DÁCIO PEREIRA DA FONSECA − 16.º PRESIDENTE DA RECREATIVA

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No dia 23 de novembro de 1965, o então presidente José Ilídio Pereira, solicitou que fosse feita a leitura da prestação de contas da gestão que terminaria no mês seguinte. O tesoureiro Walter Caixeta de Melo, pelo parecer da Comissão de Contas, apresentou o resumo do balancete com um saldo de Cr$ 534.384,00 positivos. Desse montante, 5% foram aplicados às Associações de Caridade. Para o fundo de reserva foram destinados 20%, depositados no Banco Hipotecário e Agrícola-MG. A diretoria abriu mão dos 10% a que tinha direito e do saldo restante que seria dos acionistas ficou decidido que seriam mantidos em caixa para as futuras despesas do clube.

Nesta assembleia foi eleito Dácio Pereira da Fonseca para conduzir os destinos da Recreativa em 1966 com 353 dos 359 votos válidos, cuja posse aconteceu em 08 de dezembro. A Diretoria eleita: Presidente, Dácio Pereira da Fonseca; Vice-Presidente, Jaques Ambrósio dos Santos; Primeiro Secretário, José Pereira Borges; Segundo Secretário, João Lúcio da Rocha; Tesoureiro, Gérson Gualberto de Amorim; Comissão de Contas, Joaquim Gonçalves de Carvalho Júnior, Olímpio Borges de Queiroz e Ronaldo Olinto da Rocha; Suplentes, Benedito Caixeta de Melo, Dolor Caixeta de Melo e Júlio Bruno.

Dr. Dácio foi eleito presidente da Recreativa dez anos antes de se eleger Prefeito Municipal. Em 1976 ele se saiu vitorioso nas urnas tendo como Vice Ricardo Rodrigues Marques. Ambos haviam sido da equipe de administração do então prefeito Waldemar da Rocha Filho, que também fora presidente da Recreativa em 1970 e reeleito em 1971. O convite para se candidatar a prefeito foi feito por Pedro Pereira dos Santos, que fora presidente do clube em 1959.

Admitido no quadro de associados da Recreativa em 15 de outubro de 1958, Dr. Dácio é um dos mais antigos sócios do clube. Participativo, comparece aos bailes, está sempre presente nos eventos, Primeiro Conselheiro por muitos anos do Conselho Consultivo e conhece profundamente a história da Recreativa. Acompanhado sempre de sua esposa, D. Dilza Mundim Pereira da Fonseca e de seus filhos, é sem dúvida o decano da Sociedade Recreativa Patense. Suas ideias, seu conhecimento e experiência auxiliam sobremaneira nos momentos decisivos das reuniões e assembleias. Advogado, é sempre convidado a ser o orador oficial e sua fala é ouvida e os temas que se referem são comentados por grande parte do público presente. Elegante, sempre de terno e gravata, desperta no interlocutor um respeito enorme pela pessoa que representa e por uma biografia rica e importante para a sociedade patense.

Formou-se em 1957 pela Faculdade de Direito da USP, que em 2017 completou 109 de existência. Quando retornou a Patos de Minas, ganhou uma cota de presente de seu pai, Ilídio Pereira. Afirma que o maior impacto sentido pela cidade na década de 1960 foi o término da construção de Brasília. Durante a época da construção o movimento da cidade foi enorme. Após a inauguração da capital, houve um esvaziamento com a mudança de muitas pessoas para lá e uma diminuição marcante na movimentação da cidade.

A situação financeira da Recreativa era favorável, permitindo contratar grandes orquestras para animar os eventos. É de seu tempo a Orquestra Tabajara. No baile junino de sua administração quem veio foi Adelaide Chiozzo, acordeonista e atriz famosa. Ela esteve na Recreativa duas vezes. Nesta época, como diz o Dr. Dácio, “o cidadão para entrar tinha que deixar a democracia na portaria”, referindo-se a arma que as pessoas carregavam que eram barradas pelo porteiro. Mas para a festa com “casamento na roça”, subiram as garruchas para fazer a encenação. Alguém atirou com bala de festim para cima e acabou danificando os tecidos que estavam enfeitando o salão. Os tecidos eram emprestados das lojas próximas e não puderam ser devolvidos, tendo o clube que arcar com o prejuízo. No carnaval era contratado o Antônio do Prego, que arrumava os músicos para animar a festa. Em sua época, o lança-perfume já havia sido proibido pelo Jânio Quadros em 1960.

Dr. Dácio foi o terceiro presidente da Recreativa a ser eleito para Prefeito Municipal (1977/1982). Com o lema “um governo visando as futuras gerações”, voltou seu trabalho para a educação, instalando novas escolas, reformando muitas e construindo escolas na zona rural. Investiu na juventude e na criança carente, incentivando o programa dos “Guardinhas” na cidade, buscando a formação profissional para os adolescentes. Da mesma forma priorizou a construção de casas populares, criou novos bairros, além de investir na mobilidade pública, pavimentação, construção e reforma de pontes e no saneamento básico.

Uma de suas obras mais conhecidas é o novo Terminal Rodoviário, que ampliou o desenvolvimento da cidade para mais uma região estratégica da cidade. Um dos projetos mais importantes, segundo a própria avaliação do Dr. Dácio, foi a inauguração do “Cidades Dique”, patrocinado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e pelo Banco Mundial, que proveu recursos de grande ordem para financiar obras no município. Neste período foi iniciada a repassagem de milhões de dólares, iniciando por sua gestão, com o objetivo de dotar as cidades de infraestrutura, para reter a migração da população para a capital. Foi feito um plano de completo equipamento urbano, projeto que iria ainda continuar por mais duas gestões posteriores.

Dr. Dácio exerceu, na área da educação, o cargo de Delegado Regional de Ensino, o equivalente hoje ao cargo de chefe da Superintendência de Ensino, que controla o funcionamento das escolas estaduais. Também foi diretor da Faculdade de Ciências Administrativas, que foi a segunda faculdade a chegar à cidade após a de Filosofia, Ciências e Letras e posteriormente colaborou na fundação da Faculdade de Direito. Foi membro do Conselho Curador por vários anos até ser nomeado diretor e hoje ocupa uma posição no Núcleo de Práticas Jurídicas.

Filho de Ilídio Pereira da Fonseca, Dr. Dácio tem na figura do pai o sustentáculo de sua vida de realizações. Nasceu em 26 de janeiro de 1933, casou-se com Dilza Mundim e deste matrimônio nasceram Dácio Jr., Dilton, David e Dimas (falecido). O casal adotou uma filha de coração com o nome de Sônia, já falecida. Por seu conhecimento e experiência, é não somente um conselheiro permanente da Recreativa, mas também um detentor de memórias preciosas e sabedor de inúmeros casos que fazem parte de nossa história. Se pudéssemos conceder-lhe um título honorífico, o nome dessa honraria seria: “O Acadêmico da Cidadania”, tamanha sua generosidade para com os que desfrutam de sua convivência.

* Fonte: Recreativa: Uma Jovem Acima de 80 Anos (2018), de Dennis Lima.

* Foto: Parte da foto publicada em 18/05/2018 com o título “Dácio Pereira da Fonseca & Paulo Autran”.

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