A união de dois adversários políticos tradicionais – até então inconcebível – foi a grande surpresa e o acontecimento de maior importância na sucessão do prefeito Sebastião Silvério de Faria, em 1972. O deputado Sebastião Alves do Nascimento, “Binga”, e o ex-prefeito Pedro Pereira dos Santos, ambos da Arena, fizeram um acordo e elegeram Waldemar Rocha Filho (prefeito) e Antônio Cirino Sobrinho (vice).
Dois anos antes Ataídes de Deus Vieira obtivera o apoio de Pedro Santos, num acordo para eleger Sebastião Silvério de Faria e derrotar Binga, que apoiava Antônio Cirino para prefeito. A aliança previa o apoio ao candidato indicado por Pedro Santos na eleição de 1972, mas Ataídes “dava sinais de que não cumpriria o acordo, pois queria ser o candidato”, rememora Waldemar Rocha.
Segundo ele, a facção da Arena comandada pelo deputado Binga estava rompida com Ataídes desde a eleição anterior e não dispunha de um nome forte para disputar a sucessão de Silvério. “De forma sábia, o Binga procurou Pedro Santos e lhe propôs um acordo político”.
Pelo acordo, o deputado apresentaria uma lista de três nomes para o grupo de Pedro escolher. Foram sugeridos os nomes de Geraldo Cunha, “Teba” (presidente da Arena); Jaime Fonseca (engenheiro chefe do DER em Patos) e Waldemar Rocha Filho (Chefe de Gabinete do Prefeito Sebastião de Faria e genro do Pedro).
Do lado dos pessedistas, Pedro Santos era o nome mais falado para disputar a sucessão de Silvério. Diante da manifestação de muitos, que queriam um candidato de “acordo” – unindo pela primeira vez pessedistas e udenistas – Pedro Santos abriu mão de sua candidatura, optando por Waldemar Rocha Filho, um advogado de 28 anos, com a carreira em franca ascensão. O vice, Antônio Cirino, foi convidado por Binga, Hildebrando de Souza e Virmondes Afonso de Castro (todos da antiga UDN).
Ataídes de Deus Vieira, que ficou de fora do acordo, passou a trabalhar seu nome junto aos convencionais da Arena, para requerer uma sublegenda e disputar a eleição. Ela precisava obter a adesão de pelo menos oito dos 31 votantes. Pedro Santos e Binga trabalhavam no caminho inverso, para impedir a candidatura de Ataídes a prefeito. E conseguiram derrotá-lo na convenção. Ataídes conseguiu apenas seis votos.
“Desde a eleição anterior, Ataídes planejava derrotar a liderança do Binga, para se fortalecer. Na verdade, ele queria o mando político de Patos”, conta um membro da antiga UDN. “A união de Pedro Santos e Binga foi uma forma de evitar que Ataídes assumisse o comando da política local”, acrescenta o udenista, que participou diretamente da campanha de Waldemar Rocha Filho.
Derrotado na convenção da Arena, Ataídes comandou uma dissidência dentro do partido, movimento que incluía o líder político Arlindo Porto (avô do atual Arlindo Porto). Os dissidentes apoiaram o MDB, que estrategicamente aprovou a criação de três sublegendas: Sebastião Satiro/Paulo Amâncio, José Maria Vaz Borges/Moacir Santos e João do Rádio/Fausto José Luciano. O partido acreditava na soma dos votos de seus candidatos para derrotar a chapa única da Arena.
Segundo Waldemar Rocha, seu candidato a vice, Antônio Cirino, foi um forte aliado. “Ele tinha uma grande popularidade, pois fora vereador por dois mandatos e candidato a prefeito na eleição anterior”, explica. “Realizamos um trabalho intenso, com visitas na cidade e zona rural; nossos comícios eram precedidos de enormes carreatas; e os udenistas e pessedistas disputavam, sadiamente, qual facção teria maior participação nos eventos da campanha”, recorda Waldemar.
No dia 15 de novembro de 1972, o advogado de apenas 28 anos foi eleito prefeito com mais de 2.000 votos de frente sobre os três candidatos do MDB. O lema da campanha foi “Patos de Minas acima de tudo”, que voltaria a ser usado na eleição de 1992, pela chapa Jarbas Cambraia/Eduardo Maia. Os líderes Pedro Santos e Binga comandaram a vitória da Arena, que elegeu ainda 11 dos 15 vereadores.
Waldemar Rocha Filho relacionou cerca de 80 líderes da cidade e zona rural que apoiaram sua candidatura:
Pedro Santos, Binga, Tião Silvério, Joseph Borges, Benedito Corrêa, Geraldo Teixeira da Cunha, João Lazinho, Pacífico Soares, Mário Fonseca, Altino Queiroz, José Mendonça, Genésio Garcia, Mário Garcia, Vicente Mandu, Fábio Borges, Virmondes de Castro, Hilário André, José Anicésio, Paulina Porto, Dácio Fonseca, Hildebrando de Souza, Geraldo Martins, José Belluco, Sebastião Versiani, professor Altamir, Wulfrano Patrício, Nonó, Ivan Olivieri, Lobo, Paschoal Borges, Bigode, Olegário Porto, Tião do Jaime, Tião Gervásio, Avenor Miquelante, Olímpio Leite, José Fonseca, Badeco, Sinhozinho, Calixto Gomes, Dr. Ximenes, Octacílio Peluzo, João Pacheco, barroso, Zé Português, Zizico maia, Elvira Porto, Terezinha Fonseca, Oswaldo Amorim, José Simões, Manoel Machado, Aldo Lino, Aldo Silva, José Rocha, Pedro Maciel e Modesto Borges, na sede; José Paulo Amorim, Tunico Paula, Edmundo Moreira, Boaventura Magalhães, José Mota, Irineu Caixeta, Joaquim Nunes, Chico Faria, Geraldo Machado, Preto Silvério, José Broca, Jorge Veneroso, Antônio Goulart, Fulô, Iote, Abel Viana, Adão Maria, Mário Pereirinha, Joaquim Vida, Juvenal Pereira, José Terto, Irineu do Bonsucesso, Baixote do Pilar, Arnoldo Nascentes, Adelino Madrugada e Leonides Rocha, na zona rural.
RESULTADO DA ELEIÇÃO DE 1972
Waldemar Rocha Filho/Antônio Cirino: 10.970 votos.
José Maria Vaz Borges/Moacir Santos: 4.084 votos.
Sebastião Satiro/Paulo Amâncio: 4.072 votos.
João do Rádio/Fausto José Luciano: 584 votos.
* Fonte: Edição de agosto/setembro de 1995 da revista Phatos, do arquivo do Laboratório de História do Unipam.