Sou uma privilegiada por ser rodeada de ensino. Logo à frente tem a Escola Professor Modesto, a UEP, a APAE e ainda a Casa de Cursilho. E logo ali na Rua Major Gote, o Colégio Marista¹. Desde que me conheço por casa minhas estruturas têm ouvido o zunzum da garotada, que às vezes até passa um pouquinho dos limites. Mas, tudo bem, juventude é assim mesmo. Agora, pelamordedeus, barulho que incomoda deveras são essas motos com escapamentos adulterados que sobem a Major Gote. Assim tem sido a minha vida há longos anos. Posso considerar que sou bem cuidada, nada de luxo, mais para a simplicidade em muitas reformas que sofri. Pena que não faz muito começou a acontecer coisas estranhas nesse meu entorno que vem descaracterizando o local. Digo isso porque por aqui só tinha casas, umas mais simples que eu e outras mais arrumadas. Aí é que muitas delas foram ao chão para surgirem essas casonas altas pra caramba que os humanos chamam de edifícios. Já estou rodeada por muitos deles, como está bem evidente. O que eu penso disso? As almas que me ocupam dizem que é um tal de progresso que ninguém segura e que, questão de não muito tempo, não restará uma única casa por aqui para contar a história. Como não posso fazer absolutamente nada para me defender, a única saída que tenho é me conformar que um dia chegará a minha vez. Ou será que, por um milagre, ou quem sabe por dó, sentindo pena de mim, os humanos resolvam me preservar? Só rindo, né! E rindo, porque não adianta tristeza alguma, vou esperando o meu momento para entrar para a História de Patos de Minas. E nessa, indubitavelmente, deixarei saudade!
* 1: Na Rua Major Gote, em frente ao Colégio Marista e ao lado de uma revendedora de carros, inicia-se a Rua Monte Carmelo. Poucos metros adiante tem uma curva de 90º à direita. E o que acontece? Simplesmente ela deixa de ser Monte Carmelo e passa a ser José Pereira da Fonseca. Bacaninha, né! O imóvel localiza-se entre essa curva e a Rua Araguari.
* Texto e foto (03/05/2022): Eitel Teixeira Dannemann.