fileiras, uma central e outra lateral e as moças passavam no meio. As mulheres transitavam subindo e descendo a rua (daí o nome vai-e-vem) e os homens ficavam parados flertando com as moças. Muitos casais aqui de Patos de Minas começaram ali o seu namoro.

Dr. Waldemar tem um pensamento muito bem fundamentado sobre a história da Recreativa, de como ela se passou e como ela hoje se apresenta. Ele menciona claramente o dinamismo da atual direção que voltou a posicionar o clube no patamar que sempre ocupou na vida social de Patos de Minas. Reconhece abertamente o valor do trabalho de Helena Pereira de Melo e chega a dizer que, sem desmerecer o trabalho de outros presidentes, na sua opinião, Helena foi e tem sido a melhor presidente de todos os tempos.

Esse gesto de carinho é muito importante vindo de quem conhece boa parte da história de Patos de Minas, especialmente da Recreativa. Afinal, trata-se também de quem foi protagonista de importantes entidades tais como Rotary Clube, Associação Comercial e Fundação Educacional − FEPAM (Conselheiro Titular por 42 anos), além da Prefeitura Municipal. Em 12/06/2018, foi agraciado com a Comenda de Antônio Secundino de São José³, como Presidente do Conselho de Administração da DITRASA

Dr. Waldemar nasceu em Patos de Minas em 1944, estudou o segundo grau em Uberaba e se formou em Advocacia pela UFMG. Escrevia para a Folha Diocesana e Jornal dos Municípios. Na capital, foi fundador e presidente por 4 anos da ASPA − Associação de Patenses em Belo Horizonte, com intensa atividade social, cultural e esportiva. Participou ativamente da movimentação estudantil universitária no período mais agudo da chamada “Ditadura Militar”. Filho de Waldemar da Rocha Filgueira (conhecido como Chico Filgueira), que foi vereador e comerciante a vida toda. É pai de três filhos: Henrique, Liliane e Luciana e avô de sete netos.

Embora a indicação para entrar para a Recreativa tenha sido feita por Joãozinho Andrade, foi o incentivo de Pedro Pereira dos Santos que promoveu a vinda do Dr. Waldemar para o Clube. Na época ele já era noivo de sua filha Marli e já tinha um grande convívio com o time do PSD, que era a família da Recreativa.

Dr. Waldemar se refere à Recreativa com muito carinho sobre os tempos e eventos memoráveis que lá aconteceram e pela importância das pessoas que por lá passaram e por lá continuam e pelo papel político que desempenhou na história de Patos de Minas. Da mesma forma, a Recreativa tem um espaço especial para a presença ilustre do Dr. Waldemar da Rocha Filho, um dos seus presidentes que muito contribuiu para a construção de sua história.

* 1: Waldemar cometeu um equívoco. O arraial de Santo Antônio dos Patos foi emancipado na condição de Vila em 1868 com o simples nome de Patos. Portanto, baseando-se no ano de 2018, há 150 anos. No ano de 1892, já com 24 anos de emancipação, Patos foi elevada à categoria de Cidade, continuando com o mesmo nome.

* 2: Leia “A Nova Recreativa Que Não Vingou”.

* 3: Leia “Antônio Secundino de São José”, “Antônio Secundino Visita Patos em 1938 e Fala de Nossos Cereais”.

* Fonte e foto (2017): Livro Recreativa: Uma Jovem Acima de 80 Anos (2018), de Dennis Lima.

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