ASPERGILOSE NASAL CANINA

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O gênero Aspergillus apresenta mais de 180 espécies, que são sapróbias (ser que decompõe matéria orgânica para própria nutrição) e oportunistas. As diferentes espécies podem ser isoladas de matéria orgânica, solo, água, detritos vegetais, ar atmosférico e são frequentemente contaminantes em laboratórios. As espécies de maior importância em Medicina Veterinária são A. fumigatus, A. terreus e A. deflectus, embora muitas outras espécies já tenham sido descritas causando doença no homem e nos animais.

Existem diversos fatores que predispõem os cães à doença, como condições climáticas inadequadas, diminuição da imunidade do hospedeiro, uso excessivo de antibióticos e predisposição genética. O uso prolongado de corticosteroides e drogas imunossupresivas, diabetes mellitus e tratamentos quimioterápicos podem aumentar a incidência. A doença é adquirida pelos cães geralmente por inalação de produtos do ambiente. Cães de qualquer idade podem manifestar a doença, sendo que 40% dos animais apresentam três anos ou menos e 80% menos de oito. Estima-se que seja uma das maiores causas de descarga nasal mucopurulenta crônica em cães, podendo representar mais de 30% dentre as doenças respiratórias registradas.

A capacidade de invasão do agente está ligada à virulência da espécie e à dose infectante. A principal porta de entrada é a via respiratória. Ocorre a formação de um aspergiloma (bola fúngica) que se organiza na cavidade nasal, mas não invade a mucosa, sendo esta forma considerada rara em cães, mas frequente em humano. A forma invasiva é a mais comum em cães e embora as lesões sejam limitadas à cavidade e aos seios paranasais, causam marcada destruição da mucosa e atingem os tecidos moles periorbitais e ossos.

É uma doença inflamatória que causa tipicamente rinites e sinusites. Os sinais clássicos são intensa descarga nasal mucopurulenta ou serosanguinolenta, ulcerações das partes externas das narinas e desconforto facial com dor. A descarga nasal pode ser uni ou bilateral, podendo ocorrer despigmentação das narinas, e mesmo osteomielite dos seios paranasais. O diagnóstico definitivo é difícil e geralmente é realizado quando a doença já progrediu demasiadamente, dificultando o sucesso do tratamento. Muitas técnicas podem ser aplicadas para o diagnóstico da doença, embora um único teste geralmente não seja o suficiente para um diagnóstico definitivo. O tratamento efetivo da doença é comprovadamente difícil. Quanto mais rápido são o diagnóstico e o início do tratamento, melhores os resultados e a resolução da doença.

Provavelmente a aspergilose canina seja pouco relatada em nosso país, devido à falta de diagnóstico, uma vez que somente a história e os sinais clínicos não possibilitam a confirmação da doença. Falhas no tratamento geralmente são decorrentes do diagnóstico tardio, da espécie de Aspergillus envolvida no processo e, ainda, de deficiências imunológicas dos animais. O advento de técnicas mais simples de tratamento, além da pesquisa de novos antifúngicos, mais eficazes e com menores efeitos colaterais, aumentarão as chances de sucesso no tratamento de animais com aspergilose.

* Fonte: Aspergilose em Cães − Revisão, de Priscila Phólio Sanches e Selene Dall’ Acqua Coutinho.

* Foto: Gamenetlanhousesba.wordpress.com.

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