TEXTO: JORNAL FOLHA DE PATOS (1943)
De quando em quando, o Cel. Osorio Maciel aparece aqui pela terra, trazendo pelo braço uma figura destacada na sociedade brasileira. A irreverencia das esquinas logo cognomina o companheiro do grande patense, como o “homem do trigo”. Com este apelido têm passado pelas ruas modestas de nossa cidade personalidades do relevo de Alvares Gouveia, Israel Pinheiro, Melo Morais, Jerolana Azzi, Gastão de Faria, Fagundes, e até o incansavel interventor Fernando Costa. Assim, a pequena cidade que se espraia, dia a dia, pela encosta ensolarada da serra, no taboleiro formoso ataviado com os ademanes de prata da agua das lagôas, vai tornando-se conhecida pelo Brasil, e fazendo de cada visitante um amigo-propagandista de suas riquezas.
O futuro da região abre-se atravez do “homem do trigo” que o Cel. Osorio conduz pela cidade, e que a vehemencia, o saber e a sinceridade de Moacir Viana leva pelos vales e morros ferteis que se sucedem pela mata da Corda, em fora.
O avião desta semana chegou, trazendo o Cel. Osorio com outro “homem do trigo”. Agora, é o nosso Diretor Gerente da Moinhos Minas Gerais.
Trata-se de uma personalidade ilustre por varios titulos. Filho de conhecida familia Mineira, o dr. Luiz Amaral, traz como cartão de visita, a recomendação do diretor da revista “Economia”, publicista, jornalista militante, autor de vários tratados sobre economia rural, organizador e primeiro Diretor do Departamento de Assistencia ao Cooperativismo, da Secretaria de Agricultura do Estado de S. Paulo, enviado do govêrno paulista à Argentina e Uruguai para estudar os problemas de organização da cerealicultura, e largo documentario de estudos realizados nos principais paiz da Europa.
A “Folha de Patos”, quiz ouvir o dr. Luiz Amaral, e foi encontrá-lo, trabalhando nos moinhos da Cia. Sadio entusiasmo, mesclado de intenso idealismo e ardente patriotismo, transparecem de suas palavras.
A “Moinhos Minas Gerais”, não foi, disse-nos, incorporada à Cia. Nacional de Trigo. Continuará com a sua personalidade juridica e inteira autonomia. Haverá, sim, é nova direção, ficando em B. Horizonte a parte meramente juridica de administração, passando Patos a ser sede, de fato, de todo o movimento da Cia., que terá tambem um escritorio de compras em S. Paulo.
A Cia. projeta plantar cereais em larga escala, adaptando processos modernos, mostrando nosso lavrador, pela pratica, o quanto pode produzir a agricultura nacional. A química será aplicada à agricultura, que será tratada em larga escala.
A Cia. criou vários departamentos, entre eles os que se destinam a controlar o comércio e a colonização, pois deseja inverter fundos na compra de cereais, bem como deseja tratar o fator homem de maneira racional e nacional. Assim, procurará fixar o colono extrangeiro nas lavouras como elemento mais adeantado, utilizando-se dele como exemplo ao lavrador local, que deve ser cuidado com carinho.
A nossa Cia. visa, emfim, resolver o problema do trigo em nosso meio, e espera fazer o moinho local funcionar todo o ano, com o fruto colhido na propria terra patense. Dispondo como dispõe, de capitais e de pessoal técnico habilitado, contando com um vasto patrimônio nesta zona, e com vontade férrea de vencer, a Moinho Minas Gerais, em sua nova fase, depois do serviço de desbravamento feito pelo Cel. Osorio Maciel, sairá vitoriosa.
O Dr. Luiz Amaral expoz detalhadamente os planos que tem em vista executar.
Patos olhará confiante a sua atenção de timoneiro, e todos estamos certos de que lançada a semente á terra, a espiga loira brotará, para orgulho nosso e grandeza de nossa pátria¹.
* 1 − Palavras chaves para buscas de outros textos referentes a esse assunto: “trigo”, “moacir viana”, “osorio maciel” e “moinhos minas gerais”.
* Fonte: Texto publicado com o título “O Homem do Trigo” na edição de 14 de março de 1943 do jornal Folha de Patos, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.
* Foto: Destaque individual da foto original publicada em 20/06/2014 com o título “Encontro de Titãs em 1930”, do arquivo de Newton Ferreira da Silva Maciel.
