COLÔNIA AGRÍCOLA ABANDONADA PELO GOVERNO

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TEXTO: JOSÉ MARIA VAZ BORGES (1962)

Angustioso problema se desenrola na Colônia Agrícola de Patos de Minas¹, onde os autênticos trabalhadores do Campo vivem ao desamparo, sem a assistência dos poderes competentes. Como se sabe, em 1949 o governo, objetivando amparar um grupo de emigrantes italianos, ofereceu polpuda verba para fundar e instalar em Patos de Minas uma Colônia. O projeto primitivo falhou fracassando, como fracassado está, o mirabolante plano. Naquela época para aqui veio o competente Engenheiro Agrônomo, Dr. José Cavalcanti de Souza, com a finalidade de orientar os trabalhos. Seu plano, muito bom, aliás, consistia em criar condições industriais na Colônia e a experiência foi feita, porém, redundou em completo fracasso. Hoje, ainda pode-se ver, enferrujando, máquinas e vasilhames que foram adquiridos para aquela finalidade.

Vê-se, assim, que a Colônia Agrícola de Patos de Minas, não cumpriu suas finalidades e, o que hoje vemos é uma rica gleba de terra manipulada por um grupinho que explora os autênticos e legítimos Colonos, ou melhor, aqueles trabalhadores que arrancam da terra o feijão, o milho, o arroz, a mandioca e as hortaliças.

Ora, podemos depreender, sem sofismas e especulações, que, o homem que ali está, trabalhando a terra, sem possuí-la, porque não tem nenhum documento comprobatório, não pode, e não tem condições de desenvolver uma agricultura moderna, mecanizada.

O problema é sério, Patos de Minas, dia a dia, por força da falta de reflorestamento, vai tornando-se um verdadeiro deserto e, ao passo que vai, tornar-se-á um município de terras sáfaras, sem o rendimento econômico desejado e necessário ao incentivo do homem que amanha a terra.

Assim expondo um problema, solicitamos providências dos poderes da Secretaria da Agricultura e do Ministério da Agricultura, no sentido de que procurem resolver os problemas que assolam não só os homens que trabalham na Colônia Agrícola mas, também, procurem colaborar no sentido de evitar o desbaratamento de nossas escassas matas, que vão sendo consumidas pelo fogo e pelo machado.

PREFERÊNCIA AOS COLONOS

Outras medidas que solicitamos para os colonos:

1 – Preferência ABSOLUTA aos atuais ocupantes e lotes, para aquisição DEFINITIVA do terreno;

2 – Ajuda financeira e técnica aos colonos;

3 – Divisão total da área em lotes;

4 – Pagamento progressivos de 10%, 15%, 20%, 25% e 30% em cada ano, para os lotes adquiridos pelos colonos;

5 – Aos colonos já existentes serão dadas garantias de referência total, assim com as benfeitorias existentes em seus lotes serão respeitadas. Estas e outras providências devem ser feitas no mais breve espaço de tempo a fim de que se resolvam os problemas que assolam os Homens que trabalham na Colônia Agrícola de Patos de Minas e que, ATÉ HOJE, não possuem um ÚNICO título autêntico de propriedade, e vivem sem a assistência necessária dos governos do Estado e União, únicos responsáveis pelo descaso da Colônia Agrícola de Patos de Minas.

* 1: Durante a gestão do governador Milton Campos (1947 – 1951), houve em nossa região um empreendimento que levaria a nossa agricultura aos píncaros da glória. A idéia era trazer imigrantes italianos para uma determinada área, de terras fecundas resultando, por conseguinte, um natural sucesso, o qual, possivelmente, seria seguido por todos os circunvizinhos e, posteriormente, para grande parte agricultável do estado de Minas Gerais. Foi desapropriada uma significativa área de terras, alcançando os municípios de Presidente Olegário e Patos de Minas, visando o aludido fim, ou seja, criar a “colônia agrícola”, depois alcunhada de “Colônia dos Italianos”. Numerosos lotes de terra foram demarcados para seus futuros ocupantes. Mas, infelizmente, o projeto não funcionou. Mais sobre o assunto em “Boa Ideia, Grande Fracasso”.

* Fonte: Texto publicado com o título “O Governo abandona os Colonos de Patos de Minas” na edição de 15 de junho de 1962 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do UNIPAM.

* Foto: Taiadaweb.com, meramente ilustrativa de abandono.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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